Bônus

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Os raios solares da manhã atravessavam por entre as cortinas cor creme.

Seu corpo estava mais magro que o normal, sua pela bronzeada agora estava quase da cor dos lençois da cama.

Vários fios de cores diferentes estavam conectados ao seu peito, passando as informações como pressão e batimentos cardiacos, ao grande monitor ao seu lado.

Suas pálpebras pesadas não permitiam que ele abrisse os olhos.

Estava vagando entre o mundo dos sonhos e o mundo real. E a única coisa que pudia ser ouvida no quarto, eram os apitos irritantes do monitor.

Expirou o mais fundo possivel, fazendo seus pulmões doerem e então inspirou pelo nariz. Com esforço, conseguiu ao menos abrir um milésimo de centimetro dos olhos. A primeira coisa que viu fora um teto sem graça e branco. Quando tomou coragem e mexeu apenas os olhos para olhar ao redor, viu-se entre quatro paredes igualmente, e estupidamente, brancas.

Como fora parar ali?

Deduziu estar em um hospital.

Mas porque diabos estaria em um hospital?

Sua cabeça latejava e seu corpo doia.

Sentia-se enjoado e vazio. Sentia-se, literalmente, vazio. Como se não houvesse órgão ou sangue algum em seu corpo. Como se fosse apenas pele acima de ossos e mais nada.

Queria chamar alguém para que lhe explicasse a si a situação, mas se mal conseguia falar, quem dera que conseguisse gritar para algum médico ou enfermeiro.

Procurou ao redor da cama alguns botões para ajeita-lo de um modo que ficasse confortável sentado. Encontrou diversos botões ao seu lado direito e não tardou a apertar todos de uma vez até que achasse o certo.

As luzes acima de si acendiam e apagavam, a cama desceu e enfim subiu. Respirou fundo novamente e fechou os olhos.

Será que havia sofrido um acidente?

Tac-Tac

Passos foram ouvidos, alguém se aproximava da porta. A maçanete foi girada e então uma mulher alta adentrou o quarto.

Sua cabeça estava abaixada e anotava algo em um prancheta. Usava uma saia estilo lápis de cor cinza, uma camisa branca social e um par preto de salto agulha que fazia um barulho irritante a cada passo. Em seu pescoço, estava pendurado um cracha, certamente com o seu nome. Mas ele não enxergava de jeito nenhum o que estava escrito.

Passou reto pelo garoto e tocou em alguns botões no monitor, sem ao menos olhar para ele. Não havia notado que o outro estava enfim acordado.

Seus olhos se arregalaram ao ver algo no monitor. O outro na cama tentava dizer algo, mas assim que abriu a boca e sentiu que enfim algum som fosse sair dela, a mulher vira para si. Arregala ainda mais os olhos e a prancheta em suas mãos cai, que logo são colocadas sobre sua própria boca, aberta em espanto.

- Céus. Que susto! Oh meu deus! - pôs as mão sobre o peito e respirou de forma exagerada - Você acordou! Porque não apertou o botão para chamar algum enfermeiro? - se abaixou e pegou a prancheta do chão, colocando-a sobre a cama ao lado do garoto - Certo, de qualquer forma, chamarei um médico e já já estou aqui.

- E-espere! - sussurou com a voz falha quase inaudivel, levantou um dos braços segurando a moça pelo pulso para que ela não fosse - C-como ... C-como eu ... - tentou gesticular a pergunta, mas não conseguia falar de forma alguma.

A moça sorriu e segurou a mão direita do outro, pondo-a entre as suas fazendo um carinho agradável, sorrindo como se entendesse o que o garoto queria perguntar.

Olhou por fim no fundo dos seus olhos e suspirou.

- Você esteve em coma. Esteve em coma por três meses.

End of Poetry

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⏰ Última atualização: Jun 07, 2018 ⏰

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Poetry  [ᴛᴀᴇ.ᴊɪɴ ᴠᴇʀsɪᴏɴ]Onde histórias criam vida. Descubra agora