Lágrimas de neve

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Pulo da cama animada e me apresso a abrir a janela pra sentir a brisa fresca da manhã. Péssima ideia. Tudo está coberto de neve e me sinto arrepiar em partes inimigas do frio.
“O que diabos...?”
Fecho abruptamente e olho tristemente para as roupas que eu tinha separado. Me apresso em escolher novas já que sem dúvidas aquelas já não mais me agradam.
Brigando com meu guarda roupas, vislumbro novamente a rua nevada. Não estava assim quando fui me deitar. A primeira neve estava prevista para daqui alguns dias e mesmo assim, é como se estivesse acumulando aquelas grossas camadas havia dias... Mas ao olhar para o pôster da minha ídola em tamanho real na parede e o cartaz promocional, sorrio o máximo que a flexibilidade das minhas bochechas permite. Nada poderia estragar meu humor. Afinal, não é todo dia que tenho a oportunidade de presenciar ao vivo e a cores a nova Gisele Bündchen cor de ébano em um evento só para os VIPs. Não pertenço a nenhuma religião, mas se acreditasse em Deus, agradeceria por ter nascido em uma família de tanto prestígio.

Naquele congelante final de semana eu iria testemunhar o evento do século. Diana, a grande musa do momento iria desfilar em um evento beneficente na minha cidade. Ela comprou a casa mais cara e invejada pela população para passar apenas três dias. Alguns chamariam isso de loucura, eu tenho algo melhor: jogada de mestre. Afinal, o imóvel poderia ter seu preço triplicado ao final da historia.

Sem esperar pelo meu chofer resolvi me aventurar a pé mesmo já que eu morava à apenas duas quadras do recinto de festas. Tinha muita gente. Muita bagunça. Não era de se espantar levanto em consideração a convidada de honra. E então veio o choque. Não haveria mais evento. Diana estava morta.
Uns chorando, outros murmurando e alguém tentava falar comigo, entretanto as palavras iam e vinham, mas eu não conseguia me concentrar.
“Morta... Não... É possível...”.
“Alexia!”
O grito de minha melhor amiga Joyce me tirou daquele transe e eu senti um certo alivio. Aquele olhar doce sempre teve esse efeito calmante sobre mim, mesmo nervosa.
“Você está bem Alexia?”
“Hum, sim”.
“Puxa, você me assustou! Achei que fosse cair dura a qualquer momento!”
“Desculpa”
Ela me olha fixamente e respira profundamente antes de voltar a falar suavemente.
“Vamos para casa. Não há porque continuar aqui”.
Em casa eu nem consigo olhar para os meus pais curiosos. Simplesmente sigo direto para o meu quarto deixando minha best para trás à explicar a situação.
Alguns dias depois do ocorrido eu ainda não conseguia aceitar o que aconteceu e meus pés se moveram sozinhos. Quando dei por mim estava em frente ao casarão rebatizado de Diana.

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⏰ Última atualização: May 29, 2018 ⏰

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