"Bem... acho que ficámos só nós os dois... - olhei para ela e, querendo abafar o silêncio que se tinha instalado, perguntei: Como vai a faculdade Emily?"
"Vai bem! As aulas são interessantes e os professores são simpáticos. Estou a gostar bastante... Entrar nesta universidade sempre foi o meu sonho!"
Emily dizia aquelas palavras tão calmamente, mexendo os seus lábios rosados e carnudos, com um brilho nos olhos cor esmeralda e um sorriso que iluminava a sala. Parecia uma criança feliz por ter recebido um brinquedo.
"Ainda bem! Vê-se que esse é o teu sonho... ter um negócio teu, não é? Uma pastelaria?" - perguntei como quem não quer nada.
"Como é que sabes... nunca te tinha dito essa parte!" - afirmou ela meia desconfiada.
"O meu irmão disse-me. Desculpa, não fiques chateada com ele..." - pedi dando um sorriso. Emily começou a rir.
"Claro que não! Mas sim é verdade... ter o meu próprio negócio, as minhas próprias regras e principalmente fazer o que mais gosto... cozinhar!"
O jantar continuou em animação, eu contava-lhe histórias do meu irmão, ela falava-me de Caroline... estava a correr tudo bem até o empregado vir ter connosco:
"Desculpe interromper... era só para avisar que iremos fechar o restaurante daqui a 15 minutos."
"Oh, nem nos apercebemos do tempo, peço desculpa." - disse Emily enquanto olhava as horas no relógio dourado que tinha no seu pequeno pulso.
"Sendo assim, pode trazer a conta por favor?" - pedi sorrindo.
"Claro senhor! Volto já." - o empregado levantou os nossos pratos e foi embora.
Depois de algum tempo a discutir com a Emily sobre quem iria pagar o jantar, finalmente ganhei.
"Não precisavas de me pagar o jantar Stephen!" - dizia Emily pela milésima vez.
"Não me custou nada Potter, eu também ia pagar a parte do meu irmão e da Caroline se eles já não tivessem pago. Como sou o novo residente de Nova Orleães queria pagar o jantar!" - ela riu-se.
"Bem, como vim com a Caroline, e ela e Oliver foram com o carro dela, penso que vou a pé." - disse Emily enquanto saímos do restaurante.
"Nem pensar! Eu levo-te a casa. - avisei - Já é muito tarde para andares sozinha na rua, ainda te aconteceria alguma coisa e depois não saberia o que dizer à Caroline."
Emily começou a rir e respondeu:
"Ok... vou aceitar a tua boleia, mas só porque estou cansada e está um pouco escuro!" - afirmou enquanto vestia o seu casaco comprido, que tapava os seus elegantes ombros e pescoço.
Quando fiz 18 anos, o meus pais ofereceram-me a carta de condução. Ambos queriam que fosse independente e então sugeriram que eu arranjasse um carro. Desde miúdo que adoro ver filmes de ação com corridas de mota e a adrenalina que se podia sentir só de olhar para o ecrã, despertou em mim uma paixão pela velocidade. Por isso tirei carta de mota, mesmo sabendo que não tinha total aprovação por parte dos meus pais.
"Vim de mota. Espero que não te importes." - disse-lhe enquanto me afastava do restaurante e me dirigia à mota.
"Importar não me importo... apenas n sei como me irei sentar aí com este vestido!" - respondeu-me a sorrir enquanto apontava para a sua roupa.
Dei uma gargalhada.
"Havemos de arranjar uma maneira. Nem que te sentes de lado como as donzelas nos cavalos!" - disse enquanto tirava o capacete da mala da mota para lhe dar.
Ela franziu a testa e respondeu:
"Está bem... vou de lado, mas promete que vais devagar! Queria chegar viva a casa!"
Começámos os dois a rir e estiquei-lhe o capacete para ela o colocar.
"Pronta?" - perguntei enquanto me sentava na mota.
"Pronta!" - respondeu firmemente, já com o capacete colocado.
Emily POV
Não demorámos muito a chegar à minha casa.
"Estás entregue!" - disse Stephen estacionando a mota.
"Muito obrigada pela boleia Stephen. Fico-te a dever uma." - avisei enquanto retirava o capacete.
Stephen riu e respondeu:
"De nada. Foi um prazer."
O sorriso de lado que ele me mandou, deixou-me as pernas bambas. Ele já era elegante
por si e então a fazer aquele sorriso é que se tornava num Deus.
Ficámos uns segundos a olhar um para o outro, deixando um silêncio constrangedor a pairar no ar.
"Isto é teu." - disse-lhe entregando o capacete. As nossas mãos tocaram-se levemente e pude sentir os dedos gelados de Stephen. Corei instantaneamente.
Stephen POV
Não pude deixar de reparar no toque rosado que as bochechas de Emily adquiriram quando os nossos dedos se tocaram. Ficava tão fofa quando corava.
"Bem, é melhor ir. - disse-me se ajeitando e se aproximando da entrada da casa. - Obrigada pela companhia Stephen. Boa noite."
"Espera! - chamei-a antes de poder abrir a porta da casa dela. - Amanhã fazes alguma coisa?"
Emily vira-se para mim e responde: "Nada de especial."
"Ainda bem... apanho-te aqui, amanhã ao meio dia."
Ela riu-se.
"Está bem aceito... mas onde vamos?"
"Surpresa! - sorri - Boa noite Emily Potter."
"Boa noite Stephen Eastwood."