Prólogo

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Acordo com o despertador ao meu lado e tateio o mesmo antes de abrir os olhos.

9:30 - Suspiro - Levanto e coloco meus pés nas pantufas que sempre se encontram ao lado direito da minha cama, conto vinte passos e chego até a porta do banheiro, conto mais dez e chego ao meu objetivo.

Todos os dias à mesma rotina, todos os dias a mesma escuridão preenchendo a minha vida, desde o acidente, desde a morte de Sean a única coisa que vejo e o escuro.

Término de me arrumar e percorro meu quarto, faz exatamente 1 ano que me tornei uma deficiente visual e que o mundo exterior se tornou um tanto insignificante pra mim, vou a escola para cego algumas vezes na semana, frequento a psicologa uma vez por mês, e dou pequenos passeios pelo bairro junto de Teddy,  meu cão-guia.

No começo foi uma tortura, esbarrava nos móveis, vivia caindo, a escada e eu vivíamos em uma luta, agora já decorei todos os móveis da casa, embora algumas vezes minha mãe acabe esquecendo algo pelo caminho e eu acabo me tornando a vítima.

Eu tinha tantos planos pro meu futuro e agora nada mais importa, me afastei de todos meus amigos, a pena deles não é agradável, algumas vezes ainda escuto falarem sobre a garota que matou o próprio irmão, e que por isso Deus a castigou a tornando cega, os comentários, os sussurros...

Não existe um dia que eu não me lembre do meu irmão, do corpo dele já sem vida ao meu lado, como esquecer a última coisa que eu enxerguei antes de tudo se tornar escuro? 

Como esquecer algo que me atormenta todos os dias? 

Ninguém entende o porquê me afastei do mundo e me isolei tanto a ponto de não saber mais iniciar uma conversa com alguém, e nem vai saber, pois assim como o mundo perdeu as cores pra mim, meu coração se tornou frio.

Colors Of LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora