Capítulo único

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Chutava as pedrinhas no seu caminho com violência. A sua décima garrafa de cerveja já acabara. A raiva lhe consumia, jogou a garrafa contra a parede e então, chorou. Escorregou pela parede fria da rua deserta com as mãos no rosto. Não sentia nada além de raiva, a odiava.

Pobre garota. A única coisa que fez foi amar.

Limpou seu rosto com a manga da blusa suja de sangue e levantou-se ainda tonta com a grande quantidade de álcool que consumiu, os pingos de chuva começava a molhar seus fios acastanhados, provavelmente pegaria uma gripe depois, mas quem se importaria? Seu corpo, sua alma e seu coração já estavam machucados.

Andava pela rua mal iluminada atrás de algum estabelecimento aberto para comprar mais cerveja. Só queria esquecer o rosto daquela que lhe trouxe tanta dor, queria esquecer aquele amor platônico, queria esquecer até seu nome, mas a garota sabia que era impossível. Suas lágrimas misturavam-se com os pingos de chuva, como se limpassem seus ferimentos e sua dor.

Caminhou longos minutos até não suportar mais seu corpo e desabou no chão. Chorava mais que criança perdida. Não lutou o suficiente, não foi forte o suficiente. O coração doía mais que os ferimentos em seu corpo, feitos por ela mesma; o peito queimava, tentava esquecer tudo que ocorreu mais era em vão. Ela desistiu e só restou seu coração partido. Ela apenas gritou alto, para que todos ouvissem sua dor, seu desespero, gritou até sua garganta doer e então levantou-se e continuou seu destino. 

Todo o pouco tempo que passaram juntas foi o suficiente para criar memórias incríveis e dolorosas em sua mente, agora, conturbada. Não consegue entender o porquê disso tudo. Amou tão intensamente, mergulhou de cabeça, mas era raso demais. Passou as mãos sobre seus cabelos e desceu até a nuca, deixando suas mãos ali. Deveria ter ficado com Yerim, iria sofrer menos, mas quem manda no coração? A razão nunca vence.

Conseguia enxergar as luzes acesas de sua casa, mesmo com a vista embaçada. Quis bater na porta e espera ela abrir com seu cabelo molhado depois de um banho, com seu rosto pálido e um olhar pacífico, mas o amor deu lugar a raiva e então preferiu entrar em outra rua e correu. Correu tanto que sua respiração já falhava e então, chegou em frente a sua casa. Todas as luzes já estavam apagadas, seus pais estavam de viajem, pegou a chave em seu bolso e abriu a porta. Tudo estava bagunçado, esculturas de vidro quebradas, tudo era uma completa bagunça, assim como a cabeça de Seulgi.

Kang Seulgi precisava apenas esquecer Bae Joohyun, mas um amor intenso fica marcado no coração para sempre.

Seulgi precisava apenas de Joohyun consigo.

Subiu para seu quarto quase se arrastando. Estava tão exausta de tudo. Queria dormir, dormir eternamente e fingir que tudo não passou de um terrível pesadelo. Tirou seu suéter, jogou no chão e andou até a janela. Seu coração bateu forte, sua respiração acelerou. Estava lá, debaixo da chuva, a criatura mais bela para ela. A olhava quase sem nenhuma expressão, como de costume. Toda raiva parecia ter desaparecido por um momento, olhando aqueles olhos negros, aqueles lábios vermelhos.

Foi quase como uma amnésia, esqueceu de tudo, só queria viver aquele momento uma última vez, sem dor, sem sofrimento, mas ela fez o que ela mais temia, o que lhe causava pesadelos e insônias. Abaixou a cabeça e foi embora e então, sumiu na escuridão da noite, deixando a pobre garota para trás com seu coração partido.

Uma história que ainda não terminou,
foi deixada aqui e totalmente vazia, assim como Seulgi.

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Esse capítulo eu retirei de uma antiga história minha. Foi um dos melhores capítulos que já escrevi e não podia deixar ele esquecido, por isso modifiquei algumas coisas para uma versão seulrene.

Espero que tenham gostado.

Obrigado por lerem.

Beijos.

ɪ ᴊᴜsᴛ • sᴇᴜʟʀᴇɴᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora