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O uso da minha habilidade tinha me deixado em um estado precário. Quando voltei ao presente minha cabeça latejava de um jeito que nunca tinha acontecido. Tudo ao meu redor rodopiava ao que parecia a 100 Km/h. Mas eu precisava agir rápido para que tudo aconteça da maneira certa dessa vez.

Eu já podia sentir a memória de tudo que tinha acontecido se apagando aos poucos. Uma névoa tomava posse da minha mente, era inevitável. Precisava agir.

Lutando contra a cabeça latejando e o mundo girando sem parar, corri até a escrivaninha que tinha no meu quarto e abri a gaveta, estava uma bagunça. Nota mental: Seja mais organizada.

Isso me ajudaria tanto a evitar perder meu precioso tempo.

Agitando a mão na gaveta à procura de uma caneta, a impaciência foi crescendo.

O que eu preciso escrever mesmo?

Eu tinha ido de fato a algum lugar?

Mesmo com o pensamento confuso eu não conseguia parar de procurar a caneta. Minha mão sentiu a caneta antes de eu conseguir vê-la. Tiro-a de dentro da gaveta e fecho-a com um empurrão brusco. Abri meu bloco de notas e escrevi:

Mantenha-longe...

Longe de onde, eu pensei. Longe de alguém ou um lugar? Talvez os dois? Um lugar... Isso!

Mantenha-se longe da Rua Monteiro!

Ok. Eu consigo fazer isso.

Me chamo Vitória. Deixa eu te explicar o porquê: Minha mãe teve uma gravidez bastante problemática, praticamente morou no hospital os nove meses em que esteve grávida. Seu corpo não mantinha nenhum tipo de alimento ou líquido. Então, toda nutrição que ela recebia era pela intravenosa. O que significava estar cheia de fios por meses e meses.

Naquela época cirurgias intra-uterina já era algo muito comum e havia também programas de testes para modificação genética. Onde pessoas (voluntárias) se inscreviam e participavam de uma enorme lista de espera. Um dos médicos que acompanhou minha mãe durante sua gestação sugeriu que ela entrasse para lista de espera de um desses testes.

O dele.

Talvez você esteja perguntando à mesma coisa que eu me perguntei a primeira vez que minha mãe me contou a história. Porque uma mulher com gravidez de risco deveria se inscrever para um teste de modificação genética?

Espera que chego lá.

Então, minha mãe em toda aquele desespero jurava que ia morrer, e que talvez eu iria junto. E em uma crise de choro e desespero ela fez com que meu pai prometesse que se ela morresse e eu sobrevivesse meu nome deveria ser Vitória. Que clichê, não? Mas até que gosto da história que meu nome carrega, dá uma falsa sensação que sou forte. Porque se eu venci a morte o que mais eu não poderia derrotar?

Pelo visto não muita coisa. Mas essa parte eu ignoro.

Então, aí está o porquê de meu nome ser Vitória. Talvez você não precisasse saber de tudo isso mas é um introdução para o que de fato eu tenho a contar.

Dr. Fernando Melo. Guardou o nome? Ótimo, é importante. Aqui vai: o Dr. Fernando Melo é um filho da p#@!.

Sabe aquela baboseira de participar do seu teste de modificação genética? Tudo uma bela de uma mentira.

Minha mãe, toda inocente, foi somente mais uma entre várias que ele persuadiu a entrar no seu projeto secreto onde ele modificava o genoma dos fetos. Vou tentar explicar da forma mais simplória que conseguir: Tirar o que não presta ex; predisposição para Esquizofrenia, Alzheimer e etc. E adicionar habilidades especiais, ex: super audição, supervisão e entre várias outras coisas, algumas até mesmo bizarras e doentias.

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⏰ Última atualização: May 26, 2018 ⏰

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