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BAKER, ayla.

Eu tinha acabado de chegar no meu destino.

Gastei todo o meu dinheiro com a passagem, e estava morrendo de fome, eu sabia que seria difícil encontrar meus pais aqui. Até porque é uma nova cidade, um lugar que eu não conheço.

Eu tinha o endereço deles, e eu decidi ir para lá, consegui convencer um taxista a me levar até lá de graça, após contar minha história. Parece que as pessoas aqui no Canadá são mais educadas. E eu estava a um bom tempo encarando o prédio gigantesco na minha frente. Eu não sabia se eu entrava ou não. Se eu conseguiria encarar meus verdadeiros pais, e se eles tivessem outros filhos? E se eu tivesse irmãos? Eram muitas coisas passando pela minha mente.

E então resolvi entrar, entrei no elevador e apertei o número do andar, eu estava suando. E se eles não me quisessem ali? O que eu faria?

Quando cheguei no andar, olhei o papel na minha mão novamente. Apartamento 86. Parei na frente do apartamento, respirei fundo algumas vezes e resolvi finalmente bater na porta. Agora estou aqui, nervosa, com medo e com muitas perguntas, todas elas sem respostas.

Uma mulher loira abriu a porta e depois me olhou confusa.

— Oi, você se chama Juliet Jones? — Pergunto com um pouco de voz que consegui, já que meu nervosismo não me deixava falar muito.

— Não, mas acho que sei quem você é. — A moça  fala e meu coração parece se partir em mil pedacinhos, droga essa era minha única chance de mudar de vida, não acredito que terei que voltar para aquela cidade de merda. — Entre.

Eu entrei no apartamento, ele era bem organizado, um garotinho brincava com carrinhos no chão da sala. Ela se sentou no sofá e apontou para a poltrona, e eu me sentei nela, afundando um pouco.

— Seu nome é Ayla, certo? — Ela pergunta e eu concordo um pouco surpresa por ela saber desse detalhe sobre mim. — Juliet, Noah e Margot moraram aqui por muito tempo. Eles me contaram que tiveram que abandonar a segunda filha deles porque não tinham dinheiro para cuidar na época. Eu não vou te contar toda a história porque acho que você precisa ouvir deles. Eles se mudaram a pouco tempo, disseram que provavelmente você não viria procurá-los, mas eles deixaram o endereço da nova casa e o telefone deles.

— É claro que eu viria procurá-los. — Falo um pouco alto por conta da indignação, respiro fundo para me acalmar. — Eles ainda moram em Pickering?

— Eles moram em Toronto. — A senhora fala enquanto se levanta. — Eu vou pegar o endereço para você.

A mulher se levantou e foi até o corredor entrando em um dos quartos. Eu não acredito que eles se mudaram, eu queria chegar aqui e encontrar eles. Eu queria mesmo, eu estava pronta para isso. E agora eu não estou mais. Parece que toda a coragem que existia dentro de mim foi roubada, agora eu teria que esperar um bom tempo para que eu cultivasse mais coragem e fosse atrás deles.

— Aqui está. — A moça loira me entrega um papel. — Eles são boas pessoas e esperaram durante anos para encontrar você, então, vá atrás deles, garota. Vocês precisam se conhecer.

— Tudo bem, muito obrigada. — Sorrio para a moça, ela sorri de volta e me leva até a porta. — Não avise para eles que eu vim aqui, eu ainda vou pensar mais um pouco.

— Leve o tempo que precisar, eles vão continuar te esperando.

Eu agradeci novamente e sai do prédio, em que situação eu me meti? Agora estou sem dinheiro algum, eles moram muito longe para ir a pé. E eu estou morrendo de fome.

Eu andei um pouco até encontrar uma padaria, o dono ou um dos atendentes estava conversando com um cliente. Então eu pensei em pegar um dos pães que estavam expostos, e foi o que eu fiz. Quando estava saindo, uma mão forte segurou meu braço esquerdo e eu gelei na mesma hora, me virei devagar e olhei para o homem na minha frente.

— Aonde você pensa que vai, mocinha? — Ele pergunta me segurando. — Eu vou chamar a polícia.

— Eu... Me desculpa. — Falo com um fio de voz, enquanto a vergonha me atinge em cheio e eu me pergunto no que eu estava pensando quando peguei aquele pão. — Eu posso devolver, não precisa envolver a polícia, por favor.

— Você pode estar morrendo de fome, não pode roubar. — Ele diz. — Espere aí, eu vou ligar para a polícia.

Então eu sinto uma mão na minha cintura e olho para o dono da mesma. Era um garoto bem alto, branco e moreno. E bastante bonito também.

— Ela está comigo, eu ia pagar de qualquer jeito. — O garoto fala e o homem olha para ele, eu faço o mesmo encarando o estranho com um grande ponto de interrogação na cabeça. — Eu posso pagar, senhor West.

— Ela está com você, Shawn? — O senhor pergunta e o garoto concorda com a cabeça. — Então, está bom. Não vou ligar, mas só porque é sua amiga.

— Obrigado. — Shawn fala e me puxa até uma mesa. — Se eu fosse você, não faria mais isso.

— Obrigada e pode deixar. —olhei para o garoto na minha frente. Eu estava nervosa demais para raciocinar qualquer coisa.

— Relaxa, mas então qual é a sua história?

Isso é uma boa pergunta, uma pergunta que precisa de muito tempo para ser respondida.

REAL LOVE - shawn mendesOnde histórias criam vida. Descubra agora