Capítulo I. Feridas Abertas

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O velho sempre foi diferente, estava nos rituais sempre com uma espécie de livro grande com uma capa de couro rígido e enfeitado com penas de aves, e pedras coloridas. Onde quer que fosse ele o carregava como se fosse um amuleto de sorte. Já havia se passado muito tempo desde que o velho havia se reunido com outros druidas, e peregrinado entre às muitas tribos bárbaras nesse território. O velho apenas passava seus dias escrevendo e indo a floresta para recolher alimento, e outras bugigangas esquisitas.

- Ahhhhh... meus cansados pés não me sustentam como antes... Minha coluna ahhhh... - os ossos do ancião estalam em suas costas enquanto ele tenta se recompor, ainda com dor, até que chamados do lado de fora de seu casebre podem ser ouvidos por chamados abafados.

- Vartan! Apareça ancião! Consegui o resto das porcarias que me pediu.

-Entre Sagarth! Puxe uma cadeira e pegue aquele aqueles potes sobre a prateleira...

-Ouvi falar da longa vida dos elfos, pensei que você estaria com uma cara um pouco melhor Vartan, os elfos não podem viver centenas de anos?

O ancião deu uma gargalhada

-Hahaha! Não, não podemos viver centenas de anos, podemos viver milhares!

-Milhares? Isso quer dizer mais de mil? Quantos anos você tem Vartan? -Perguntou curioso o jovem humano que mal havia chegado aos dezesseis.

-Eu perdi a conta quando fiz cinco mil, mas acho que devo ter pelo menos sete mil e duzentos...

-Sete mil? - Perguntou o rapaz espantado - o que você fez para chegar a essa idade Vartan? Me conte suas histórias!

-Sagarth, se eu parar para contar minhas histórias você morrerá de velhice antes de eu chegar ao meu primeiro milênio de história! Por hora, concentre-se nas tarefas que eu lhe pedi que fizesse.

-Você poderia me contar como foi a guerra contra os homens do Sul... ou quem sabe, como você se tornou membro dos Lobos de Pedra!

-Shhhhhhhhhhh calado... - disse o ancião élfico em tom preocupado - Sagarth, ouça e faça exatamente o que eu falar, empurre aquela cama de pedra para trás, ela pode se mover facilmente pois tem uma roldana, empurre a cama, entre no alçapão e puxe a cama para o mesmo lugar e fique ali, independente do que aconteça! Eu vou te tirar de lá quando isso acabar!

-Mas o que...

-NÃO DISCUTA COMIGO VÁ!

O garoto obedeceu sem questionar, ao se deparar com a cama de pedra, o garoto a empurrou para o lado como o ancião havia dito, e a cama de pedra se moveu como se possuísse rodas, o espaço aberto pela cama deixava um espaço mínimo para um adulto deitar e ainda deixava uma boa visão de todo o casebre. Lá estava o garoto, escondido em silêncio esperando o pior, quando uma voz de fora da casa começou a gritar em kalamariano.

-Saia daí Vartan! A era de ouro dos Ascaloth já acabou, você é o ultimo dos líderes dos Lobos de Pedra que ainda vive! Se você se render nós te daremos uma morte rápida e limpa! Se não, nós levaremos você para os sacerdotes de Tanatur o Grande Pai, e você vai ser queimado na fogueira como a abominação que você é, pra todo mundo ver!

O soldado que gritava do lado de fora, era um humano de meia idade com pouco menos de cinquenta anos, vestia um cota de malha, e um tabardo com o escudo de Kalamar, e tinha uma cicatriz no rosto em forma de uma grande garra de urso, feita pelo próprio Vartan.

Um silêncio sombrio pairava no ar, os soldados esperavam que o ancião se rendesse, porém, o velho druida não iria se render sob nenhuma hipótese, era melhor morrer como fera do quer ser capturado por aqueles que os Ascaloth haviam jurado destruir. O líder Boris Mirthal era o homem com a cicatriz, e ordenou que os soldados invadissem o casebre e capturasse Vartan.

Cronicas de Korn Ascensão AscalothOnde histórias criam vida. Descubra agora