Capítulo 1

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Está um dia nublado para o litoral santista, mas infelizmente não posso escolher ficar em casa, tenho que arranjar um emprego. Já fazem dois meses que estou desempregada, e preciso de um trabalho logo, pois minhas economias já estão acabando, e minhas contas não param de chegar.

Como sou formada em psicologia fica mais fácil procurar um emprego. Hoje mesmo, tenho três entrevistas: duas como ajudante em escritórios e uma como psicóloga em uma escola. Espero conseguir entrar nos escritórios, pois não tenho paciência com crianças!

***

O primeiro escritório que eu fui foi o da Dra. Julia Bezerras, o Viver Bem, e o segundo no do Dr. Lucas Garciaz, o Irmãos Garciaz, e sinceramente acho que fui muito bem com o segundo.

Dr Garciaz é um homem muito educado e inteligente, mas sua beleza é o que mais chama atenção: seus olhos são verdes e profundos, e seu cabelo negro. É um homem alto e um pouco mais pálido que o normal, e seus músculos são tão rígidos que aparecem por sobre o terno que estava usando. E a maneira como falava meu nome com sua voz voz grossa: Christina, me distraia a todo momento.

Acredito que ele gostou de mim, falei sobre meu currículo e sobre minhas experiências. E pude conhecer o escritório inteiro e os outros doutores de lá, todos irmãos, uma coisa que não fiz com a Dra. Bezerras.

Estou indo agora para escola, mas desejando a Deus que eu já tenha um emprego garantido no escritório.

***

Chega de entrevistas por hoje! Na escola acho que também fui bem, mas sinceramente ver aqueles pestinhas correndo não me alegrou muito, além do mais, um garoto do 4° ano passou correndo por mim e me derrubou, me desanimando ainda mais do emprego. Espero realmente que eu consiga o emprego no escritório dos Irmãos Garciaz, até agora é o único que tenho esperanças ainda.

Fui direto para um café perto da minha casa, pois estou morrendo de fome, e não estou nem um pouco afim de cozinhar.

-Um prato de bife a milanesa com batatas fritas, e suco de laranja natural para beber, por favor - pedi para o atendente, e fui me sentar numa mesa no canto do lugar.

  Estou nervosa, só vou saber dos resultados das entrevistas amanhã. Preciso muito de um emprego. Desde que terminei com meu último namorado, minha vida anda muito desestabilizada. Ele me deu um fora, e desde então comecei a faltar muito no meu antigo emprego, por isso fui demitida.

Por sorte quem se retirou da casa foi ele, então não estou morando na rua ainda, pelo menos não até me expulsarem por atrasos do aluguel.

Eu admito que moro num lugar difícil de se bancar, mas é um lugar maravilhoso e não pretendo me mudar tão cedo. Santos é um lugar muito bom de se morar, mas infelizmente é caro, por isso preciso desesperadamente de um trabalho.

Chegando em casa, tomo um banho e vou direto para cama. Estou muito cansada. Amanhã saberei se já posso começar a usar minha CTPS de novo, espero muito que dê tudo certo. Esse ano não iniciou bem, e realmente não quero que acabe como começou. Se meus planos derem certo, até o fim do ano estarei muito melhor como nunca estive.

***

Acordo cedo! Provavelmente por causa da ansiedade para saber se consegui um emprego. Tomo meu café e vou ler um pouco, já que preciso esperar me ligarem com notícias.

Pega meu romance favorito, Orgulho e Preconceito, pois preciso me distrair um pouco ou vou enlouquecer a espera das ligações. Abro o livro para começar a ler, mas sabendo que não vou conseguir passar do primeiro parágrafo. Por isso, desisto e vou fazer algo pra comer, mesmo sendo dez horas ainda.

Quando começo a fazer um sanduíche de presunto e queijo meu celular toca, corro para ele e atendo no segundo toque:

-Alô?! - pergunto com um pouco de falta de ar pela pequena corrida. Preciso me exercitar mais, estou muito sedentária, mas a preguiça de ir até a academia me desanima só de pensar.

-Ola meu amor! - quando ouço a voz nem acredito. Reconheço no mesmo momento e fico me perguntando o que ele faz ligando para mim.

-Renato?!! O que faz me ligando? Pensei que não quisesse mais me ver.

-Andei pensando em nosso relacionamento a um tempo, acho que foi um erro terminar com você. Queria saber se gostaria de jantar comigo neste sábado, para podermos conversar melhor sobre nós.

Quando ouço essas palavras meus olhos enchem de água. Renato me deixou no começo do ano, e por causa dele minha vida se desestabilizou completamente, só agora fui me estabilizar. Precisei de muita ajuda, de meus pais e familiares, até minha amiga Julia teve que sair de São Paulo para poder me ajudar. E sempre eu ouvia a mesma coisa, que era para esquecer ele e que não deveria correr atrás de alguém que não te dá valor. Mas mesmo assim não consegui controlar as palavras que saíram da minha boca:

-Tudo bem... - falei tão baixo que me surpreendi que ele tenha ouvido.

-Que ótimo! Nos vemos no nosso restaurante ok?! Espere que se lembre qual era, foi um lugar muito importante para nossas vidas.

Assim que ele desliga eu cai no choro. Não acredito que ele se arrependeu. Não posso deixar me levar, tenho que tomar cuidado. Ele já me magoou uma vez, e pode fazer de novo. De repente o celular toca de novo, me tirando totalmente de meus devaneios. Quando atendo é o próprio Dr. Garciaz que atende.

-Alô?! Srta. Oliveira? - Aquela voz grossa sempre me causando calafrios, mas por algum motivo eu gosto disso.

-Alô! Eu mesma, como posso ser útil Dr Garciaz? Não me disseram que seria você quem me ligaria, achei que seria uma das assistentes de vocês - demoro um pouco para responder, mas consigo manter a postura na voz mesmo depois de ter chorado.

-Fiz questão de ligar pessoalmente para lhe parabenizar. Você conseguiu a vaga, e será minha nova ajudante durante minhas consultas. Por isso quero vê-la amanhã cedo pronta no escritório. - ouvindo, quase grito de alegria. Estou dando pequenos pulinhos, torcendo para que ele não perceba a euforia na minha voz.

-Claro senhor. Até amanhã, e obrigada pela chance, não irá se arrepender.

-Espero que não. Tenha um bom dia. - Mesmo desligando na minha cara de modo rude, não foi suficiente para diminuir um centímetro do meu sorriso.

Não me importa mais com as outras ligações, mas mesmo assim atendo com educação. Consegui a vaga na escola, mas no consultório Viver Bem não. Ligo para minha mãe e meu pai para dar a grande notícia.

-Que maravilha Titi, estou muito feliz por você. Que orgulho da minha filhinha, conseguiu um ótimo emprego meu bem. - ouço minha mãe falando com meu pai ao lado.

-Mãe, não me chame de Titi, é vergonhoso. E obrigado por tudo, sem vocês eu não conseguiria me levantar sozinha.

-Você será minha eterna Titi querida. Estaremos aqui para o que precisar. Não temos escolha, somos seus pais.

-Obrigado mãe, amo vocês. - digo rindo com o comentário da minha mãe.

-Também te amamos querida. - ela desliga, e volto minha atenção para o sanduíche que estava fazendo, esquecendo, por ora, da primeira ligação que tive.

***

Psicologia do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora