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O dia que todo jovem que deseja ser bem-sucedido ou uma vida estável e por livre e espontânea pressão dos pais: o primeiro dia de aula da faculdade. Expectativas? Sim. Ansiedade? Com certeza.

Olá, eu sou Lauren Jauregui e esta é minha tediosa e pacata vida. 18 anos, cara de panda, planeta dos olhos verdes e por aí vai. Sou de Miami e estou indo pra Universidade de Missouri. Bom, você deve estar se perguntando o que vou fazer da vida... Engenharia, fotografia, administração... não. Biomedina, claro.

Não foi fácil decidir o que eu cursaria pelos próximos quatro anos, mas finalmente consegui e espero ter tomado a decisão certa.

Por sorte, minha melhor amiga, Normani Kordei, quis ir para a mesma universidade que eu, então não perdemos tempo em fazer planos sobre o que faríamos quando chegássemos lá, quais lugares próximos à universidade visitaríamos...

- Tudo pronto, viada? - dei um pequeno pulo de susto por alguém ter aberto a porta sem bater e minha distração não me ajudava. Ah, falando no diabo...

- Só arrumando os últimos detalhes, piranha - guardei na mala um caderno de anotações.

Já sei que deve ter notado a estranheza de nossos apelidos, mas foi algo tão natural que nem me recordo com exatidão quando eles surgiram. A mais linda amizade é assim: não sabemos de onde vem, quando percebemos ela está lá, florescendo e precisamos cuidar para que não haja espinhos.

- Não esqueça fones de ouvido, travesseiro e maquiagem, quero chegar linda e plena, como já sou! - aproximou-se de mim e apertou minhas bochechas, arrancando-se uma careta.

- Tá bom - murmurei, fechando minha bolsa com meus últimos pertences.

Um silêncio tristonho se instalou no ambiente.

- Sentirei falta daqui - disse Normani, sentando-se em minha cama. - Da minha família, da escola, menos dos babacas, eca. Dos nossos amigos, até de passar as tardes estudando e enrolando, sem fazer nada aqui nesse seu quarto poerento, até disso sentirei falta! - nisso a menina negra já lacrimejava bastante, então eu a envolvi em um abraço apertado.

- Eu também sentirei falta daqui. De tudo, até do chato do Bradley, meu vizinho, ensaiando com a banda chata dele na garagem ao lado às onze da noite. Admito que gosto de uma ou duas músicas dele, mas isso morre aqui. - Nós rimos, e lágrimas começavam a se acumular em meus olhos. - E meu quarto não é poerento! É claro e arejado.

- Claro até demais, e você é branquela, não entendo como não vira churrasquinho com o calor de Miami - finge estar indignada.

- Nem eu sei, deve ser porque evito o sol e passo protetor solar todos os dias.

- Sentirei falta do calor daqui.

- Eu não! Não vejo a hora de pegar um pouco de ar fresco e vento frio! - falei.

- Só você mesmo - Normani revirou seus olhos escuros e entortou a boca.

÷÷÷
Meus pais me levariam até o aeroporto, assim como os de Normani a levariam. Clara e Mike Jauregui não brincaram quando disseram que pegariam pesado no drama e na melancolia na hora das despedidas. Meus irmãos, Chris e Taylor, de 16 e 14 anos, também estavam conosco, e seus estados eram de zombaria contra mim, dizendo que eu me daria mal na faculdade e voltaria correndo, chorando como um bebezão para os braços de nossos pais. Eu retrucava e mandava-os "catar coquinho", mas depois de tanta insistência da parte deles, decidi ignorar os pestinhas. Pra quem não entende - até mesmo eu demorei para compreender - é o jeito esquisito e peculiar desses dois de dizer que me amavam e não queriam que eu fosse embora.

A moça do auto-falante já anunciava a última chamada para o meu voo e meus pais ainda me apertavam entre seus braços.

- Sentiremos muitas saudades, minha filha - minha mãe se debulhava em lágrimas e eu tentava confortá-la afagando suas costas.

Biomedical LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora