Serendipity
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E a única coisa que Jimin sabia fazer no momento era chorar.
Talvez por todo mundo sempre o abandonar quando ele precisasse; ou por suas notas na escola terem decaído nos últimos meses; ou por sua cachorrinha estar doente; ou por seus pais estarem se separando
O fato era que ele tinha inúmeros motivos para chorar, mas o que de fato desencadeou todo aquele desespero foi ter seu irmão morto em um assalto há dez horas atrás.
Ele havia chorado por dez horas seguidas, sozinho, até que alguém, seu único amigo, chegou para lhe dar suporte. Por um momento ele até achava que chorar sozinho ou chorar com alguém do lado não faria diferença - só que o que ele esqueceu foi que esse alguém era Jeon Jungkook.
Seu rosto estava vermelho e inchado, sua cabeça explodia de dor, ele se sentia no Inferno e as lágrimas não paravam de descer. Mesmo quando não desciam, os soluços ainda se faziam presentes e seu corpo fraquejava. No momento em que Jungkook abriu a porta do quarto e se deparou com aquela imagem, a primeira coisa que ele fez, em questão de segundos, foi envolver o corpo de seu hyung em um abraço terno e acolhedor, do jeito que só Jungkook sabia fazer com Jimin.
Sem palavras, apenas as palmas longas alisando as costas estreitas do mais velho e depois passando para os fios descoloridos, aplicando um cafuné que também apenas o dos dentes de coelho sabia fazer. Jimin fechou os olhos, não com força e de forma desesperada, mas do jeito que alguém os fecha depois de morrer. Não, Jimin não havia morrido, mas sim de certa forma, encontrado a paz.
Nos segundos em que sentiu o calor de seu dongsaeng se unir com o seu e os braços fortes o envolver, Jimin sabia muito bem o que ele queria dizer. Porque para os dois raramente as palavras eram necessárias, a conexão era tão forte que os gestos simplificavam páginas de um longo livro - ou muitas vezes, nem cabiam em lugar nenhum. Ele nunca havia se sentido tão protegido e amado como naquele abraço. E para Jungkook, bem, ele estava segurando o seu mundo.
Jungkook era mais novo, e consequentemente mais ingênuo para a vida. Era essa ingenuidade que encantava Jimin ao mesmo tempo que o assustava. O menor era perfeito, e desde que surgiu em sua vida, talvez por coincidência, despertou inúmeros sentimentos que traziam medo. Não porque eram ruins, mas sim porque eram extremamente bons. Porque Jungkook o fazia se sentir capaz de tudo que desejasse, fazia ele se sentir especial, fazia ele se sentir feliz, imbatível - e o mais importante de tudo, fazia ele se sentir amado. Isso o assustava, se sentir completamente nas palmas das mãos de alguém.
Só que foi só ele levantar a cabeça e encarar os olhos de Jungkook pela primeira vez em meses, que o mundo inteiro se tornou diferente de ontem. Todos os segredos que o olhar cruzado dos dois escondia era algo indecifrável para qualquer cientista. Mesmo que, se alguém admirasse de fora, soubesse o que sustentava aquele olhar.
Amor.
Porque Jungkook amava Jimin, e Jimin amava Jungkook. Não era coincidência.
Naquele momento, enquanto o polegar macio de Jungkook acariciava a bochecha molhada de Jimin e seus olhos o olhavam tão apaixonados, mais nada passou por sua cabeça e nem o impediu. Nem o medo, nem a insegurança, e nem a dor. As mãos pequenas empurraram os ombros largos do mais novo e o fizeram se deitar sobre a cama de solteiro, enquanto o corpo pequeno se sentava sobre o colo dele.
Os lábios quentes diretamente se encontraram com os de Jungkook e os tomaram em um beijo um tanto desesperado, enquanto as lágrimas continuavam a descer. O mais novo, desnorteado, nem sabia ao certo onde colocar as mãos, mesmo que as tenha direcionado para a cintura fina. Era o primeiro beijo deles, e se tudo desse certo, o primeiro de muitos. Na real seria, de qualquer forma, pois o destino os uniu e tudo daria certo, porque o mundo inteiro conspirava a favor.
E tudo que se ouvia era o som molhado das bocas se chocando e a respiração contida de ambos. Naquele momento e naquele lugar, onde Jimin finalmente se deu conta de que tinha seu mundo inteiro ali consigo. Jungkook era sua penicilina', sua cura, o que iria salvá-lo do caos. Agora tudo que ele queria era tocá-lo, era o segurar e nunca lhe dar motivos para que fosse embora. Naquele momento, eles eram um só, e foi só o beijo se findar e as lágrimas voltarem a descer com mais força, que Jimin finalmente revelou e deixou que as primeiras palavras saíssem naquele quarto
— Me deixa amar você.
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[Serendipity] • JJK
Fanfiction[...] Só que foi só ele levantar a cabeça e encarar os olhos de Jungkook pela primeira vez em meses, que o mundo inteiro se tornou diferente de ontem. Todos os segredos que o olhar cruzado dos dois escondia era algo indecifrável para qualquer cienti...