Único

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Por que chovia tanto? – Itachi se questionava enquanto esperava a chuva passar protegido em um pequeno café tradicional no centro de Oxford, ele não se referia apenas ao tempo daquele dia, mas sim ao clima de toda a região. Não era um adorador por dias chuvosos, porém esperava que seu sacrifício valesse a pena.

Era um escritor muito famoso e fora convidado pela universidade que um dia estudara para um congresso, iria expor suas ideias futurísticas sobre literatura e palestrar sobre o que os estudantes propunham em uma semana.

O marco de sua carreira era um romance policial retratando, não somente um serial killer, mas também a descoberta da sexualidade de seu protagonista. Ele usara parte de sua vida pessoal – momentos de quando fora expulso de casa por revelar aos pais que era gay ou seu doloroso primeiro relacionamento, tudo isso retratava sua vida e a do seu protagonista.

As pessoas o admiravam por sua capacidade única em tornar o sentimento dele tão sucinto que antes de protestarem com preconceito e repulsa já o estavam apoiando. Itachi se tornou o mestre em manter segredos dentro dos livros, que embora fossem óbvios, eram incrivelmente difíceis de serem decifrados, ele era um gênio.

Estar de volta a Oxford o trazia muitas lembranças e dentre elas o momento mais sombrio de sua vida. Fora ali que conhecera seu primeiro amor, era clichê, mas se apaixonou por seu professor orientador e inocentemente se entregara achando ser totalmente recíproco. Eles se amaram por meses a finco e nunca passara por sua cabeça ser a outra pessoa que invadiu e quase destruiu uma família.

Nunca esqueceria do dia em que descobriu toda a verdade...

Era uma manhã radiante, somente em sua cabeça porque o dia estava chuvoso como em todos os dias, porém, nada o incomodaria. Finalmente conseguira seu estágio tão almejado em uma das maiores editoras do Reino Unido.

Não aguentaria esperar até o horário combinado com seu professor para dividir a notícia com ele, não, ele corria até a universidade. A intimidade de seu namoro lhe dava algumas regalias, como invadir sua casa sem convite e imaginou que seria uma ótima surpresa em seu escritório, talvez fosse repreendido em cima da mesa como tantas vezes já acontecera.

Riu ao imaginar como adorava ser castigado daquela forma, sentia-se leve e em paz com seu relacionamento. Logo completariam dois anos juntos e mesmo que não dividissem um lar – o sonho de consumo de Itachi, eles dividiam muitas coisas. Não existiam fantasias e fetiches que um não se submetesse pelo outro.

Chegou um pouco molhado pela chuva, mas não se importava, só pensava em receber aquele sorriso que tanto o cativou todos os dias para não desistir de seus sonhos.

A euforia em seu coração o movia enquanto corria pelas escadarias magnificas em direção a sala de seu professor, estava tão animado que não queria se recompor e ser um Uchiha, na realidade ali ele não precisava – era totalmente livre do legado de sua família.

Kakashi era seu céu e inferno, ainda que um tanto mais velho, a diferença de idade nunca fora um obstáculo, ele o amava profundamente e faria o impossível para vê-lo feliz, pois sua felicidade era a sua também.

Infelizmente a relação que possuíam era as escondidas, não deixavam de ser professor e aluno e isso comprometia ambos a perder seu espaço na universidade. Itachi carregava grandes expectativas para quando se formasse, talvez dividir um apartamento ou legalizar a união estável.

Por vezes planejaram o futuro juntos e em construir a família que Itachi nunca tivera com os Uchihas. Relembrar todas as conversas, todo o apoio que recebia e todo carinho que ele depositava em si lhe aquecia o coração. Seu batimento cardíaco só aumentava em animação conforme seus passos se acalmavam da corrida pelo corredor extenso, o silêncio das outras salas denunciava que não haviam outras pessoas por ali e lhe dava o passe livre para amar seu professor mais uma vez em sua sala entreaberta .

NicotinaOnde histórias criam vida. Descubra agora