Toda vez que fecho meus olhos com o fone em meus ouvidos, sou tele transportado, para um lugar distante, lá, eu faço o que eu quero, lá eu sou quem eu quiser ser. Esse é o meu reino, não há decepções, esse mundo é perfeito. Não me importa o que dizem sobre essa minha imaginação fértil, isso torna minha fuga muito mais fácil. E enquanto a música toca, esqueço tudo ao meu redor, eu caio em meus pensamentos, e não consigo acreditar no que vejo. Estou agora em meu paraíso, dia típico de primavera, estou protegido do sol pela sombra de uma grande árvore, a única desse porte onde estou, uma leve brisa bate contra meu rosto, percebo que a música está em seu ápice, essa com certeza é a melhor batida dela. No horizonte, vejo as montanhas mexendo-se conforme o ritmo da música, elas parecem dançar em meio a paisagem, as nuvens são coloridas com vermelho intenso, e a minha volta estão animais variados, desde grilos até elefantes, todos se mostram felizes, dançando ao ritmo das batidas. Sinto uma gota de água cair bem no centro de minha testa, olho pra cima, entre os muitos galhos ainda está o sol, a música está em sua parte final. Mais e mais pingos. A música acaba. Tiro meu fone. Voltei a realidade. Estou apenas no pátio de minha escola, não é primavera, pelo contrário, estamos no outono. O céu está preto, não há montanhas, nem animais dançantes, apenas eu, sentado, em meio aos pingos de chuva recém começada. Como é triste a realidade.
