Conto - O meu quarto

1.9K 30 5
                                    

A Joana, de 5 anos, desde que se lembra que adormece sozinha e não com uma canção de embalar, tem outro medo. Pede sempre à mãe ou ao pai, quando a deitam para deixar a luz acesa. Tinham que ser os pais a apagar as luzes, quando ela adormecia.

Para ela havia algo no seu quarto que lhe podia fazer mal ou algo ou alguém que podia entrar pela janela ou sair pelo armário.

Todas as noites a Joana, dizia:

- Mãe, não te esqueças de deixar a luz acesa!

Então, no Inverno, quando se deitava durante aquelas trovoadas fortes e com grandes trovões, ela tinha que adormecer na sala ao pé dos pais com medo do seu quarto.

A Joana só achava estranho uma coisa: o armário apenas fazia barulho ao deitar, o barulho dos estores passava quando o sol e ela se levantavam.

Pensava sempre que alguém iria ao seu quarto, todas as noites, para a assustar ou até lhe fazer mal. Sonhava com monstros a sair do armário, ET's a entrar pela janela e, quando acordava, via que tinha feito xixi na cama.

Na escola, ela só queria saber se era a única a ter medo do seu quarto, mas tinha vergonha de perguntar.

Decidiu perguntar à professora, que lhe respondeu que quase todos os seus colegas tinham esse mesmo medo. Ela ficou mais consolada.

- Mas como curar o medo, Sr.ª Professora?

- Fácil! - disse a professora - Enfrenta-o!

- Como assim? - perguntou, estranhando, a Joana.

- Esta noite, deitas-te com a luz apagada, passado algum tempo acendes a luz, vais ao armário e enfrentas o Monstro que lá está! Vais ver que vais vencer. Quanto à janela, depois de enfrentares o monstro, abres a janela e verás o que está lá fora! Amanhã conta-me como foi! - respondeu a professora.

- Eu vou enfrentar o medo, e vou ser a primeira! - disse a Joana.

À noite, deitou-se, pediu à mãe para apagar as luzes. A mãe achou estranho e ficou à porta, do lado de fora.

Passado algum tempo, como tinha dito a professora, a menina acendeu as luzes, foi num segundo ao armário e gritou:

- Apanhei-te, Monstro Malvado!

Mas não estava lá dentro nada, a não ser a roupa! O que fazia barulho nas janelas eram os estores quando a chuva caía. Como vocês devem saber, num 5º andar, é pouco provável entrar alguém pela janela.

Interrogou-se, de forma a que a mãe ouvisse do lado de fora: "Não apanhei o Monstro, ou ele não existe?"

A mãe entrou devagarinho e disse:

- Querida Joana, esse Monstro também eu já tive medo dele, mas enfrentei-o da mesma forma que tu hoje, neste quarto. O Monstro só existe na nossa cabeça e nos nossos medos de criança, e este aparece bem cedo, e às vezes supera-se bem tarde. Como viste, o Monstro do armário são as portas a baterem uma na outra, e os ET's, é a chuva a bater nas janelas!"

- Então vou passar a deitar-me de luz apagada. - decidiu a Joana.

- Isso só mostra que cresceste, filha.

Voltou-se a deitar e pediu:

- Mãe, não te esqueças de apagar a luz.

Os pais, felizes, foram ver a menina adormecer, sem medos e de luz apagada!

Contos e Poesia do Dia-a-DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora