dizem por aí que se você disser a mesma palavra várias e várias vezes, ela perde seu sentido. era uma regra simples e clara e sua descoberta me abriu novos horizontes. e o eu pequeno criou o hábito de repetir palavras que não soavam agradáveis no seu significado.
veja como é fácil e eficiente, por exemplo a palavra rejeição. repita ela "rejeição, rejeição, rejeição, rejeição, rejeição", viu? logo ela se destitui do seu sentido amargo.
então, quando te conheci, não queria tornar-te como as palavras que, ao serem usadas várias vezes, começam a soar estranhas. por isso nunca te chamava da mesma forma. era 'jimin, jiminie, jimin-ah, hyung, amor.' sem jamais deixar que tua existência tão inteira caísse em campo semântico de nada.
mas trouxeste também junções de letras ainda mais bonitas, que ao serem pronunciadas aqueciam as bochechas. e eu gostava tanto de ouví-las que fui imprudente e te fiz repetí-las, sem jamais cansar-me de escutar elas ou achá-las estranhas. porque a regra era clara, "se você disser a mesma palavra várias e várias vezes, ela perde seu sentido", entretanto, se ouvisse-as repetidas vezes seu sentido era reforçado. como pleonasmo.
acho que de tanto dizê-las, elas perderam o significado pra ti. então tua voz não ditava-as como antes, e teus sorrisos não eram mais frequentes. eu dizia "jimin-ah" mas dessa vez receoso. a regra era clara, se você disser a mesma palavra várias e várias vezes, ela perde seu sentido.
mas soaste decidido quando da tua boca saiu um 'precisamos terminar', e deus sabe o quanto eu queria que tivesses repetido essas palavras, para que elas virassem nada na tua mente.
contudo, isto não aconteceu. e minhas súplicas para que ficasses, foram em demasiado número, não tiveram sentido. mas palavras não são brinquedos, exceto para poetas renomados. e eu, criança no alfabeto, não consegui mais mudá-las.
elas subiam pela garganta e ficavam presas ali, como choro acumulado. então eu as deglutia para que queimassem no ácido do estômago. depois que tu foste, me tornei relutante em falar qualquer coisa, preso em mudez e silêncio absoluto.
não penses que não tentei alterar o que sentia. porque a regra era clara e falha, se você disser a mesma palavra várias e várias vezes, ela perde seu sentido. entretanto, quanto mais eu repetia "eu te amo, eu te amo, eu te amo", mais elas significavam algo. e tampouco funcionou quando usei teu nome várias vezes, e a cada 'jimin' que eu dizia, feridas se abriam no céu da boca.
dizem por aí que se você disser a mesma palavra várias e várias vezes, ela perde seu sentido. então por qual razão tu continuavas sendo tudo, não importando quantas vezes eu dissesse seu nome?
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dizem por aí
Poetry˗ˏˋ kookmin | drabble ˎˊ˗ dizem por aí que se você disser a mesma palavra várias e várias vezes, ela perde seu sentido. então por qual razão tu continuavas sendo tudo, não importando quantas vezes eu dissesse seu nome?