Prólogo

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     Olho impaciente para minha prateleira, eu não conseguia achar o livro que procurava. Após alguns minutos o procurado, meus olhos encontram a capa verde do livro que queria. Abro-o e pego uma anotação que havia feito a colocando na minha parede junto a muitas outras.

    Agora finamente eu havia terminado. Meu quarto estava uma bagunça mas eu finamente havia conseguido ligar todos os pontos, eu havia respondido quase tudo menos o mais importante dentre todas as perguntas, eu não havia descoberto o porquê, e eu sabia dentro de mim mesma que nunca poderia descobrir: onde, quando, com quem e como foi fácil, agora descobrir o porquê de tudo isso me assustava.

    Talvez a resposta estivesse mais perto do que eu imaginava. sabia que lá no fundo eu só estava querendo negar a resposta óbvia, a resposta que latejava na minha cabeça. A culpa é minha. eu sabia que sim, mas apenas lembrar disso tudo me fez jogar todos os livros da minha prateleira no chão. Eu estava tendo outra crise, mas dessa vez eu vou quebrar tudo até que ela passe eu não vou ficar calado, ela está morta e a culpa é toda minha.

    No meio dos meus devaneios encaro a cadeira da minha escrivaninha, e lá estava ela da mesma forma de sempre com um cigarro na mão e um sorriso sínico, típico, no rosto.

      -Voce deveria parar de se culpar pelo que não fez- ela apenas diz, suavemente, do seu canto, sem se mover.- além do mais, não a volta para a morte

   Meus olhos ardiam, meu nariz esquentou e lagrimas rolaram

    -Não, tem que a ver uma forma de reverter tudo isso- eu disse em meio aos soluços e palavras incompreensíveis.

    -Se quer insistir com isso eu não vou te impedir- ela arqueou a sobrancelha -Mas porque você se culpa tanto pela "minha" morte?

      Engulo qualquer resquício do choro tentando articular bem as palavras, não seria fácil falar sobre isso e meu choro só pioraria mais a situação.

     -Ah sim, faz um ano que você morreu, porém, o motivo é bem ridículo até...

     Eu não sabia como dizer isso, e se me perguntar de novo, eu ainda não sei.

    -Fala logo, eu posso até não ter mais o que fazer em todo o resto da minha eternidade, mas eu odeio quando você fala demais

    Sorri levemente, ainda se parecia com ela, impaciente, sarcástica, curiosa...

     Me demoro de proposito mais um pouco, sorrio e digo em falso tom irritado

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    - Me deixa falar? - ela assente emburrada e volta a se sentar -Obrigado, eu e você nos conhecemos a 10 anos quando você ainda estava viva, nessa época eu e você tínhamos muito em comum mas o que mais nos unia era a nossa ânsia por poder, e a curiosidade pelo desconhecido e obscuro - pausei, o obscuro agora me traz péssimas lembranças e o poder que tenho me é inútil.

     -Nós passamos 9 anos juntos pesquisando a procura de uma resposta, um ano atrás você encontrou algo, algo obscuro curioso e poderoso, um ritual. Ele precisava de duas pessoas, ou melhor, de uma alma e alguém pra concluir-Suspiro, maldita curiosidade, maldito poder.

    -mas caso eu viajasse ao submundo eu teria algo, um pedido, eu pretendia fazer você voltar com esse pedido, isso se o ritual não tivesse falhado. - O medo que senti naquele momento ainda e tão vivido em minhas memorias que prefiro pular os detalhes do ritual, ou o pranto deixara minha voz incompreensível.

     - Mesmo assim passei todo esse tempo atrás de formas para reviver e descobri que o ritual não havia dado totalmente errado eu ainda tinha o pedido porem para eu ir ao submundo eu precisava da última lembrança da pessoa mais importante para mim, usei a última foto sua que eu tinha, dessa vez deu certo, só que você não ia poder voltar a vida e agora você está em um estado de morte em vida. Para as outras pessoas em coma para mim uma espécie de alucinação.

    -E onde está meu corpo, o em coma? - Ela me pergunta e eu já impaciente com seus comentários desnecessários, aponto para a foto de um hospital no meu mural atrás de mim

     - mas voce nunca deve fazer acordos com demônios, porque eles podem te trair, foi exatamente o que aconteceu, já que eu não consegui sua vida de volta com o pedido eu fiz um trato com o demonio, e agora eu preciso descobrir o porque você ter aceitado morrer nesse ritual com tanta facilidade...

     -Então a minha "eu" viva aceitou o ritual por algum motivo e se tu não descobrir isso nos dois vamos pro saco?

    -exato

     -Pronta para ficar os sete palmos abaixo do céu? - Pergunto em brincadeira o que ela revira os olhos.

    Poder, curiosidade, obscuridade, vamos precisar de vocês três, queridos.

Sete palmos acima da terra Onde histórias criam vida. Descubra agora