Cap I

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"— A música... bem, ela é como água morna sobre a pele. Não, isso é muito simplório. A música é como as penas de um anjo que tocam seu corpo e trazem júbilo. Uma gota do pura néctar enviado pelos deuses para esses miseráveis mortais saberem o que significa o prazer. O sentimento transformado em notas e explorado pelo corpo.

— Sentimento? Qual sentimento?

— Você ainda é criança para saber. Um dia descobrirá."

— Vamos sair daqui, Sasuke! Anda. Não vai arrumar confusão logo hoje, mano. Por favor.

Naruto o segurou pelo ombro e Shikamaru cobriu sua visão com o corpo separando-o do homem que ria embriagado. Sasuke apertou os dentes e os lábios desviando os olhos daquele homem. Suas mãos formigavam apertadas querendo socar aquela cara e seus pés se atrapalhavam quase causando a própria queda.

— Foge, seu fracassado! — O homem gritou entre os braços que o apartavam e tentavam mantê-lo em pé. — Seu grande filho da pu...

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Sasuke fechou os olhos com força. Parecia ter sido atingido por um martelo na cabeça e um chute direto no estômago. O segundo poderia realmente ter acontecido, ele não se lembrava, mas sentia que podia vomitar a qualquer momento.

A cabeça estava baixa olhando para os tênis sujos que haviam parado de se mexer naquele piso tão branco. Seus cotovelos apoiavam-se nos joelhos da calça jeans rasgada e suas mãos machucadas apertavam-se uma contra a outra. O cheiro daquele lugar estava lhe dando náuseas.

É aniversário do Naruto, só vamos beber algo. O que poderia dar errado? — A voz monótona de Kakashi o atingiu como um novo golpe. Os pés pararam na frente dele, mas Sasuke não teve coragem e nem vontade de levantar a cabeça para encará-lo. Ouviu o suspiro cansado de Kakashi. — Vamos, levante. Teremos a noite inteira para conversar sobre o que aconteceu.

Levantou-se a contra gosto seguindo as costas de Kakashi para fora do pronto socorro. Naquela hora da madrugada quase ninguém estava lá, e felizmente Shikamaru havia conseguido acabar com a teimosia de Naruto e levá-lo dali.

Kakashi o olhou por cima do ombro quando alcançaram o carro no estacionamento deserto.

— Vai se desculpar com Naruto amanhã.

— Não fale comigo como se eu fosse uma criança. — rosnou sentindo a boca seca e seguindo direto para o lado do passageiro.

Kakashi suspirou mais uma vez e passou a mão pelos cabelos grisalhos.

— É bom ter uma boa história para me contar desta vez. Eu estava em um ótimo encontro com uma dançarina de tango, seu moleque.

Sasuke desviou os olhos para a janela com um pequeno sorriso satisfeito. Kakashi não falaria mais uma vez como o adulto responsável e Sasuke não precisaria se envolver em outra briga naquela noite, mas também não diria a Kakashi o que havia acontecido.

Ergueu a mão e tocou o curativo em sua testa com uma careta. Talvez tivesse mesmo sido atingido por um martelo...

— Hein, garoto? Não deixe ser provocado. — Kakashi falou novamente quebrando a teoria que um comentário brincalhão deixaria o clima melhor. Sasuke não o encarou, olhava para as luzes da cidade passando rápidas pelo vidro do carro. — E não se comporte como uma criança se não quer ser tratado como uma. Vai se desculpar com Naruto amanhã de manhã.

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