Capítulo 1 - Contratada:

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- Emy, venha vamos cantar parabéns! - chamo minha pequena filha para a mesa do bolo.
- Poxa mamãe, eu quéio blincá com meus abiguinhus - diz fazendo bico.
- Mas temos que cantar parabéns, - digo a pegando no colo - depois você pode comer bolo, meu amor.
- Cuuuuuuumidaaaaaaaaaa - grita animada no meu colo.
Nunca vi uma criança gostar tanto de comida.
Hoje Emy completa dois aninhos e faz dois anos e nove meses que tudo aconteceu. A cena ainda não para de repetir em minha cabeça.
Nunca fui essas meninas nerdzinhas de histórias clichês, sempre gostei de sair com meus amigos, beber muito, ir em várias baladas... Até hoje. Até aquela noite aquela cena horrível.
Sim, eu fui estuprada.

Sim, eu fui estuprada

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Flashback on •

- Não, Mia, eu to bem sério, - dizia tombando um pouco para os lados - ainda posso beber mais um pouco!
- Ruby, é melhorar parar, você não fica nada bem bêbada - dizia chamando minha atenção.
- Para de chamar minha atenção e vamos dançar - disse a puxando para pista danço.
Começamos a dançar, deixamos a música tomar conta do nosso corpo. Com movimentos suaves, nos movemos e sensualizamos. Todos no local olhavam para nós e um pequeno sorriso surgiu em meu rosto por estar sendo o centro das atenções.
Eu estava com um vestido vermelho colado em cima, com um grande decote V, e a saia rodada, o que deixava meus movimentos dançando ainda mais bonito. Meu salto não atrapalhava e nem era desconfortável. Meus cabelos castanhos estavam soltos, suas ondas estavam dando um destaque para meus olhos que também eram castanhos.
Era meu último ano no ensino médio, eu queria mesmo curtir e aproveitar o máximo que conseguia.
Um cara de cabelo loiro e olhos verdes vinha em minha direção e me puxava para si. Ah, que pegada, meu Deus!
- Ruby Bryer, que honra tê-la em minha festa - diz com um pequeno sorriso no rosto. - Meu nome é Rich.
- Essa festa é sua? Nossa, nem sabia - dou de ombros.
- Sabe Ruby, uma menina "famosinha" no colégio como você... o que faz aqui? - debocha.
- Estou esperando você me oferecer uma bebida - pisco e volto a dançar.
Vejo Rich ir até o bar e pegar duas bebidas. Olho para seu rosto e o vejo me chamando até lá. Vou caminhando ainda dançando um pouco.
- Obrigada, pela bebida - digo virando tudo de uma vez.
Ele deixou sua bebida de lado e me pegou pela cintura.
- Vamos quebrar as formalidades - diz selando nossos lábios com rapidez.
Que beijo feroz e gostoso. Continuo o beijando e tudo vai ficando cada vez mais quente.
- Anan - alguém gagueja perto de nós.
Paro o beijo e olho, meu ex. Ah que ótimo.
- Acho que já deu minha hora, já estou indo Rich - digo dando uma piscada e caminhando para longe.
- Calma gata, eu te dou uma carona - diz vindo atrás.
- Não precisa, eu moro aqui perto - falo indo em direção à porta.
Nem me despedi de Mia. Nem me lembrei da verdade.
Vejo tudo como se tivesse balançando. Vou andando pela rua, naquela hora não tinha quase carro passando. Caindo pelos lados, me apoio em um poste e paro um pouco.
Um carro branco passa e para quando me vê, vejo dois caras no banco da frente.
- Poxa, tão gatinha, andando no meio da rua e ainda desacompanhada que feio mocinha - dizem com um sorriso malicioso.
Respirei fundo e decidi continuar andando.
O carro da ré.
- Entra aí gatinha, a gente te da uma carona - falar piscando.
- Não, obrigada - digo e tento andar mais de pressa.
- Eu falei pra entrar - diz o outro em um tom bravo e nervoso.
Tentei correr, mas não consegui muito devido meu estado. A rua estava vazia, sem movimento e todas as pessoas estavam na festa.
O homem ruivo e de aproximadamente vinte e oito anos saiu do carro, agarrou meu braço e me colocou na parte de trás do carro. O outro desliga o automóvel e fecha os vidros.
- Não, por favor - dizia me debatendo - me deixem ir, por favor.
- Xiiiiu - dizia o rapaz moreno colocando o dedo na minha boca - sem escândalo mocinha, se não será pior para você.
Me debato e tento escapar, mas sem sucesso.
Eles puxam o banco para frente para obter mais espaço. Um arranca meu vestido e o outro tira minha calcinha.
- Não, não, não, por favor - falei já chorando.
A partir dali não sentia nada. Não sentia dor, não sentia tesão, não sentia tristeza é muito menos alegria. Naquele momento era como se eu estivesse morrido, o mundo estivesse desligado. Não havia sons, não havia mais força para tentar escapar. Só havia eu ali, minhas lágrimas e dois rapazes, um ruivo e um moreno.
Após terminarem, me jogaram para fora do carro e saíram dali o mais rápido.
Eu não conseguia pensar, nem caminhar.
Fiquei ali, chorando por horas e horas. Até conseguir unir uma força dentro de mim na qual eu não sabia que existia, então comecei a caminhar até minha casa. Faltava apenas uma quadra.
Abri a porta e fui até meu quarto. Minha mãe já estava dormindo, ainda bem, pois não conseguia falar com ninguém, não queria ver ninguém.
Liguei o chuveiro e fiquei lá, chorando.
Eu não conseguia definir um culpado. Eu sentia parte da culpa por estar ali naquela hora, por estar vestida com um decote provocante e uma saia um pouco curta, por não ter aceitado a carona de Rich. Sentia culpa por beber, por tentar ser sexy, por ser eu. Quem sabe nada disso tivesse acontecido se eu não estivesse daquele jeito, se eu fosse diferente.

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