Declínio

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Manhã de sábado, eu acabara de acordar e levantei da minha cama com muito sono e desânimo. Fui para a cozinha, dei um bom dia para minha mãe e comi um pedaço de pão. O dia estava perdido, eu não tinha nada pra fazer então resolvi ir pra casa de Joe, meu namorado, afinal, morávamos há alguns quarteirões.

Meu pai não gostara nenhum pouco de Joe, ele achava que nós não combinávamos porque tínhamos idades iguais, meu pai sempre quis que eu namorasse caras um pouco mais velhos. Sempre ignorei a opinião dele, eu já tinha 22 anos, porém Joe e eu não tínhamos muito a ver, mas nós nos amávamos e isso já bastava. Minha mãe não dizia nada, ela apenas perguntava se nosso namoro estava indo bem, ela apenas queria me ver feliz, sempre achei isso muito legal da parte dela.

Eu adorava ir à casa do meu namorado, passávamos o dia inteiro assistindo filmes românticos e dando risada das garotas exibidas da faculdade (estávamos no último ano da faculdade e contando os dias para a formatura), porém aquele dia Joe estava diferente, eu tinha acabado de chegar e ele estava apavorado, com uma cara muito pálida e também medonha, até me assustei. Resolvi perguntar o que estava acontecendo, ele apontou o dedo para a televisão ligada que estava em um canal noticiário.

O jornalista falava do nosso bairro, falava que havia pessoas sendo sequestradas e uma dessas pessoas era seu tio. Eu, assim como Joe, me apavorei e tentei me perguntar o porquê disso tudo, afinal não morávamos em um bairro de classe alta.

­- Amor, qual é sua opinião sobre isso? Perguntei.

- Ainda não tenho uma opinião apenas acho isso um absurdo, meu tio nem ninguém não tinham nada a ver com isso, a minha mãe vai ficar apavorada. Ele respondeu.

Nesse instante imaginei estar na pele de Valldey, minha sogra, fiquei ainda mais apavorada. Passou alguns segundos e tentei me imaginar na pele das pessoas sequestradas e cheguei a me imaginar morta, mas sem motivos para isso.

O pai de Joe, senhor Jorge Hemeu, trabalhara até as nove da noite de segurança em um condomínio próximo dalí, já era 11 horas da manhã e sua mãe acabara de chegar do supermercado, muito feliz por ter comprado uma marca nova de xampus e condicionadores. Quando ela me viu ficou ainda mais feliz, mas quando ouviu o noticiário, derrubou as sacolas e desmaiou, caindo com o corpo mole no chão. Joe começou a chorar e eu ainda mais a me apavorar, então ele me disse:

- Thiffanny, pegue a chave do meu carro em cima da mesa da cozinha, vamos levá-la a algum pronto socorro.

Fui correndo pegar a chave (nem sei como consegui correr tanto) e por fim colocamos dona Valldey com cuidado no banco de trás do carro e a levamos. Quando chegamos, ela foi para emergência e passado alguns minutos depois de examinada, o médico nos chamou a seu consultório. Ela já estava acordada e meia zonza.

Ele nos disse que foi apenas um susto e perguntou qual foi à última coisa que ela viu ou ouviu, e receitou um remédio que nem tinha tanta necessidade, então Joe contou o motivo e por fim pegamos o carro e voltamos;  Valldey chorou o caminho inteiro. Quando chegamos era por volta de 3 da tarde, ela ligou para seu marido Hemeu, ele assustado voltou rapidamente e quando chegou, chorou também.

Para o meu azar começaram também Joe e Valldey a chorar, e ficaram os três choramingando. Eu fui embora, e fiquei pensando:

- Nossa! Que namorado tenho, além de eu ir até sua casa ele nem me deu atenção.

Tive que entender a situação, porém fiquei triste.

Cheguei em casa esfomeada, não tinha comido nada o dia inteiro e acabei comendo três pratos de sopa que minha mãe tinha feito. Estava uma delícia! Tomei um banho, escovei os dentes e fui dormir, nem jantei. Acordei no dia seguinte, domingo, outro dia entediante, sem nada pra fazer e minha mãe perguntou:

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