Cá estava eu, como sempre ocupado em serviços e ordens do rei. Eram pergaminhos para escrever, ler, recitar, entregar; livros para distribuir aos empregados calouros, eram lições para aprender sem pausa. Às vezes me pergunto do porquê de meu pai ter pressionado-me tanto para um cargo que hoje eu nem sinto prazer em exercer.
Como sempre, a sala em que eu me concentrava era quieta, fresca e vazia. Eu me sinto confortável aqui. Não tinham coisas para eu me distrair e isso era perfeito. Ficar concentrado era uma dádiva quando se passava maioria do tempo naquele castelo repugnante.
Eu estava escrevendo em uma pequena nota. Tinham muitos ensinamentos que eu havia de aprender sobre o cargo, entre elas, "como tratar seu absoluto". Quem em toda Europa faria um artigo de assuntos assim? Eu realmente não o entendia.
Repentinamente, eu ouço um bater na porta, que parecia desesperado pela frequência e força. Não ressenti, e falei calmamente que poderiam abri-la. Nisso, o soldado Iida e a mensageira Ochaco (ela sofria em demasiado nas mãos do rei) entraram de imediato. O ruim era que eles falavam entre gritos e berros. Não sabia se era espontâneo ou aflito.
— SOLDADO TODOROKIIIIII! – Ochaco era bem animada. Mesmo eu não gostando dela me chamando de soldado, sua alegria era contagiante.
— Eu já lhe disse que não precisas usar o "soldado". É apenas um cargo. – Eu parava de escrever por um tempo apenas para olhá-la. Falar enquanto olhava pros olhos de alguém, pra mim, era como uma regra imediata.
— Ah, tu sabes que é costume, não sabe? Até porque o rei nos obriga a isso. — ela balançava a mão como se fosse pra esquecer o erro. Realmente era uma ótima desculpa.
— O que vocês querem? Sabem que não podem demorar pra fazer o que o "absoluto" pede, não sabem? – comentei em tom de deboche e tédio.
— Todoroki tem mesmo raiva do rei, até me impressiona – Ochaco começava a dar uma risada contida e Iida colocava a mão na boca, rindo junto.
— Mas deve ser mesmo ruim ser um soldado que é tratado como servo, não acha? – Disse o moreno, ainda com um sorriso no rosto – Todoroki faz bastante coisa que não tem nada a ver com ele.
— Eu queria não ser tratada como uma simples mensageira. – ela inflava as bochechas, enquanto mexia numa mecha de seu cabelo.
— Eu irei ter que perguntar o que vieram fazer aqui, novamente?
Mal terminara de falar e rapidamente entendia o porquê da presença de ambos.
Os gritos do rei eram ouvidos de longe, chamando por Iida, Ochaco e eu. Ele estava mesmo irritado, mas não era algo novo.
Eu pude ver cada fio de cabelo deles arrepiando-se de medo, e não vou mentir falando que não achei certa graça mesmo sendo um tanto tenso.
— ESTAMOS INDO, ESTAMOS INDO!!! – eles saíram apressados, quase tropeçando em seus próprios pés.
Era engraçado o fato que eles tinham se distraído comigo facilmente, mesmo que fossem punidos por isso. Também não achava que seria algo que mudasse com a mesma facilidade.
— Eles não tem noção do perigo... – recitei baixinho pra mim mesmo, arranjando todas as forças necessárias pra sair da sala.
Levantei-me da minha confortável cadeira e fui em passos rápidos até a porta, mantendo o ritmo entre os corredores. Ele não ia me esperar por tanto tempo. A desvantagem era que aquele castelo era enorme, às vezes eu me perdia. Sorte minha que o local aparentava estar vazio. Os subordinados do autoritário sempre vão em alguma festa, era algo inexplicável.
Em pouco tempo, eu estava em seu "mundinho" naquele palácio. Sua sala gigantesca, onde ele apenas ordenava, ordenava e ordenava, sempre sentado naquele trono exagerado. O lugar era cheio de relíquias e coisas do tipo. Mesmo sendo normal de uma sala real, eu achava tudo demasiadamente excessivo, passando a achar que servia para esbanjar-se da riqueza, até comento sobre para Ochaco e Iida, mesmo que eles tenham medo do soberano ouvir.
Eu me aproximei e, sem hesitar, eu me curvei ao loiro de olhos vermelhos. Ele estava com o semblante emburrado de sempre e me fitava com desgosto, talvez pelo meu atraso. Provavelmente eu não iria dormir a noite, já que minhas punições se resumiam em escrever, aprender e exercitar-me.— O que me trazes aqui pra ti, alteza?
— Finalmente estás a estudar as lições de trato à mim! – ele falava em um tom impaciente. – Anote tudo o que este moço pede. – Tal parecia ter vontade de gritar, mas estranhamente se contia.
Até agora não tinha visto o "moço" ao que o loiro se referiu, talvez por estar distraído demais com o exagero do local, mas quando olhava para o lado disfarçadamente, consegui avistar o camponês que tinha cabelos verdes e ondulados, de olhos grandes e redondos. Não demorei e levantei-me, balançando a cabeça em afirmação.
— Assim farei, alteza!
Eu nem pensava que o caos começaria quando a ordem terminasse.
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Era uma vez não tão distante...
FanfictionO que faria se tivesse apenas de obedecer? Você não poderia ir além das regras, você teria um autoritário... em uma época de absolutismo. E entre essas regras, você não poderia se apaixonar.