03; CAFÉ NEGRO E PROMESAS DE UM AMANHÃ

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Capitulo Três

{Ponto de vista do Harry}

Já se tinham passado duas horas desde que entrei no café ao fim da rua. E eu ainda não tinha intenção de me ir embora.

Esperava que a Chasity tenha sentido o mesmo, esperava mesmo. Mas parte de mim questionava-se se ela estava a ser apenas educada, e não queria parecer mal educada por me ignorar. Eu fiz o meu melhor para empurrar esses pensamentos embora, e apenas apreciar a sua companhia.

Surpreendentemente, não foi constrangedor falar com ela. E mesmo quando apareciam momentos de silêncio entre nós, eles eram sempre confortáveis; não o tipo que te faria agitar no teu lugar e querer jogar no teu telemóvel para passar o tempo.

 Aprendi a maioria dos básicos sobre a sua aparente boa vida. O seu nome inteiro era Chasity Belle, e estranhamente ela não tinha nome do meio. Ela preferia chá, mas quando vinha aqui ela pedia sempre o mesmo; um café negro e um pequeno queque de mirtilo. Eu gostava do facto de ambos bebermos o nosso café simples. E quando perguntei o porquê de ela beber o seu café simples, ela simplesmente respondeu, "Porquê não apreciar as pequenas coisas na vida?". Gostei realmente dessa resposta. Descobri também que uma das principais razões pelo qual ela vinha aqui era para observar pessoas. Ela mudou-se para Londres quando ela se mudou da casa dos seus pais aos dezoito anos de idade. Chasity tem dezanove anos agora. Ela nunca foi para a universidade, e em vez disso trabalhava numa livraria local.

 Em conclusão; eu tinha sonhado muito. E mesmo assim, não era o suficiente. Queria saber mais, e chegou a assustar-me o quanto eu ganhei por ter conseguido perceber-la completamente - para completar o puzzle que eu tinha apenas agora juntado as peças.

Teria-lhe perguntado mais uns milhões de perguntas, e eu até tentei. Mas ela não teria nenhuma.

 Uma pequena gargalhada escapou dos seus lábios, fazendo-me sorrir levemente. Eu juro, sorri mais hoje do que eu tinha sorrido no ano passado.

"Não quero falar mais sobre mim, Harry. Estivemos a fazer-lo durante anos. Que tal sobre ti?"

O sorriso que ela tinha nos seus lábios me fez querer beijar-la. Ela afirmava sempre coisas tão simples - tão honestamente. Era refrescante.

"Não sou assim tão interessante."

"Eu honestamente duvido isso," Ela contrapôs. 

Ficamos a olhar um para o outro por um segundo - um pequeno concurso de visa entre nós os dois. Tentei o meu máximo para não sorrir.

Finalmente cedi. Encostei-me ligeiramente ao meu banco, e sorri.

"O que queres saber?"

Ela encolheu os ombros, "O que estás disposto a contar-me?"

Decidi meter-me com ela, "Isso depende."

Ela arqueou-me uma sobrancelha. Pousou-se nos seus ombros em cima da mesa, e descansou a sua cabeça nas suas pequenas mãos, os seus olhos nunca a deixarem os meus. "No quê?"

Ri um pouco, "No que quiseres saber."

Ela torceu o seu nariz ligeiramente, rindo silenciosamente. "Tu és tão difícil."

"Eu sei." Foi tudo o que eu disse.

Ela deixou aquele comentário pousar no ar por um segundo, e eu poderia dizer que ela estava a dissecar o que eu tinha dito - a tentar descobrir o que eu queria dizer. Deixei-a fazer-lo em paz, observando-a enquanto ela franzia os seus lábios de forma querida, a olhar para as suas mãos em baixo.

Depois de um momento de silêncio, ela olhou-me novamente. O seu sorriso tinha voltado, mas desta vez quase que parecia um pouco incerto. Encolhi-me mentalmente. Estúpido, estúpido, estúpido.

Observei-a por um segundo antes de falar, "Peço desculpa, fui rude."

Para o meu alívio ela abanou a sua cabeça ligeiramente de um lado para o outro, olhando-me com um novo tom aparente de curiosidade.

"Não, está tudo bem. Não estou chateada, apenas... frustrada."

Depois de um segundo toquei-lhe, "E porquê isso?"

O seus olhos penetravam nos meus, "Porque estamos sentados aqui à um tempo até agora, e eu ainda não sei nada sobre ti sem ser o teu nome. E isso é um pouco frustrante porque tu e eu ambos sabemos que existe muito mais atrás de um nome e uma cara bonita."

Ela não falou de uma maneira severa - de facto ela falou de uma forma tão gentil que fez o meu coração partir. O que é que ela me tinha chamado? Bonito. O meu coração sacudiu e deu piruetas de uma forma estranha no meu peito.

Eu estava para sentir tudo hoje - mas sentir o teu coração partir e fazer acrobacias tudo ao mesmo tempo deixava-me nervoso. Talvez devesse tentar em acalmar esse método de sentir durante um pouco. Mas de alguma forma sabia que não iria ser assim tão fácil. Tinha acabado de sair da minha pele apenas por pura persistência e sabia que o sacana do universo iria fazer-me sentir tudo novamente mas numa aceleração máxima. E isto era o que iria receber por tentar.

A Chasity não tentou interromper o meu breve momento de silêncio enquanto eu pensava novamente no que ela tinha dito - e os meus sentimentos idiotas. Apenas observou-me calada.

Ela olhou para o seu relógio com relutância, e amaldiçoou debaixo da sua respiração.

"O meu turno está quase a acabar na livraria Harry, eu devia ir..." olhou-me triste, e os nossos olhares cruzaram-se.

Sorri ligeiramente, mas até a mim próprio me pareceu falso. "Tudo bem. Vou..." arrastei, hesitando em acabar a minha frase. Vou voltar a ver-te? Parecia um pouco infantil em perguntar.

Mas ela parecia saber o que eu queria dizer.

"Venho aqui todas as manhãs, por volta da mesma hora. Por isso se alguma vez... quiseres companhia, estarei aqui."

E com isso ela foi-se embora, para dentro do vento de Inverno gelado.

Não consegui evitar o sorriso que se propagou no meu rosto.

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⏰ Última atualização: May 31, 2015 ⏰

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