Capítulo um

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Janeiro de 2040, Henry Johnson.

    Tudo começava aqui.
    A partir da linda manhã ensolarada, com o soar das árvores revoltadas pelo vento, que invadiam meus ouvidos serenos; A partir dos calafrios que me causavam ao escutar os passos de AX-6, descendo as escadas, ecoar pela grande mansão vazia; cinza; sem graça; A partir do gosto amargo do café que eu não gostava, mas aceitava aprender a gostar.
    Tudo isso para me encaixar em uma sociedade. A sociedade que me fazia ser sem graça; que me fazia ocultar sentimentos e pensamentos, no qual, queria contar para o mundo inteiro.
    Talvez aquilo poderia ser maluquice da minha parte, até porque, nessa sociedade nada se oculta. Todos prometem com toda certeza serem honestos para tudo. Então, ficamos a crer nisso. Não que eu creia, mas devo mentir para mim mesmo, dizendo que- sim! Eu amo essa sociedade e quero viver aqui sempre- "Simples assim".

- mestre, o que devo fazer para você comer, além de beber desse café amargo? Sei que você odeia a amargura do café e de todos aqui.- disse por um sussurro, me fazendo arregalar os olhos ao perceber a gravidade de suas palavras.

- AX-6, já te falei que não deves dizer essas coisas. Eu gosto sim. Amo.- falei sem expressar algum sentimento através de meu olhar.

- e eu já te falei que seus olhos são como um mar sem água?

- o que quer dizer com isso?- perguntei sem curiosidade. Estava entediado com tudo aquilo.

- um mar morto. Sem brilho. Sem graça.- ela falou em um suspiro, entristecida.

- é porque não existe esperança neles.- me referi aos meus próprios olhos, enquanto fitava o chão, perplexo com minhas próprias palavras.

- existe esperança sim.- falou enquanto afirmava com a cabeça.- só não existe coragem.- informou.- falando nisso, hoje o céu estará bem estrelado, do jeito que gostamos.

    Sorri leve, me lembrando de todas as vezes em que iríamos ver as estrelas. Era algo que fazia parte do cotidiano de AX-6. A guardiã  das estrelas. Quando ela olhava para o céu, dava pra perceber sua paixão, os olhos brilhavam e sua bochecha corava, de tanto prazer que tinha naquilo. E eu acabei criando essa estrutura dentro de mim. Não conseguiria dormir sem olhar para o céu nunca mais.

Janeiro de 2040- Dylan Miller

Mais um ano tinha chegado e nada mudava. Meus planos, meus pensamentos, minha vida estava completamente diferente do que eu sonhava. Por que é sempre assim? Por que todas as vezes que fazemos planos, nada nunca acontece do jeito que queremos? Ou nem chega perto...
Então, essa é minha vida. Sou apenas uma pessoa que se remói todos os dias por não ter coragem o bastante e tomar algum tipo de decisão.
O que mais eu temia...? Sinceramente, nada me assustava. Nada me atrapalhava ou fazia com que eu voltasse atrás. Eu não sei o porquê dessa lamúria toda em minha mente.
Minha vida foi baseada em livros. A única coisa que gostava de fazer sem ser perturbado pelo meu guardião super sério e sem sal.
Encaixar meu rosto dentro do livro, não ligando para os calafrios que me causavam pelo bater da ponta de meu nariz nas folhas rígidas. Sentir o cheiro familiar e delicado de um livro novo. Isso era meu mundo.
Talvez, ninguém a minha volta entenderia essa minha maneira de viver, então preferia deixar todos esses pensamentos comigo.

Janeiro de 2040- Jonathan Patterson

- Jonathan Patterson. Nome feio, igual a sua cara.

- PORRA, GL-57! Já disse pra você calar a boca. Me deixa dormir. - gritei impaciente, pela milésima vez.

- mestre, por que está tão tristonho? fique mais triste, quero ver suas lágrimas descendo.

Respirei fundo e me levantei, puxando ela para a porta do quarto. - cala essa boca, ou então irá dormir na rua.- a empurrei para a sala, trancando a porta em seguida.
Nunca tinha imaginado que teria tantos problemas com minha guardiã. No início, eu gostava dela como amiga, mas, depois de um tempo ficou impossível. Acho que eram problemas, porque ela sempre dizia que eu estava triste, mas eu não estava aparentando estar triste.
Ficava imaginando outras guardiões, será que também são tão chatas e insuportáveis como a GL-57?
Se o governo descobrisse que eu odiava tanto essa merda que eles criaram, iriam me matar facilmente. Por isso odiava todos eles. Governo medíocre e egoísta.
Posso ser compreendido de uma maneira ruim, mas não ligava. Nunca liguei pra nada, muito menos para essa sociedade ridícula.
Eu só estava esperando o momento certo para agir e conseguir destruir aquele governo.

Janeiro de 2040- Lauren Harris


Me acomodava no banco da moto, pronta para dar partida. Meu coração não pulsava normalmente, estava quase saindo pela minha boca, apesar disso não impedir meus olhos dispostos naquilo que estava prestes a fazer. Pode ser algo comum para você, talvez.

- chega. Não adianta nada ficar montada nisso sem poder andar.

Revirei os olhos, me jogando no tapete da sala. Ver motos somente em filmes me fazia querer mais andar nelas; em uma estrada vazia com um belo por do sol. Escutando somente o ranger do motor. Ah, como eu amava aquilo. Só bastava ter gasolina e sem dúvida, uma longa estrada.
    Queria que essa sociedade acabasse. Antigamente as coisas eram tão melhores. Ah, liberdade, como eu queria tê-la.

Janeiro de 2040- Blue Lye

- miau, miau.

    Soltei uma risada enquanto fazia caretas no espelho.- eu sou uma linda gatinha. Miau!- dei a língua para meu reflexo, fechando meu mundo novamente. A tristeza invadiu meu coração e meus olhos transbordaram rapidamente. Por que tinha quer ser tão sensível? Somente por pensar em meu sonho, perco toda minha vontade de viver! Ainda mais nesse lugar onde não existe amor. Somente coisas falsas que são feitas para imitar aquilo que é vivido e apreciado. 
    Meu grande sonho é viver em uma casa com vinte gatinhos, cada um de uma espécie diferente. Mas por aqui, não existe animais de estimação. Somente tecnologia. Só isso que eles prezam.

- queridinha, vamos assistir mais um filmeeee!- falei animada para minha guardiã, enquanto jogava doces em minha boca.

- não quero assistir esses filmes de criança. Vou jogar jogos online, pode assistir sozinha.

    Suspirei tristonha, tentando segurar meu choro. O que realmente era difícil.
    Estava cansada dessa repetição diária. Sem poder viver de verdade. Isso me remoía cada vez mais.

Ashley Roberts-


Eu tinha uma vida um pouco diferenciada, já que tinha habilidades com facas, espadas e algumas lutas. Acabei por trabalhar no governo e isso era bom. Nem tão bom, porque tenho mais regras do que um PE normal, mas nada que acabe com minha saúde mental.

- o trabalho de hoje está acabado, senhorita.

Me curvei para o homem em minha frente em forma de respeito e me retirei do lugar.
Estava no caminho de casa, pensando no que mais sonhava em fazer algum dia.

- sua vez de ser regada, minha querida rosa!- sorri para minhas mãos, fantasiando um lindo jardim repleto de rosas vermelhas.

Sim, pode ser estranho, mas, esse era meu sonho. Cuidar de lindas rosas, enquanto fechava meus olhos ao sentir o cheiro delicado e doce das flores que tanto amava.
Infelizmente, esse sonho não poderia ser realizado. Ao menos que algum dia essa sociedade seja destruída e então, tudo poderia voltar ao normal.

Natureza.
Liberdade.
Amor.
Amizade.
Vida.

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Eae, docinhos de côco <3
Ignorem os erros, please.
!!Iremos revisar tudo depois!!

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