segundo capítulo

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Todas as fêmeas estavam-se a preparar para uma festa. Sempre que uma nova fêmea chegava à casa, todas usavam pulseiras feitas pelas mesmas.
Colhiam a flor caveira no jardim, por vezes, chegava a ser divertido procura-las.
Dânia sentia saudades dessas brincadeiras e dessas festas em que todas faziam asneiras.
Mas nunca se sentiu confortável ao ter que cumprir tantas regras, que por ventura não concordava com algumas.
Não gostava de fingir para a sociedade que não gostava de acasalar, que não sentia saudades de o ter no seu interior apenas não podia fingir que intimidades com Ciro não eram boas.
Não entendia o porquê que as fêmeas eram interiorizadas, seria apenas por não terem poderes próprios? Por dependerem do sangue de macho?
Apenas não concordava, sentia-se por vezes aliviada por já não pertencer a esse código de honra...
Nunca pertenceu ao mesmo, o seu criador era bibliotecário e a sua esposa lavava os fatos de guerra. Já tinha um historial de pobreza, que agora estava a pagar por um nobre se ter apaixonado por ela.
Dânia estava a limpar a limpar a escadaria da porta da frente , mais um trabalho que lhe foi oferecido além de ajudar as costureiras com as roupas de guerras. Mais um castigo pela morte inexplicável do vigilante.
Enquanto ela esfregava e enxugava as escadas a porta abre-se e sai de lá uma jovem de cabelos ruivos brilhantes e compridos a correr.

   — E se tivesse mais cuidado? — Ergueu o seu corpo magro do chão e colocou ambas as mãos molhadas sobre cada lado do seu corpo.

   — E quem és tu, para falar assim comigo ? Eu faço o que me apetecer. — Riu-se com gargalhadas bem altas na cara de Dânia que por sinal não gostou muito.

Ela desceu as escadas o mais depressa que ela conseguiu, com vontade de lhe colocar a mão na cara apenas lhe proferiu :

  
   — Aqui não fazes não o que queres minha jovem fêmea... — Fez uma pausa até chegar bem perto do rosto dela. — Tens regras a cumprir, e tens de as cumprir bem se não és castigada assim como eu, e ficas décadas sem ter um marido. Agora comporta-te antes que te leve ao chefe desta casa.

Voltou-lhe as costas e regressou ao seu trabalho imundo. Sentiu-se mal, sentiu-se mais uma vez que não era ela. Afinal ela própria era igual a ela quando cresceu... Era espontânea, luminosa e acima de tudo bem humorada.

   — Çê faz parte das fêmeas reais? Só está a lavar as escadas com essas roupas desprezíveis por castigo? — Arregalou os olhos e seguiu-a atenta.

   — Eu era a fêmea de Ciro, um grande nobre, mas ele já não vive aqui... Então sou castigada desde então. — Ajoelhou-se , apertou a esponja entre os dedos já enrugados e esfregou com fúria.

   — Peço-lhe imensa desculpa senhora. Eu fugi de meus aposentos antes da grande festa com as outras fêmeas. — Fez uma vénia perante Dânia.

  
   — Não podias adivinhar. Agora volta para os teus aposentos... Não vão gostar de te ver a falar comigo.  Muito menos que tenhas fugido. — Não retirou os olhos da sua tarefa.

Abafando o choro, ninguém naquela casa queria falar com ela e nunca falou em voz alta sobre o que aconteceu naquela noite há 10 anos.
Naquela momento queria que ela fosse embora, que pensasse como os outros e não a fizesse explicar.

— A senhora é capaz de ter razão, não quero ter um castigo igual ao seu. — Desta vez teve cuidado a subir os degraus para não voltar a mulher Dânia.

Horas mais tarde

   — Oceana, não podes ir assim para a festa. — Aconselhou-a a sua protetora.

Tinha vestido uma saia que ficava a uns 25 cm aproximadamente acima dos joelhos , umas meias transparentes até ao joelho, e uma blusa vermelha com os botões abertos que se via o início dos seus seios.
Definitivamente não era roupa pra uma pequena fêmea solteira usar, muito menos numa festa de boas vindas.

Beijar-teOnde histórias criam vida. Descubra agora