Viagem ao centro da Terra

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Jorginho não aguentava mais estar no corpo de Pintosvaldo. Não era uma coisa normal. Algum tempo atrás, ele o montava e saía matando as criancinhas (mesmo sem querer) e agora, ele dividia esse mesmo corpo. Era como se ele estivesse vendo um filme. Olhava pelos olhos de Pintosvaldo, e odiava ter consciência de tudo.

Nesse tempo em que esteve compartilhando o corpo com Pintosvaldo, acabou descobrindo que skates e velotrols conseguiam fazer sexo, e essa descoberta não fora agradável. A única coisa que o mantinha estável, era saber que logo encontraria com Neide, e ela o ajudaria. Não só ele, como Pintosvaldo e Xurema também. Suas almas amaldiçoadas seriam libertas, e todos poderiam seguir pelo "pós-vida" felizes para sempre. Mas até lá, neste longo caminho, teria que aturar essas sessões de sexo entre objetos.

No meio da viagem, umas criancinhas que não tinham câncer, acabaram seguindo os mesmos. Eles perceberam, pela aparência e cheiro que as mesmas eram crianças abandonadas, e que não tinham brinquedos. Isso era realmente triste, mas mesmo assim, isso não era motivo para elas estarem os seguindo.

"Droga! Acho que essas crianças querem nos usar!"

Dito e feito. Uma das crianças, Mário, consegira alcançar Pintosvaldo, e acabou montando em cima do mesmo.

Jorginho, que apenas presenciava isso, sentiu o que Pintosvaldo sentira por todos esses anos, enquanto estava preso apenas sendo seu velotrol. Era ainda mais estranho, pois até mesmo Pintosvaldo não tinha forças para poder se soltar da criança.

Xurema não podia suportar o que via. Uma criança, aparentemente sem pais, fedida, estava com sua bunda gordona e suja de bosta em cima de seu amado. Aquela visão, era um pesadelo.

Sem pensar direito, Xurema atacou a criança fazendo a criança chorar e perder um de seus dentes podres, mas não largar o velotrol. Uma velhinha que passava por ali, resolveu ajudar a pobre criança, pegando sua bengala e batendo em Xurema.

Jorginho e Pintosvaldo, assistiam a cena, assustados, enquanto a velinha acabava esquartejado Xurema, com sua bengala de metal.

A velinha, ficou cuidando da criança, até a polícia chegar e a levar para um orfanato e só assim, quando os policiais tiraram a criança de cima deles, é que puderam seguir viagem.

Eles perderam muito tempo, e não só isso... Perderam Xurema.
A sorte é que eles sabiam o caminho até o centro da Terra, mas sem Xurema, tudo agora seria mais difícil.

Como o corpo de plástico de Pintosvaldo não tinha mãos para tirar o que sobrou de Xurema do chão, eles tiveram que a abandonar ali, onde um cachorro usou para marcar território.

Nada mais fazia sentido para Pintosvaldo, que teve seu coração de plástico quebrado. Era muito humilhação ver o que sobrou de seu amor sendo mijado por um cão de rua qualquer.
Sem pensar direito, ele o atropelou, o matando.

"Pintosvaldo... Vamos... Temos um longo caminho pela frente..."

"Sim... quanto mais cedo acharmos a Neide, mais rápido eu me encontro com Xurema..."

To be continua...

Pintosvaldo o velotrol  amaldiçoadoOnde histórias criam vida. Descubra agora