Piloto

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O alarme de Kath tocou, eram 6h da manhã do seu primeiro dia no terceiro ano do ensino médio, o último ano em que ela teria que passar pela tortura que lhe era a escola no Brasil. Ela pulou da cama de ansiedade, apesar do medo, não praticava o português desde o início das férias, tinha medo de que seu sotaque estivesse muito acentuado, o que seria mais motivo para ser zoada na escola, então enquanto se arrumava, conversava consigo mesma, tentando atenuar o máximo possível o fato de não se encaixar na língua.

Quando desceu para tomar café da manhã já eram quase 6:30, ela tinha poucos minutos antes de sair de casa, visto que sua aula começava às 7:20.

Ela desceu os dois lances de escada correndo, quase tropeçando em seus próprios pés, chegando na cozinha no momento em que sua mãe, Claudia, colocava seu prato na mesa.

Kath: Guten morgen mom (bom dia mãe) -Claudia não falava muito bem o português, apesar dos muitos anos morando no Brasil, talvez Kath tenha a quem puxar.

Claudia: Guten morgen, preparada para seu primeiro dia de aula?

Kath: Nunca, mas não tenho escolha mesmo, tenho?

As duas deram uma risadinha, com um tom de tristeza, Kath engoliu rápido a comida, quase sem mastigar, voltou ao segundo piso da casa, para escovar os dentes e pegar seu material. Verificou seu cabelo, mechas ruivas escuras caindo em ondas perfeitas até sua cintura, respirou fundo e foi para o carro, em poucos minutos ela estava parada na frente da entrada da escola, reuniu o máximo de coragem que tinha e entrou, torcendo por novas pessoas em sua turma.

Se decepcionou ao entrar e olhar a lista de chamada, se deparando com os mesmos nomes e rostos, todos reunidos num grupinho no pátio, então andou frustrada até "seu" banco no canto da escola, que era numa área aberta, por isso ficava sempre vazio, mas ela gostava de lá, se sentia aquecida com o Sol.

Ela colocou seus fones e abriu seu livro, até que o primeiro sinal tocou, o que significava que a porta da sala já estava aberta, correu para dentro, para tentar evitar insultos dos garotos, sem sucesso. "A Alemanha não te quis esse ano, ruivinha?", "Vejam se a estranha do sotaque não voltou".

Preferiu correr antes que escutasse mais, e se sentisse ainda pior mais tarde.

Ao chegar na classe, felizmente seu lugar favorito ainda estava vago, a primeira carteira da parede direita, na frente do professor, sendo a porta ficava na extrema esquerda da sala. As pessoas foram entrando e ninguém se sentou atrás dela, o que seria esperado, se as carteiras não fossem contadas.

Após a sala cheia, o professor entrou, fez breves apresentações e começou a matéria, que parecia extensa e pesada já no primeiro dia de aula, Kath só pensava nos calos que teria em suas mãos até o fim do ano letivo.

Cinco infinitos minutos depois, uma batida na porta quebra o silêncio absoluto da classe.





E aí, galera? Essa história era postada no insta ano passado, resolvi trazê-la pra cá e também para o Spirit, espero que gostem, boa leitura :))

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