60° Bônus

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PH

Mais um dia que o morro tá dando lucro, já fez uns 4 meses que o dinheiro só tá entrando fiz vários investimentos e as armas de fogo vão chegar daqui duas semanas.

Quem tenta contra a gente vai tomar na cara pra entender que vacilão morre cedo!

No morro tudo certo e querendo ou não essa calma até nos assusta.

Meu casamento com a Maria Eduarda posso dizer que nem existe mais, ela vive nessa desconfiança e eu não tenho paciência pra esses mimimi.

...

Sai da minha sala na boca e mandei meus vapores ficarem ligeiros.

Subi pra casa coisa que não fazia a dias, pelo menos não esse horário.

Entrei na sala e as meninas estavam lá, passei reto pra não me encherem de perguntas, olhei na cozinha e pelo visto Madu tinha feito comida, mas me recuso comer.

Subi pro nosso quarto, fazia semanas que não dormia aqui, muito menos dormia junto dela, abri o guarda roupa e separei uma roupa, entrei no chuveiro e deixei a água cair no meu rosto junto com todas as lembranças que já tive com ela.

Maria é a mulher da minha vida, não me vejo sem ela mas chega um momento que fica difícil aguentar certas coisas, ela sempre apontado meus erros e eu só precisando da minha fiel...

Desliguei o chuveiro e escutei ela mexendo em alguma coisa no quarto, sai do banheiro e ela estava na cabeceira dela, procurando alguma coisa.

Seu olhar tava abatido, as olheiras completamente profundas igual as minhas, ela simplesmente ignorou minha presença e saiu do quarto batendo a porta.

Vesti minha roupa e passei um perfume, calcei minha havaianas e abri a janela, olhei a vista da favela me desbruçando na janela, molecada empinando pipa, outros na quadra jogando futebol.

Dei um sorriso ao lembrar de mim e dos meus parceiros fazendo a mesma fita que essa criançada, tempo bom que não volta mais...

A favela tava mais alegre, baile toda semana porém não estava indo, realmente estou sem cabeça pra ficar curtindo baile funk.

Milhões de pensamentos e lembranças vieram na minha mente, olhando a vista da minha comunidade desde pivete até agora.

Foi aqui que eu cresci e virei homem, foi no alemão que eu conheci meus parceiros que posso chamar de irmãos, conheci a mulher da minha vida, minha fiel.

Criei uma família e faz 18 anos que eu sou cara mais feliz do mundo com as minhas crias Maju, Ali, Nick e o meu molecote Pietro.

Tem segredos nessa família que aconteceu nessa favela que meus filhos não podem nem sonhar.

Não me vejo fora daqui, sem comandar cada viela, cada rua, cada esquina, sem andar por aqui e falar com cada morador que conhece desde criança.

Sai dos meus pensamentos com a Maria Eduarda procurando alguma novamente na sua cabeceira.

Olhei pra ela que também estava olhando pra mim tentando disfarçar.

Filhos do AlemãoOnde histórias criam vida. Descubra agora