– Obrigada e volte sempre! – Dou um dos meus melhores sorrisos, seguindo o cliente até ele passar pela porta de entrada.
– Queria ter a sua paciência. – Mariana comentou enquanto brincava com os seus pés esticados na cadeira. – Preciso fazer a unha do pé.
– Você não tinha feito semana passada? – questiono-a.
– Sim, mas preciso fazer novamente.
Neguei com a cabeça segurando uma risada. Mari é, sem duvidas, a pessoa que mais me ajuda, não na loja mas sim na minha vida. Eu posso estar me jogando dentro de um vulcão prestes a transbordar de lava, ela iria atrás de mim, e eu faria o mesmo por ela.
– Já descobriu o nome do cara misterioso que te ajudou? – Olhei com uma expressão confusa para ela. – O garoto alto do parque... – No mesmo dia do meu pequeno ataque de panico, eu fui para a casa da Mariana e contei tudo que aconteceu. No primeiro momento, ela me abraçou, disse que tudo ficaria bem e que meus ataques iriam cessar em pouco tempo e após isso, ela me perguntou do cara misterioso, nome dado por ela.
– Ah... Fazem quatro meses já, eu estou com o dinheiro guardado para paga-lo mas eu não lembro o nome dele. – Apoiei minha cabeça na minha mão, fazendo um bico com a boca.
– Descreve ele pra mim, vai que eu conheça.
– Tudo bem. – Fiz uma pequena força para me lembrar dele no quarto do hotel em que eu havia estado. – Alto, muito alto... Cabelos cumprido mas não muito, eram enrolados, sua pele era clara e seus olhos em um castanho-mel. – Mariana estava olhando para o seu celular e para o meu rosto intercaladamente.
– Empresta o seu celular. – Totalmente confusa eu passei meu celular para as suas mãos e em questão de momentos ela me devolveu. – O seu cara misterioso é esse aqui. – Não poderia deixar de notar o tom de animação na sua voz enquanto ela entregava, dessa vez, o seu celular.
Havia uma matéria de uma revista online onde o titulo destacava "Shawn Mendes dará um tempo na carreira?" e em seguida a matéria explicava que ele apenas se afastaria dos palcos por pouco mais de um mês para ficar com sua família em Toronto.
– Eu me lembraria se fosse ele Mari. – Disse obviamente e devolvi seu celular.
– Pensa comigo, você tinha acabado de acordar de um desmaio, estava tomando soro e ainda por cima, estava afetada pelo o que havia acontecido.
– Impossível. – Disse por fim.
– Procura o contato dele no seu celular então. – Seus braços cruzaram á cima do seu peito enquanto ela me olhava com a sua carinha de convencida.
Revirei os olhos digitando o seu nome nos contatos do meu celular achando seu contato em pouco tempo, já que não havia nenhum outro contato com a inicial do seu nome no meu celular.
– Liga para ele.– Mariana veio toda agitada parando em minha frente.
– Não.
– Você tem que falar com ele querendo ou não. Liga pra ele.
– Não, outra hora eu mando mensagem. – Disse por fim, colocando o celular no balcão, entre a gente e indo até o deposito. Seria loucura Shawn Mendes ter me ajudado naquela tarde, mas loucura ainda eu não ter o reconhecido, mesmo não sendo fã do mesmo qualquer um reconheceria ele, mas pelo visto, eu não sou "qualquer um".
– Alô? Shawn Mendes? – Fechei meus olhos com força, rezando para que Mariana não tenha feito o que eu tenho certeza que ela fez. – Eu sou a Mariana, amiga da Aurora. – Fui até ela em passos largos, sussurrando um "desliga" para ela. – Sim, essa mesmo. – Ela sorriu e fez gestos dizendo que ele lembrava de mim. – Sim, ela está aqui. – Comecei a fazer gestos desesperados de "corta" mas não funcionou. – Vou passar, até outro dia. – Ela esticou o celular para mim enquanto eu a fuzilava com o olhar. Coloquei o mesmo na minha orelha mas eu não disse nada.
– Aurora? – Sua voz soou pelo celular após quase um minuto em silencio. – Eu estou ouvindo sua respiração, sei que esta ai.
– Como sabe que é a minha respiração? – perguntei segundos depois.
– Eu apenas sei. – Eu sentia que ele estava com um pequeno sorriso nos lábios. – Quatro meses para me reconhecer?
– Na verdade não foi eu que te reconheceu. – Comecei a andar pelos corredores da loja de doce.
– Mariana? – Apenas sussurrei um "uhum". – Obviamente, foi ela que me ligou.
– Foi, eu ria mandar uma mensagem mas os meus planos não deram certo.
– Aproveite e me diga sobre o que seria.
– Eu consegui o dinheiro para te pagar, você poderia me passar o numero da sua conta para eu transferir para você?
– Não.
– Não?
– Eu prefiro receber pessoalmente, tudo bem por você?
– Depende.
– Depende...
– Do lugar, do horário, da quantidade de pessoas ao redor...
– Que tal na sua casa?
– Não, eu não te conheço, vai que você queira me matar! – Sua risada tomou conta da ligação, fazendo eu abrir um pequeno sorriso.
– Faz sentido. – Sua risada cessou e ele deu um longo suspiro. – Vou pensar em um lugar e te mando mensagem hoje mesmo, tudo bem?
– Ok, tchau.
– Tchau Aurora. – Ele mantinha o sorriso no rosto, dava para perceber.