2 - Não tenha ciúmes do bebê

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2 - Não tenha ciúmes do bebê.

Quando mamãe completou seis meses, nós descobrimos que o bebê era um menino, o papai e ela me deixaram ajudar na escolha do nome, mas até agora eu não tinha pensado em nada. Ou não queria pensar em nada.

Eu tinha voltado para o colégio, mas não era tão legal sem a mamãe lá - já que ela tinha tirado uma licença maternidade, pelo menos foi o que o papai disse. Eu também não queria mais dormir lá, só que o papai disse que teriam que conversar com a Madre, e eu poderia ir para casa logo.

Mas eu acho que eles não me queria dormindo lá, porque agora era tudo para o bebê.

Roupas para o bebê, sapatos para o bebê, quarto do bebê, nome do bebê, até a música que o papi cantava para mim agora era do bebê.

- Não seja boba, Dulce, eles se importam com você sim! - Lulu me disse, durante o recreio.

- Então porque não me levam para casa? - Eu perguntei, cruzando os braços.

- Oras! Tio Gustavo já disse, tem que falar com a Madre.

- O papi ta é fazendo rocambole de Dulce Maria. - Eu disse.

- Ai Dulce... - Lulu disse.

No lugar da mamãe, Irmã Ana quem dava as aulas de português, ela era bem legal e ensinava bem, mas ninguém ensina melhor que minha mamãe. Eu senti falta dela, será que pelo bebê crescer na barriga dela ele seria mais amado do que eu?

Eu fiquei com isso na cabeça até o final de semana, quando o papai se atrasou para me buscar no colégio.

- Você demorou, papi. - Reclamei.

- Foi por uma boa causa, filha. Eu conversei com a Madre e ela permitiu que você fosse dormir lá em casa todos os dias. - Ele disse me erguendo no colo.

- Nem sei se quero mais, papi. - Eu disse.

- Ué, filha, porque? - Papai perguntou.

- Você e a mamãe só falam do bebê, nem ligam mais para mim. - Eu disse.

- Claro que não, filha. - Meu pai disse. - Nos desculpe se fizemos você achar que é menos importante, você é a nossa primeira filha, a coisa mais preciosa e importante da nossa vida, nós amamos você.

- Eu também amo, papi, desculpa. - Eu disse.

- Não precisa se desculpar, é normal. Não precisa ter ciúmes do bebê. Certo?

- Certo. - Eu disse. Papai me encheu de beijos, ele gostava muito de beijar, depois nós fomos para casa. - Mamãe!

- Oi, meu amor. - Ela disse. Eu corri até ela e a abracei com cuidado para não machucar o bebê. - Como foi na escola?

- Foi tudo bem, é estanho sem você lá. Mas o papai me disse que agora eu vou poder voltar todo dia. - Eu disse.

- Ah que bom! Tudo o que nós queríamos era você aqui, juntinho da gente. - Ela me abraçou.

Na hora de dormir, mamãe foi quem me colocou na cama. Ela me cobriu e sentou ao meu lado, me abraçando pelos ombros.

- Mamãe? - Chamei. - Você ama mais o bebê do que a mim?

- Claro que não, Dulce. - Ela disse, me fazendo olhar em seus olhos. Eu gostava dos olhos dela, eram lindos. - Eu te amo muito, muito mesmo. E mesmo que você não tenha nascido daqui, você ainda é minha primeira filha, um pedacinho meu.

- Eu também amo muito você, só tava com medo de te perder. - Expliquei.

- Você nunca vai me perder, tá?

- Tá. - Eu sorri.

Não tenha ciúmes do bebê. Agora, eu não tinha mais ciúmes dele, ele não veio para roubar o meu lugar, mas para deixar a gente ainda mais feliz e com o coração cheinho de amor.

Como ser uma boa irmã mais velhaOnde histórias criam vida. Descubra agora