Desejo Em Fuga

Único

A missão não parecia tão difícil. Conseguir ervas medicinais era algo fácil, a única parte diferente em fazer isso estava no fato de que seu parceiro não ser de sua guilda e sim da Saberthoot.

Rogue tinha a personalidade totalmente diferente da que Lucy imaginava. Em público o moreno mantinha-se quieto e inexpressivo, mas quando estavam sozinhos ele mostrava-se uma pessoa bem extrovertida. Fazia piadas, ria, cantava e sorria a maior parte do tempo. Uma caixinha de surpresas.

Essa não foi a primeira vez em que fizeram uma missão juntos e sim mais uma entre várias, tanto que ambos tornaram-se grandes amigos com o passar do tempo, viviam conversando sobre assuntos aleatórios ou apenas aproveitando a companhia um do outro.

Dessa vez nenhum dos dois escolheu a missão e sim os próprios Mestres de suas respectivas guildas. Eles sabiam os quanto a amizade havia crescido, então não viram problema em elegerem os dois para irem juntos. Ao contrário do que sempre fazia, Frosh negou-se em ir, pois tinha combinado em sair com Lector e Sting para visitar uma fazenda de morangos.

O local indicado no papel mostrava uma vila isolada em uma das pontas de Fiore, como o caminho era bem longo para irem andando, Rogue sugeriu ir de trem mesmo com seus enjoos. A loira sentiu-se mal por ele, mas não podia obrigá-lo a ir correndo, até porque a teimosia do moreno não permitia isso e ele se negava em ter que fazê-la andar o percurso inteiro.

Essas atitudes com certeza fazia Lucy admirar o moreno, mesmo assim não conseguiu achar uma explicação para o que aconteceu naquela manhã. Fazia duas semanas que já estavam em missão e nada de ruim ou diferente tinha acontecido até aquele dia.

Ambos acordaram cedo para buscar as ervas que cresciam apenas pela manhã, andaram pela trilha que tinha ao lado da pequena vila onde estavam. O dia passou normalmente até certo ponto, pouco depois do almoço Rogue começou a agir estranho. Negava educadamente tentativas de diálogo, afastava-se quando Lucy chegava mais perto e não ria como antes.

A maga celestial ignorou isso na maior parte do tempo, mas durante a noite a curiosidade para saber o que estava acontecendo começou a consumir sua paciência. Foi então que ela criou um plano simples: faria a janta antes que ele voltasse de seja lá onde, assim talvez o humor dele mudasse.

Animada, a loira correu para a cozinha e fez uma bela macarronada, não era a melhor opção para se comer de noite, porém isso não importava, ela apenas queria que seu amigo voltasse ao normal e para isso faria até torrada de pão de coco. Arrumou a mesa e deixou tudo pronto e organizado, depois esperou.

Esperou horas, esperou por dias, esperou por semanas. Rogue não voltou para a casa, Lucy ficou desesperada procurando pelo moreno por todos os cantos e não encontrou. Concluiu a missão sozinha e voltou para Magnólia com o coração na mão, contou a situação para o Mestre que ligou para a Saber e finalmente descobriu onde o moreno estava: em casa.

Possessa, era como ficou. A raiva quase não coube dentro de si, como ele podia sair sem dar explicações, deixando-a sozinha esperando pelo seu retorno? Nada fazia sentido... Por que ele fugiu? Ela fez algo de errado? Disse algo que ele não gostou? Não sabia, mas tinha certeza de que arrancaria a verdade dele por bem ou por mal.

Depois de guardar suas malas e tomar um banho, ela partiu. Chegou na cidade da Saberthoot como um foguete, não estava com a mínima paciência e vontade de ser delicada. Saiu do trem sem prestar atenção por onde andava, seus pés conheciam bem o caminho para onde o Mestre tinha dito ser a casa de Rogue, não ficava muito longe da estação de trem, na verdade localizava-se na floresta bem ao lado.

A decoração branca contrastava com o restante da parede completamente preta, parecia mais a casa do Conde Drácula. Lucy bateu na porta de forma bem "delicada", ou seja, socou a pobre coitada, deixando toda sua fúria se esvaziar por suas mãos. A mesma foi aberta por um moreno com cara de poucos amigos.