Orange

Gremio escolar

➳ Hoseok Pov's

Senhor amado, eu nem acredito que fui para o nono ano! Pô meu, eu sou top! Passar de ano é para poucos, ainda mais com aqueles professores chatos. Argh!

Faz duas semanas que as aulas começaram e os menores tem tanto medo da gente que chega a dar dó. A diretora veio com uma histórinha de grêmio estudantil, e eu até que tentei inscrever a minha chapa, porém quando fui fazer isso, aquela merda havia passado do prazo e o coordenador ainda foi grosso comigo dizendo "Agora chora!". Só não mandei aquele bosta ir pastar porque tenho medo dele convencer os professores de não me ajudarem no fim do bimestre.

Eu havia chegado do intervalo e estava tendo aula de história com o professor Kim SangJin, eis que batem na porta, ele atende e são três alunos de um grêmio bem flopado. O professor deixou que eles entrassem e uma integrante pediu que nós dissessemos algumas sugestões do que queríamos que tivesse na chapa deles.

Estava tudo uma zona, todo mundo zoando eles e eu não perdi a oportunidade, gritei que queria que tivesse laranjas todo dia na hora do intervalo e de graça. Um menino veio até minha direção, moreno, alto, magro e com um óculos que eu achei até que fofo, ele estava usando chinelo e mano, o pé dele é muito bonito, só achei nojento o fato de estar todo sujo por conta do suor, mas ok.

— O que você disse? Eu não escutei. — perguntou o garoto.

— Queria que tivesse laranjas todo dia no intervalo.— respondi.

Nesse mesmo momento, ele sorriu para mim, e não foi um sorrisinho tipo: "nossa, não teve graça" mas sim um sorriso que dizia que ele estava morrendo de rir por dentro. O sorriso dele é incrível, é tão diferente, tão lindo!

Eles foram embora e eu fiquei a aula toda lembrando daquele sorriso e daquele pé suado porém bonito. Eu precisava ser amigo dele, eu... precisava me aproximar dele, mas como? Eu nem mesmo sabia seu nome.

Passou-se um dia e eu estava tendo aula de química com o professor Lee Saewoong - aquele chato -, quando pediram para falar comigo. Saí para ver e me surpreendi, era a turminha da chapa flop' perguntando se eu não queria ser o secretário deles. É claro que na hora eu aceitei, pois ainda não tinha superado as palavras secas que aquele coordenadorzinho de merda havia dito na minha cara. Eu queria entrar naquela chapa, vencer e esfregar na cara dele.

Na real, eu não gosto muito disso porque tem que ter responsabilidades e ficar escutando o povo reclamar, mas há duas coisas que me deixa louco pra ser do grêmio: ir na escola nos dois períodos e poder rever os colegas que mudaram para de manhã e o segundo motivo é poder comer a merenda mais que todo mundo.

A minha sala ia assistir filme na aula do professoe Lee e eu fiquei com a galerinha da chapa flop'. Bicho, tinha uns mil integrantes e todos falavam ao mesmo tempo. Acabei por gritar com eles quando minha paciência foi pro ralo:

— DEIXA EU ME APRESENTAR, INFERNO! — berrei e automaticamente todos se calaram e voltaram seus olhares para mim. "Missão cumprida" pensei. — Meu nome é Jung Hoseok, sou do nono ano e vocês?

Não precisei perguntar duas vezes e todos responderam em uníssono: "sétimo ano". Ah pronto, eu estava lidando com uma penca de pirralhos.

Nós fomos em todas as salas nos apresentar e pedir voto, foi aí que passei muita vergonha. Eles colocaram como propósta o seguinte: "mudar o cardápio da merenda porque ninguém aguenta mais o mesmo de sempre". Eu senti vontade de dar um tapão na cabeça de todo mundo. Como nós íamos conseguir mudar o cardápio se quem resolve o que vai ter no refeitório é o povo da prefeitura? E outra: Eu amo o cardápio da escola! Quase toda semana dá frango cozido!

Toda quinta-feira é pão com frango ou cachorro quente. As vezes eles dão Pernil! Como eles estavam cansados desse cardápio esplêndido?

Conseguimos rodar a escola inteira e depois ficamos livres para fazermos o que quisermos. Eu desci as escadas e estava em direção à sala de filmes onde a minha turma se encontrava, até que vejo um garoto sentado isoladamente num degrau do portão de saída. Forcei a vista para tentar ver quem era e eis tamanha minha surpresa ao me deparar com o menino do sorriso bonito.

Aquela era minha grande oportunidade de fazer amizade com ele! Tudo bem que eu tinha que ir assistir filme com a minha turma, mas dane-se o filme! Eu quero muito conversar com ele.

Cheguei perto do menino, me sentei ao seu lado e desandei a falar:

— Eu tô morto de vergonha.

— Ah é? Por que? — questionou após uns segundos de silêncio. Sem querer acabei o assustando, e o bichinho teve que se recuperar do quase infarto que causei nele.

— Eu entrei na chapa da sua sala e meu Deus! Tinha umas propóstas lá que me assustaram. — ele riu. —Inclusive, você não era da chapa?  Por que não foi com a gente nas salas pedir voto?

— Eu meio que saí porque eles reclamaram que eu não estava fazendo nada.

— Nossa, que triste. — digo dando certo apoio moral — Como é o seu nome?

— Kim Taehyung e o seu?

— Jung Hoseok.

— Você tá matando aula?

— Minha sala tá assistindo filme, mas não tô afim. Seus amigos estão jogando bola e você ta aí, não gosta de futebol?

— Não, não gosto...

— Que tipo de música você gosta de ouvir? — perguntei após algum tempo tentando puxar assunto

— Nenhum, eu não ouço música.

Ele não escuta música? Como assim? Como ele vive sem música? MÚSICA É A MELHOR COISA!

— Ah é?! E você assiste algo?

— Também não.

Santo Cristo, fiquei com medo dele nesse momento. O que ele faz da vida? Tive receio de perguntar se ele lia alguma coisa também e ele responder que não. Esse garoto não sabe o que ta perdendo.

— Nossa, que diferentão você. — ri.

Estava bem frio, Taehyung pegou seu casaco, era azul e com listras cinzas, nem era de marca mas eu elogiei dizendo que era muito bonito. Ele sorriu para mim.
Algo que eu havia percebido nele é que ele fala muito diferente, nós daqui muitas vezes trocamos o 'R' pelo 'L' e ele já tem um sotaque diferente. Não me aguentei, tive que perguntar:

— Qual sua cidade natal?

— Oasis Spring.

— Ah, agora está explicado esse seu sotaque aí!

— Vocês falam engraçado. — retrucou.

— Está gostando de morar aqui em Willow Creek? — perguntei de supetão

— Sim.

Pedi para que ele falasse algumas palavras tipo: Porta, porco, cobertor, cortina... mas não do jeito dele e sim como eu falo. Ah! Foi tão fofo, eu não aguentei, comecei a surtar porque além dele falar engraçado, ele falava sorrindo que o deixa muito fofo.

Já estava na hora de ir embora e eu peguei em sua mão umas duas vezes. A mão dele é maravilhosa, e bem maior que a minha, eu não queria mais soltar. Fiquei segurando a minha própria mão depois durante todo o caminho para casa, não acreditava que Kim Taehyung havia a segurado.