Prólogo

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Prólogo

*Vamos logo querida ! - Mamãe gritou pela quarta vez.

Ela, provavelmente, já estava sem paciência. O que era estranho, quer dizer; qual mãe em todo mundo ficaria fria e distante com a filha no dia do seu aniversário ?

Eu garanto que não a minha, pelo menos até esse ano. Estou completando 17 anos hoje, e a mamãe esqueceu !!! Vê se pode isso !

*Evangeline Grinalde, nós não temos a vida toda. - isso era uma besteira. As vezes a mamãe falava besteiras desse tipo, pois é claro que eles ainda tinham muitos anos de vida pela frente, eles eram jovens (apesar de que nem sob tortura, eu admitiria isso na frente deles). Mamãe me trouxe ao mundo com 17 anos e o papai tinha 19 na época, hoje dona Lena é decoradora e o papai, mais conhecido como Dr. Peter, um advogado na área de criminalística.

*Já estou descendo mãe ! - é uma mentira, não estou descendo, pelo menos não ainda. Estou sentada na minha enorme cama, respirando fundo para o meu rosto parar de arder, eu quero chorar, claro que quero, ainda não aceitei o fato dos meus pais não me tratarem da forma que mereço, no dia do meu aniversário. Finalmente levanto da cama, dou uma última olhada no espelho. Não faço ideia de onde vamos, a mamãe só disse para colocar o vestido novo que iriamos para um evento. Enrolei as pontas do meu cabelo e deixei-os soltos feito cascata sobre meus ombros, fiz uma bela maquiagem por que apesar de meus pais terem esquecido do meu aniversário, eu não.

*Oh, minha princesa, você está linda. - o papai disse pousando um beijo na minha testa assim que desci a escada. Nós seguimos pelas ruas da cidade, eu sempre adorei morar em salvador. Eu sou Paulista, criada aqui desde os três anos de idade, então aqui é minha cidade, o meu lugar.

Quando finalmente o papai estacionou o carro, eu reparei um espaço de festa super chique, mas estava tudo escuro.

*Lena querida, você tem certeza que o local é esse ? - o papai perguntou com toda paciência do mundo.

*Claro que sim, esse é o endereço. De qualquer forma vamos checar - ela disse me puxando belo braço.

O mais estranho é que mesmo com tudo escuro tinha um segurança na porta, adentramos pela escuridão e eu senti a mamãe soltando minha mão.

*Mãe !? - perguntei sentindo um pavor tomando conta de mim.

De repente um clarão.

*Feliz aniversário, Eva. - várias pessoas disseram em uníssono. E quando meus olhos se adaptaram a luz eu vi, meus amigos e familiares.

Era uma festa surpresa !

Meus pais não esqueceram meu aniversário !

*Oh, minha princesa, parabéns - o papai me abraçou apertado, ele sempre foi alto e mesmo eu estando de salto, ele continua mais alto que eu. A mamãe também veio me abraçar, e a essa altura toda minha maquiagem tinha ido pro brejo.

Foi, definitivamente, uma das melhores noites da minha vida. Durante o dia a mamãe, mesmo fria e distante, me deu uma câmera fotográfica profissional, e o papai me deu um ultrabook. Mas a noite ganhei o melhor presente; saber que eles me amam, que não esquecerão meu aniversário e o medalhão. Era um medalhão tipo aqueles de filmes, em formato oval e dentro tinha duas fotos, de um lado estava o papai, a mamãe e um bebê, que era eu. Do outro lado estava a Shelb, minha affenpinscher, de estimação.

A festa foi bem badalada, todos os meus amigos e colegas do colégio estavam lá. A decoração estava impecável, mas também com a mãe que tenho não era de se esperar menos. Tudo estava maravilhoso, eu até fique com um carinha lá do colégio, que eu já estava de olho à um tempo.

Mais ou menos as três da manhã a mamãe nos chamou para voltarmos pra casa, todo mundo já tinha ido embora e o papai estava conversando com o segurança, enquanto minha cabaça dava voltas. Eu estava feliz, mas me sentindo um pouco angustiada; sempre que tudo está certo de mais na minha vida algo dá errado.

O papai veio e a mamãe já estava deitada no bando de trás do carro, dormindo. Eu coloquei o sinto e nós seguimos, acabei cochilando...

* * *

*Ei, menina, você esta me ouvindo ? - eu abri os olhos sem entender nada. Vi minha tia parada ao meu lado.

*O quê... - foi o que eu consegui balbucia.

*Como está se sentindo, querida ? - minha tia Sara perguntou.

Realmente não estava entendendo nada, onde eu estava ? Por que ela estava aqui ? Afinal ela não mora em BH ?

*Bom dia, Evangeline, eu sou seu médico Dr. Marcos, você sofreu um acidente e está dormindo a uma semana, não se preocupe vocês está bem. - o tal médico disse e voltou o olhar para uma ficha que estava em sua mão.

*Como está se sentindo ? - ele perguntou.

*Tia, o que ... - ela não me deixou terminar.

*Você sofreu um acidente querida, mas não se preocupe ok? Você só tem que se recuperar. - ela estava com o rosto todo inchado.

*Meus pais, tia ? - ela abaixou o olhar antes de responder.

*Devemos saber como você está primeiro, Evangeline, depois vocês tratam desse assunto. - o tal médico disse.

*Tia !? - eu já estava sentindo minha paciência indo para o espaço.

*Eles estavam no carro com você, minha querida. - uma lágrima rolou pelo seu rosto.

*Onde estão eles ? Eles estão bem ? - ela nem precisou responder. Ali mesmo na minha frente ela desabou em lágrimas, e eu soube, meus pais morreram. Não era possível eu não queria creditar que todo meu mundo tinha desabado em questão de uma noite e eu dormi por uma semana.

Para mim ali naquele momento minha vida acabou.

Um novo começoOnde histórias criam vida. Descubra agora