*Sempre amamos aquilo que é capaz de nos destruir.*
"- Qual é a tua em? - ela gritava palavras olhando no fundo de meus olhos - Você acha que o mundo gira em torno de ti? - ela sempre teve esse sotaque do sul que eu realmente amava.
- Não, eu não acho, muito pelo contrário, sempre fiz parte desse mundo que girava em torno de você! - elevei o tom da minha voz ao mesmo nível com que ela falava comigo, até o momento eu estava controlando, eu nunca havia elevado meu tom de voz com ela, nem mesmo nas piores brigas, naquele momento um vazio tomou meu peito por completo, tinha ciência de que aquele seria nosso fim e ela também - Sempre fiz de tudo para você, eu literalmente vivia minha vida por você e a única coisa que eu recebi em troca foi sua pura e fria ingratidão - essa última frase saiu em completos sussurros, não tinha mais forças para discutir, não tinha mais forças para tentar fazer tudo isso dar certo, era o nosso fim, e naquele momento meu coração se fez em pedaços.
- Então esse vai ser o nosso fim? - Ela disse com a voz fraca, o tom alto de sua voz havia se transformado em sussurros - Tchau Dean. - foi a última coisa que ouvi sair de sua boca, senti vontade de vomitar, de gritar, de chorar, então por fim ela pegou sua bolsa no sofá da sala e passou pela porta sem dizer mais nada e nem olhar para trás."
27/08/2.017
Pelo reflexo do espelho vejo Lara adentrar meu quarto, andando por ele observando cada detalhe do mesmo.
- Nem você, nem ela, nunca me disseram por qual motivo terminaram, nem sei se ao menos você sabe o motivo - Lara e Sofia eram grandes amigas, conheci Sofia por causa dela, nunca comentei sobre o assunto com Lara não queria deixar mais complicadas as coisas, não queria me fazer recordar de tudo outra vez, mesmo eu tendo recordado desse dia, todos os dias em diante.
- Você nunca perguntou - dou um sorriso sem mostrar os dentes mas ela sabia de tudo que eu estava sentindo naquele momento, sempre soube de tudo que se passava dentro de mim mesmo sem eu dizer uma palavra.
- Não queria causar mais bagunça dentro de você, te fazendo recordar tudo, mas já se passaram seis meses, já está na hora de colocar tudo pra fora e se recuperar não acha? - ela estava certa, seis meses não são seis semanas, seis horas ou seis minutos precisava me libertar de isso (seja lá o que for) que estava me prendendo.
(...)Mel foi o caminho todo tagarelando sobre coisas aleatórias, e eu realmente estava torcendo para que aquele engarrafamento andasse logo, já não aguentava mais tanta falação.
- Vem vou apresentar vocês para meu amigo - diz ela logo que chegamos a residência onde a festa já havia começado. Soube disso pelos barulhos e gritarias de pessoas bêbadas que podia-se ouvir a quarteirões de distância.
- Depois, vou procurar algo para beber - digo e ela revira os olhos e arrasta Matt dizendo para ele algo como: "Você vai nem que seja arrastado" e eles foram.
Na festa tinha um pequeno barzinho que ficava perto de uma enorme piscina da casa.
- Vai querer alguma coisa senhor? - diz um rapaz cheio de glitter pelo rosto e cabelos. Me perguntei o que havia acontecido para o mesmo estar banhado em glitter roxo.
Peço uma latinha de refrigerante e me sento em um dos banquinhos que rodeavam o balcão, sendo o único com carteira e carro tinha que ter responsabilidade suficiente de não beber mais nada além de refrigerante, suco ou água.
- Só te encontro bebendo, em cara! - me virei e a mesma mulher do bar se senta ao meu lado.
- Bom, você não se faz diferente. - digo e ela ri, com certeza está um pouco alterada pela bebida. Ou drogas.
- Não me apresentei ontem, prazer Luna - disse ela esticando sua mão e eu a cumprimentei. - Seu nome é?
- Ah sim! Dean, prazer. - disse e ela me mostrou pelo que parecia um de seus melhores sorrisos pois chegava a encolher os olhos a ponto de quase fecha-los. Devolvi um sorriso simples sem nem ao menos mostrar meus dentes.
- Você não melhorou muito depois de ontem né? A cara de acabado continua a mesma. - disse ela olhando para mim e ri.
- Você parece não estar muito bem não é? - perguntei e ela terminou sua bebida com um grande gole e assentiu. - Deveria ir para casa e torcer para a ressaca de amanhã não ser muito ruim.
- Deveríamos nos divertir. - disse ela enquanto pegava em minha mão e praticamente me arrastava para o outro lado da residência.
Quando dei por mim já estava no meio de dezenas de pessoas que dançavam e pulavam, e claro ela fazia o mesmo. Ria e dançava sem parar, segui o ritmo da música e me juntei a ela que ria da minha falta de jeito. Nunca fui muito bom nisso.
Seus longos cabelos castanhos e cacheados voavam com a frequência que ela pulava e ela sorria, sorria o tempo todo, nunca vi alguém tão feliz como aquela garota estava. Ela dava a impressão que nada e nem ninguém nunca poderia acabar com toda a sua felicidade e eu gostava daquilo, daquela impressão que ela dava nas pessoas: "E tudo que conta é o aqui e o agora". Só de vê-la já percebia que aquela garota não era de se prender a nada, ela era solta, do mundo, ela era livre e era daquilo que eu precisava.
(...)
- Não sinto mais meus pés - ela disse depois de várias gargalhadas sobre comentários do quanto eu sou péssimo em dançar ou até mesmo pular que ela mesmo havia feito. - Enfim a liberdade! - ela diz alto depois de se sentar em um dos sofás e tirar as sapatilhas azuis.
- Eu estou exausto - digo e me sento no sofá junta a ela.
- Acho que estou um pouco bêbada - diz ela e se deita colocando a cabeça em meu colo.
- Você acha? - digo rindo e ela assenti.
- Você é tão bonito, parece um boneco de porcelana. - ela diz acariciando meu rosto com sua mão e eu dou uma alta gargalhada e ela sorri.
- É a primeira vez que recebo esse tipo de elogio - digo e ela se levanta e senta eu meu colo ficando de lado mas ao mesmo tempo olhando para meu rosto.
- Bonecos de porcelana quebram, seu rosto não se quebrou, mas seu coração pelo que vi ontem parecia estar em pedaços - diz seria e olha no fundo dos meus olhos e me beija, logo o retribui. Ela realmente me surpreendia a cada ato daquela noite.
"Você atingiu um feitiço sobre mim, você me atingiu como se o céu tivesse caído sobre mim"
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Música: "Glad you came"
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alone
RomanceEu poderia encontrar um amor em uma completa desconhecida? Poderia fazer disso um amor de duas semanas ou de uma vida inteira? Não quero uma daquelas histórias de amor para a vida inteira, quero viver o amor agora. Sem remorso, sem ilusões, sem medo...