Capítulo 1

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-Tudo bem mãe. - falei saindo do carro e olhei para meu irmão que estava do meu lado, com minhas bolsas e então novamente para ela e meu pai - Podem ir tranquilos! Não sou mais uma criança.

Assim que falei isso, fiz uma careta. Para eles, sei que não irá importar minha idade, sempre serei a filhinha deles. Ter pais corujas é difícil.

-Vá para faculdade. Não fique de bobeira! - minha mãe falou mais uma vez e eu me segurei para não revirar os olhos - Tome cuidado! Cuide dela Natanael!

-TCHAU PARA OS DOIS! - falei frustrada e eles suspiraram, mas meu pai se inclinou na direção da janela, sobre minha mãe e sorriu triste - Vocês vão viajar pelo mundo praticamente! Planejaram essa viajem desde jovens! Não fiquem tristes! Será no máximo dois anos. Nós ainda podemos nos falar por telefone e videoconferência. Se não forem agora vão adiar novamente depois.

-Tudo bem querida. - ele falou e respirou fundo, como se estivesse tomando coragem, o que quase me fez revirar os olhos - Tchau para os dois.

-Voltamos logo! - minha mãe gritou quando meu pai saiu com o carro.

-Espero que não! - gritei de volta e ouço o fraco riso do meu pai que sumia junto com a visão do carro.

Olhei para meu irmão que segurava o riso. Eu já sabia o que se passava pela sua cabeça. A queridinha dos papais, com o malandro gênio da família. Problemas.

-Quieto. - bufei e ele negou rindo - Vai mostrar meu quarto?

-Vem coisa chata. - segurando minhas três bolsas, ele riu novamente e entrou na casa.

Eu admirei mais uma vez de fora, pois nunca vim para casa dele. Meio que assim... Nunca mesmo.

Ele comprou já faz dois anos, mas nós apenas nos reunimos na casa dos meus pais e agora eu finalmente vou conhecer a casa dele, o que sempre me matou de curiosidade.

Ela por fora era um amarelo suave, com janelas brancas e transparentes, a porta dupla da entrada era branca com maçanetas douradas e detalhes pratas. A casa de dois andares era larga, grande e eu diria que seria uma pequena mansão.

-Vem logo! - olhei para a porta aberta e corri para meu irmão.

Subi a pequena varanda branca que circulava a frente da casa e o segui.

-Então... Onde vou ficar? - perguntei e ele me olhou sobre o ombro enquanto subia as escadas, mas rapidamente voltou atenção para frente.

-Te coloquei no quarto mais isolado da casa, a pedido da mamãe. - ele disse - Como aqui tem várias festas, a maioria dos quartos são a prova de som, mas mamãe ainda quis ter certeza de que você estaria confortável e segura... Das minhas bagunças e festas que eu prometi maneirar.

-Você não é médico? Como tem tempo para festas? - perguntei incrédula.

-Eu nunca festejava na época em que estudava. - ele deu os ombros e sorriu - Comecei apenas agora que estou já com tempo pra descanso. Não sou eu exatamente que organizo as festas.

-Se não é você, quem é? - perguntei ainda desconfiada - Você é um neurocirurgião. Como tem tempo pra tudo?

-Eu disponibilizo aqui para fazerem festas e eu curto quando posso. Aproveito que aqui é tudo a prova de som, então não tem problema. - ele disse e suspirou - Mas não é fácil. É cansativo. Não faço mais faculdade, mas nunca paro. E às vezes quando está tendo festa aqui, eu nem estou ou acabo dormindo no quarto mesmo. Quem fica normalmente, é meu sócio. Acho que vou parar de dar essas festas, agora que você está aqui.

-Sei. - falei rindo e ele me olhou com cumplicidade.

-Na verdade quando ele dá festa é mais uma socialização dos conhecidos dele e que todos ajudam, pois bancar festas não seria nada barato. - Natanael explicou e eu assenti, sem realmente me importar.

Possessivo - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora