E naquela mesa ficou tudo que tínhamos, que construímos juntos, que para você foram apenas restos e para mim todo um mundo, naquela pequena casa com aquele maldito sofá surrado estavam nossas lembranças. Aquelas paredes presenciaram nossas brigas, o distanciamento, o teu abandono. Lá era nosso lar de onde partistes e deixaste apenas a sombra de todos os nosso sonhos, o eco das promessas, o som dos teus paços no assoalho indo embora. Aquele sofá se tornou um campo de refugiados. Há palavras que não foram ditas e aquelas que não foram escutadas. Já não podem ser proferidas novamente.
Quantas vezes pedi aos céus em meio aos soluços que me dissesse algo, que transparecesse algo, que mostrasse que ainda queria que eu ficasse, em meu pequeno desespero esqueci que o silêncio também é uma resposta.
A vida tomou teu curso, você conquistou novos demónios e eu de longe te olhando já nem te reconhecia mais, parecia estar atuando, fingindo, negando a si mesma a própria ausência. Te tornei algo inalcançável e hoje te vejo como algo que jamais em mil vidas ousaria almejar.
Certa vez me perguntaram de você, não soube bem o que dizer, sorri sem graça e respondi que as pessoas precisam se embriagar de si mesmos.
E dessa peça vivera ate o fim, dançara com a solidão, e pagara o preço da saudade. Daquele maldito sofá te assisto de longe, observo teus passos, grito e aplaudo. Me cubro com nossos planos já deixados de lado, converso com as paredes e elas de longe me abraçam. É como um filme banal
entre o figurante e a atriz principal
meu papel era irrelevante
para contracenar
no final.
PalomaMenezes3 parabéns, você sempre encantando com suas palavras.
Podem seguir, ela escreve demais 👏👏👏👏👏
