A PROTETORA

Capítulo 1

Cá estou eu, literalmente expulsa do céu em uma missão de resgate. Meu pai me pediu para cuidar de uma garotinha chamada Lira, ela está muito doente e precisa da minha ajuda, além dos cuidados de um médico.

Minhas asas estão cansando, procurei por horas e não sei onde ela possa estar. Sei que isso não seria fácil, mas continuei procurando. Meu pai me deixou as regras enquanto eu estiver longe de meu território:

□ Não deixar que me vejam.
□ Não cair em tentações humanas.
□ Conversar apenas com a menina.
□ Não se apaixonar por humanos.

No final, eu deveria marcar um X em tudo que eu fizer, o meu pai está me olhando lá de cima, não quero desapontar minha família novamente. Sou uma anjinha brincalhona e doce, mas sei ser responsável em uma missão como essa. Ela precisa de mim e eu preciso da aprovação de meu pai para voltar para casa, caso contrario, estou presa aqui para sempre.

(...)

Alguns minutos se passaram e finalmente encontrei o hospital. Aliviada, fiquei invisível e me aproximei da janela do quarto onde Lira estava. Pude vê-la dormir como uma criança doce e inocente. Algo me atraiu naquela garotinha, ela parecia ser muito especial.

Me assustei quando a porta abriu e uma enfermeira entrou. A mulher acordou Lira que estava sonolenta e disse que ela tinha a visita de seu irmão na parte de tarde. Lira sorriu e ficou feliz com a notícia.

Meu pai não me disse sobre ela ter um irmão, apenas que Lira tinha câncer e estava precisando de mim. Ele não deu mais detalhes, então imaginei que eu precisava descobrir um pouco mais sobre sua família.

Entrei pela janela assim que a enfermeira saiu, Lira voltou a dormir como um anjinho e eu me sentei enquanto a observava. Ela era ruiva, sua pele era branca carregada de sardinhas, era uma jovem frágil e não merecia morrer. Se isso acontecer, eu a levarei comigo. Ela merece uma paz interior.

(...)

Cochilei no sofá e quando eu dei conta do horário, quase pulei do sofá. Era hora das visitas, o irmão de Lira já estava no quarto e se assustou com o meu barulho. Felizmente eles não conseguem me ver, apenas se eu permitir.

- Você está bem? - o irmão de Lira perguntou.

- Estou sim, Seth, obrigada por perguntar e pela visita.

Seth era lindo, seus olhos claros eram como um espelho, fiquei vidrada em tamanha beleza desse homem. Ele carregava um sorriso amigável e deu para  ver a preocupação que ele tinha com sua irmã.

- Você vai melhorar minha pequena, estou aqui para cuidar de você. - Seth falou enquanto beijava sua testa.

- Eu também estou. - sussurro baixo, mas ele parece ouvir. Seth olha para todos os lados, mas não encontra nada. Admito que fui um pouco descuidada, eu preciso me concentrar mais.

- Você ouviu algo, Lira? - Seth perguntou e Lira assentiu.

- Sim, é como se fosse alguém falando bem baixinho. Mas acho que é no quarto ao lado. - Lira disse enquanto brincava com o seu ursinho de pelúcia.

- Sim, acho que estou ficando maluco. - Seth riu, seu sorriso era lindo, tão lindo quanto ele.

Então me lembrei da regra, eu não podia me aproximar de humanos, apenas da garotinha. Isso me entristece, eu gostaria de fazer amizades, eu sou muito sozinha. Não tenho alguém para desabafar ou sair e me distrair. Suspirei e continuei a olhar os dois até o fim do horário das visitas.

- Eu volto amanhã, minha pequena. Se cuida e dorme bem. Eu te amo muito. - Seth disse e beijou a testa de Lira.

Era muito amor envolvido e eu achava isso lindo, ele tinha um carinho imenso por ela, assim como eu. Seth então saiu do quarto e eu pensei em conversar com ela. Mas será que ela vai gostar de mim?

Pensei um pouco mais e achei melhor não, apenas cuidar da garotinha e fazê-la dormir como um anjo. Esse era o meu trabalho, cuidar dela era um responsabilidade minha.

Fiz a magia de proteção e lancei em Lira, que rapidamente fechou os olhos e dormiu. Amanhã Seth estará de volta e estou ansiosa pela sua visita.