Aquele espetáculo de aparências que tanto me causava desconforto mal havia começado, e apesar de preferir estar em casa assistindo uma série qualquer na Netflix, eu sou obrigado a estar presente por ser um membro da família. Os presentes parabenizavam alegremente os anfitriões da noite que se mantinham simpáticos recebendo os convidados. Todos festejavam, afinal, não era todo dia que o herdeiro do grande império Uchiha celebrava seu noivado com a filha de um dos maiores empresários do Japão, não é mesmo? Para os outros, isso é apenas um belo casal celebrando seu amor, mas, para mim, é um show de sorrisos forçados e beijos sem sentimento. Tudo isso não é para celebrar o amor, mas sim as loucuras feitas em nome do poder.
Desde que cheguei a essa festa, a única coisa que me propus a fazer foi pegar o primeiro copo de conhaque que vi pela frente e me sentar em uma das mesas solitariamente, adiando a todo custo ter que cumprimentar os noivos, mas todos os convidados já haviam lhes desejado felicidades e mesmo contra a minha vontade eu também teria que fazer o mesmo.
Itachi estava exuberante em seu smoking preto de grife, com os cabelos amarados em um rabo de cavalo baixo como de costume, ele exibia seu melhor sorriso e isso seria a mais bela visão naquele salão se ele não estivesse segurando a mão da garota de cabelos cor de rosa que ostentava um anel de diamantes recém colocado sobre seu dedo anelar. Itachi Uchiha não é o tipo de homem que se apaixona, apesar de ser extremamente possessivo. Ele não é do tipo que demonstra indiferença ao falar com a pessoa com quem se relaciona, e indiferença é a única coisa que ele oferece a sua noiva além de presentes caros. Como eu sei disso? Acho que seja pelo fato de sermos primos e amantes.
Tudo isso começou com a volta de Itachi para o Japão depois de passar cinco anos nos Estados Unidos. Sempre fomos muito apegados desde crianças, mas quando ele voltou muita coisa havia mudado e isso fez a nossa reaproximação se transformar em um caso amoroso. Itachi sempre deixou bem claro que tudo entre nós se resumiria em sexo sem compromisso e no começo, mesmo sem ser nada serio, nós ainda tínhamos uma relação aparentemente normal, mas, depois de assumir publicamente o seu namoro com a Haruno, ele ficou radical demais em relação a nós. Não havia mais beijos, telefonemas ou mensagens, ele não dorme mais na mesma cama que eu e sempre que o dia amanhece eu acordo sozinho, tudo porque ele acha que é intimo demais para o que somos, então, ele simplesmente aparece quando quer na porta da minha casa, e eu, como sou um idiota totalmente fora de controle, o aceito de braços abertos. Eu sei que ele não sente a minha falta, ele só sente falta do meu corpo totalmente desnudo a sua disposição. Se ele não tivesse me dado um gostinho do paraíso para depois me jogar no inferno, com esse namoro arranjado eu não estaria apaixonado agora nem estaria nessa maldita festa de noivado enchendo a cara por vê-lo com aquela víbora interesseira que o exibe como um troféu e eu nem mesmo tenho o direito de falar algo.
Ele não me beija mais na boca
Porque é mais íntimo do que ele acha que devíamos ser.
Tomei todo o conhaque que havia no meu copo em apenas um gole, sentindo o líquido quente rasgar minha garganta e tomei coragem para cumprir meu papel de bom membro da família. Levantei-me, arrumando o smoking e segui em direção a eles que se despediam de Mikoto.
Assim que percebeu minha presença, Itachi se mostrou indiferente, enquanto Sakura nem se dava ao trabalho de fingir gostar de mim. Ela poderia não saber com certeza sobre nosso caso, mas a troca de farpas entre mim e Itachi em sua presença realmente a fazia desconfiar de algo e isso não me incomodava nem um pouco.
—Então você veio, Shisui. Pensei que estaria na Europa cuidando de negócios. — disse alheio.
— Claro, que primo eu seria se não estivesse aqui para celebrar a sua felicidade Itachi-kun— disse exibindo meu mais belo sorriso falso. — Espero que a união de vocês seja repleta de felicidade e amor.
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Strangers
FanfictionQuando eu acordo sozinho e estou pensando em sua pele, eu lembro do que você me disse. Disse que não somos amantes, somos apenas estranhos. Com a mesma maldita vontade, de ser tocado, de ser amado, de sentir qualquer coisa.