Julieta Fields é a garota mais certinha que Los Angeles conhece. Ela nunca se atrasou, nunca quebrou regras e nunca saiu da sua zona de conforto, ao contrário da sua irmã mais velha que é considerada a mais popular da escola.
As férias de inverno...
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Surpresa.
Decepcionada.
Chocada.
As pessoas guardam segredos, isso é óbvio, eu só não imaginava que seria tão fácil para Matthew esconder algo desse tipo, um segredo tão grande.
Fazem exatos quarenta e dois minutos que eu desliguei o notebook para não ver mais nenhuma fofoca sobre o Matthew Sink e o skiing. Eu não consegui ler mais nenhuma notícia na internet, estava chocada demais para fazer isso. De todas as pessoas que eu conheço, o Matthew seria o último da lista que eu imaginaria que no passado fosse um grande esquiador, com a exceção do Thomas, é claro.
E agora eu estou aqui, sentada na beirada da cama pensando em como uma coisa dessas poderia ter acontecido.
Milhões de perguntas passam pela minha cabeça, mas para a minha infelicidade, não sei nenhuma das respostas.
Eu sei que não tenho direito algum de ter esse sentimento, mas de alguma forma eu me sinto traída, eu queria muito que ele tivesse me contado. Eu realmente queria que ele confiasse pelo menos um pouquinho em mim, mesmo que nós dois sejamos apenas colegas de viagem. Eu estou errada, eu sei, ele não é obrigado a me dar satisfação de absolutamente nada, mas mesmo eu não querendo nem um pouco, eu me sinto assim, afetada.
Por que ele desistiu do skiing? Será mesmo que ele ganhou a competição final? Será que ele brigou feio com o Ethan? O que aconteceu?
A minha vontade agora é de sair correndo e ligar o notebook, ver todas as notícias possíveis e saber tudo que estiver ao meu alcance, mas eu não posso fazer isso, acho que ele se sentiria incomodado.
Alguém bate na porta, me fazendo dispersar dos meus pensamentos.
— Entre! — grito, sem animação.
Me surpreendo ao ver Matthew na porta do quarto, ele está com um sorriso gigantesco em seu rosto. Ele corre até mim e se senta ao meu lado com muita agitação e animação. Está exalando felicidade.
— Pimenta, assim que eu soube vim correndo te contar. VOCÊ NÃO SABE O QUE ACONTECEU! — ele pega o celular no bolso e me mostra a foto da tatuagem falsa que ele desenhou tatuada em outras pessoas.
— O que é isso?
— O meu desenho ficou na loja. Uma mulher viu e amou! Agora muitas pessoas estão fazendo essa mesma tatuagem. Não é incrível?
— É. — digo fria.
Não consigo. Eu juro que não consigo agir como se não tivesse acontecido absolutamente nada.
— Está tudo bem? — ele pergunta preocupado. — Aconteceu alguma coisa? Precisa de ajuda?
— Não.
— Hum...ok. — ele abre um sorriso ainda maior e se aproxima mais de mim, me mostrando as outras fotos e vídeos que as pessoas fizeram com a tatuagem. Matthew parece estar tão radiante e feliz com algo tão simples.
Nunca o vi assim, tão leve. As suas covinhas decidiram aparecer, o seu cabelo está bagunçado de um jeito extremamente fofo, é um tipo de bagunçado bonito, se é que isso realmente existe. Ele veste um moletom escuro e quentinho, uma calça jeans clara, um tênis simples e carrega uma naturalidade e leveza no seu sorriso que eu nunca havia visto antes, algo surreal, um sorriso que encanta qualquer pessoa. Quando ele sorri demais, os seus olhos ficam um pouquinho menores, e uma risada sempre vem em seguida, é fofo e confesso que muito encantador.
O seu perfume tem um cheiro doce e suave, diferente do mesmo, que é o contrário. Matthew é uma bomba relógio que pode explodir a qualquer momento. Ele é intenso. Seu coração é bom, juro, mas está machucado, isso é extremamente evidente. Sua voz rouca me causa arrepios, isso é normal né?
Eu gosto do jeito que o meu nome soa em sua boca, por mais que eu diga o contrário e ainda reclame, eu gosto quando ele me dá apelidos. Eu posso até tentar negar todos dias, mas ele de uma forma ou outra, é uma pessoa que eu gosto de ter por perto.
— Olha essa aqui! Ficou bem parecida com a nossa. E olha essa! Não está tão linda? — ele vai me mostrando e ao mesmo tempo apontando para cada uma das fotos.
Não me aguento, o nervosismo aperta o meu peito, e eu digo:
— Por que não me contou que você era um esquiador?
Seu semblante muda. A sua felicidade vai embora, dando espaço a tristeza e escuridão. Ele está tenso.
— Não quero falar sobre isso. — ele se afasta de mim, levantando da cama e andando de um lado para o outro.
— Você...mentiu para todo mundo, Matthew. Por que fez isso? Mentiu para mim. Sei que não somos próximos, mas você poderia ter me contado a verdade antes de ter entrado em um avião junto com TODA a minha família.
— Julieta, eu não quero falar sobre isso. — ele passa as mãos pelo seu cabelo milhões de vezes, prestes a explodir. Está angustiado.
Levanto da cama, e ando até ele.
— Você é muito bom em esconder segredos, eu deveria imaginar.
Sua angústia aumenta, até que ele explode de uma vez.
— SERÁ QUE VOCÊ PODE PARAR?
Levo um susto com o seu grito, e por esse mesmo motivo fico vermelha e nervosa com essa situação, prestes a explodir junto com ele.
— NÃO. Você é um mentiroso.
— E você não tem que se meter na minha vida. O que eu faço ou deixo de fazer não te diz respeito. Você não sabe a metade das coisas que eu já passei, e se soubesse, não estaria reclamando tanto da sua vida.
Começamos a gritar um com o outro. Nós dois nervosos. Ele caminha pelo meu quarto de um lado para o outro enquanto eu me mantenho parada apenas rebatendo tudo o que ele diz. Estou sem paciência, e ele também, o que torna as coisas ainda piores.
— Eu nunca deveria ter aceitado vir para essa viagem. — ele grita.
— Não deveria mesmo! As coisas estariam muito melhor se você não estivesse aqui. — grito, rebatendo.
— As coisas estariam muito melhor se você não fosse tão INTROMETIDA.
— SAI DO MEU QUARTO! — aponto para a saída enquanto abro a porta.
Ele ainda está furioso, não me olha nos olhos e sai do quarto batendo à porta com toda a sua força fazendo um barulho estrondoso.
Seguro o choro o tempo máximo que consigo, mas assim que Matthew vai embora eu começo a chorar. Sento na cama e abaixo a cabeça. É a minha forma de aliviar a raiva.
A porta é aberta mais uma vez.
A esperança invade o meu coração ao imaginar que Matthew voltou.
Mas não era ele.
Era o Jason.
— Posso entrar? — sussurra
— Pode. — permito com a voz chorosa.
Ele vem até mim, se senta ao meu lado e me abraça.
