Fala logo, Gabriel!

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Ao lado de baphomet, Gabriel esperava sentado. Permanecia focado em seu pequeno caderno de anotações que usava, vez ou outra, para escrever alguns versos:

- Bem, Baphomet... O que posso dizer de Aristóteles? - Disse ao cachorro que o observava atento. - "A vida irrefletida não vale a pena ser vivida" é o que ele diz. Não confunda com narcisismo, por favor. - O cachorro, com a cabeça tombada um pouco para o lado, continuava a prestar atenção. - Mas, mesmo assim, a verdade é que... - Suspirou. - Quando a gente reflete é uma merda!

- Falando sozinho de novo? - Perguntou Helena. Gabriel estava tão focado que nem havia percebido ela chegando.

- Eu estava falando com o Baphomet. - Respondeu. O cachorro cheirava os pés de Helena.

- Toma! - Ela disse mostrando um livro e tentando afastar o cachorro. - Eu não consigo ler isso. Não é para mim. É difícil e triste... Chega a não fazer sentido.

- Como assim não faz sentido? É Dostoievski, claro que faz sentido! Na verdade, esta é a única diferença entre a ficção e a vida real. A ficção precisa fazer sentido. Embora você não deva procurar um sentido para a vida na ficção. Eu já tentei, vai por mim, é um erro.

- Vou fumou de novo?

- Não.

- Por que trouxe Baphomet? - Helena não gostava daquele cão, muito desse sentimento vinha do nome dado a ele por Gabriel. - Para ele presenciar esse momento?

- Que momento?

- Você disse que queria conversar. - Helena deduzira que finalmente ele diria o que ela tanto queria ouvir.

- Sim, mas... Conversar nem sempre significa algo sério.

- Tudo bem, sendo assim, eu preciso te falar uma coisa. - O cachorro insistia nos pés de Helena.

- Eu também ia, mas achei melhor deixar para outro momento.

- Pode falar, Gabriel. Eu sei que você me chamou aqui só para isso.

- Fala você primeiro.

- Não, diz você. Sério. Pode falar.

- Como posso dizer o que eu tenho para dizer inquieto pela curiosidade?

- Diz logo, Gabriel!

- É que... Bem... Ann... - Gaguejou. - Ah! Esquece. Depois eu te falo.

- O quê? Para com isso! Agora você vai falar!

- Não é nada, deixe isso para lá. - Tentou beijá-la no rosto, mas ela se esquivou do beijo e o olhou nos olhos.

- Diga!

- Não, eu... Eu esqueci o que ia dizer.

- Eu sei que você está mentindo. Solta isso do seus lábios. - Ela disse apertando a boca de Gabriel.

- Você pode tentar arrancá-las a força. - Tentou beijá-la novamente, desta vez na boca.

- Chega, está bem? - Disse revirando os olhos. Ela movimentou de forma rude o seu pé direito para que Baphomet a deixasse em paz. - Você não pode simplesmente dizer?

- Posso, mas não precisa ser agora. Eu fico desconfortável com esse tipo de coisa.

- Por favor? - Disse arrastadamente.

- Agora não.

- Porra, Gabriel! Quer falar logo? Mas que merda!

- Não!

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