Único

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Lá estava eu, em um longo vestido branco Jessica McClintock e uma orquídea de pulso, o luar brincando com meus cabelos, e um par de braços fortes envolvendo minha cintura, enquanto uma voz masculina gentilmente sussurrava meu nome:

"Susannah." A respiração do meu parceiro de dança estava suave contra minha bochecha. "Susannah..."

É. Nos meus sonhos. Na vida real, a voz chamando meu nome não era nem um pouco masculina. Isso porque pertencia a um garoto de doze anos.

"Uh, Suze? É, há algo seriamente errado com esses Cannolis¹."

Eu desviei meu olhar dos casais rodopiando perante mim e olhei para baixo. No lugar do total bonitão em um terno que estive imaginando, em pé na minha frente estava meu meio-irmão ruivo, segurando uma bandeja de pastéis italianos.

"Kelly está realmente maluca," Mestre conhecido por todos como David menos por mim – disse. "Ela diz que eles parecem deformados, ou algo assim."

Kelly estava certa. Os cannolis estavam deformados. Como vice-presidente do penúltimo ano, e relutante presidente do comitê do baile de formatura do penúltimo/último ano (Eu tinha sido apontada para a posição quando nenhuma outra pessoa se voluntariou.), eu tentei cortar caminho, usando os colegas de classe da sétima série do Mestre como fornecedores. Isto foi o que eu recebi por meus esforços: cannolis deformados.

Não que eu me importasse. Eu quero dizer, considerando o fato de que eu era a única garota do penúltimo ano na escola inteira, praticamente, que não tinha sido convidada pra este baile em particular. Este baile do qual eu era presidente. O que me importava os estúpidos refrescos?

Oh, tudo bem. Eu me importava.

"Suze, você está louca?" Kelly Prescott veio se aproximando, a saia de seu vestido de noite Nicolle Miller tremeluzindo no luar que emanava da fonte do jardim da Missão.

"Você esperava realmente que as pessoas comessem aquilo?"

Olhei para baixo, na direção dos pastéis, que deveriam estar como tubos, mas que pareciam mais pretzel².

"Há mais cannolis, ou estes foram a última fornada?" Eu perguntei ao Mestre.

"Hum," Ele disse, olhando nervosamente para Kelly, que, sendo a garota mais bonita em Carmel, Califórnia, considerava nós dois, meros mortais, completas aberrações. Ela estava certa sobre um de nós. E não era o Mestre. "Deveria haver mais."

"Bem," Eu disse. Tirei a bandeja de cannolis dele. Para Kelly, disse, "Não se preocupe com isso. Eu cuidarei disto. Volte para o seu par."

O par de Kelly, o presidente de classe do último ano, Greg Sanderson, estava em pé, embaixo de uma palmeira próxima, alto e legalmente lindo em seu terno. Ele era um dos caras mais bonitos na escola, então era de se esperar que ele tivesse convidado Kelly, ainda que um pequena aluna do penúltimo ano, para seu baile...

Ainda, ele só tinha feito isso depois que seu par original, Cheryl McKenna, inexplicavelmente, bem... Morreu.

Mas ei, era Greg. Que tipo de idiota rejeitaria um convite para ir ao baile de formatura com Greg?

Vou te dizer que tipo: eu. Não que ele tenha me convidado, claro. Mas se ele tivesse, eu teria sido forçada a declinar. Porque meu coração pertence a outro. Por todo bem que isso me faz.

Dando a Kelly um sorriso que ela não merecia, levei os ofendidos pastéis de volta a cozinha da Academia de Missão. Construída em aproximadamente quatrocentos anos atrás pelos monges Franciscanos, onde três pés de grossas paredes e gigantes vigas de carvalho não eram considerados erros de decoração, a Missão, agora uma escola, tinha atualizado as aplicações – e adicionou instalações elétricas – de modo que quando eu entrei na cozinha, eu podia ver meu reflexo no enorme geladeira subzero no fim da cozinha. E vamos dizer que eu não estava emocionada com o que via.

O sonho de toda garotaOnde histórias criam vida. Descubra agora