Sempre defini Argentum como uma cidade meio a meio. Meio grande, meio pequena. Meio tranquila, meio agitada. Meio incrível, meio sem graça. Aqui é o tipo de lugar onde as pessoas podem passear livremente sem correr o menor risco de acabarem assaltadas, mas também é o tipo de lugar onde o nada costuma acontecer com bastante frequência, provavelmente pelo fato de que a maioria dos habitantes vivendo aqui se encontra na chamada melhor idade, possuindo um gosto peculiar para música que não envolve o pop rock da atualidade.Fala sério, eu ainda não consigo acreditar que Argentum foi cortada outra vez na hora de fazerem o cronograma de turnê da minha banda favorita, por falta de público-alvo!
Na verdade, eu não consigo acreditar que nem uma das cidades do Condado de Stella entrou na rota, o que torna ainda mais difícil que eu consiga ir a um dos shows, seja pela distância (O concerto mais próximo seria na cidade de Coralina, condado Morfeu, a 320 km daqui), mas principalmente pelo dinheiro, que, mesmo com meus dois empregos de meio-período, eu não conseguiria arrecadar o suficiente em apenas um mês para cobrir as passagens e a estadia. Assim, na língua dos pobres mortais, isso significa que eu estou na maior fossa por não poder realizar o meu desejo, que consiste em ver o Day, o Joshua, o Warren, o Jonathan e o Simon bem de pertinho, com apenas um palco e um mar de outros fãs nos separando. Me diz, Oh Grande Ser Superior que rege a minha vida: aonde é que estão as fadas madrinhas contemporâneas com suas varinhas de condão (Cartões de crédito e conta bancária rechonchuda) quando nós mais precisamos delas?
Pensar isso me faz suspirar de desânimo outra vez, o que vem se tornando um costume desde o dia anterior, quando eu li a notícia no site oficial da Fly High, a banda em questão. Desde então, eu não consigo parar de me lamentar e ficar triste, resmungando o meu azar pelos cantos. Mas, mesmo estando em uma fase de repetição, o meu suspiro ainda chama a atenção da minha melhor amiga, a qual me olha com pesar pela milésima vez no dia, porém eu finjo não perceber e apenas continuo caminhando ao seu lado.
Hope Elizabeth Wright e eu somos amigas por tempo o suficiente (dois anos e um mês, sendo mais específica) para ela saber o quanto ir nesse show é importante para mim. E somos tão próximas que a minha tristeza acaba se tornando sua também, mesmo que ela secretamente não goste da Fly High tanto assim e às vezes chame o meu Day de narigudo só para me irritar.
"Sabe, eu detesto quando você fica assim", ela acaba falando, aproveitando-se do fato de termos parado na calçada para aguardar o sinal ficar vermelho e podermos atravessar a rua. "Simplesmente não é você, Lena", acrescenta Hope. Pelo canto do olho, eu percebo que ela me olha, mas continuo fingindo interesse na faixa de pedestres, meio que ignorando o que ela fala por já saber aquelas palavras de cor. Haviam sido as mesmas da minha mãe no dia anterior. "Haverão outros shows que você poderá ir".
Esta é outra questão. Desde que a Fly High surgiu em minha vida, cerca de um ano atrás, eu venho me auto consolando com a ideia de que haverão outros shows no futuro, os quais eu poderei ir. O problema é que, há uns dois meses, junto com o anúncio do novo CD e da turnê nacional, a banda anunciou também que fará uma turnê mundial e logo depois dará uma pausa de dois anos para os membros ingressarem no serviço militar obrigatório de nosso país. DOIS ANOS! Dois anos sem meus cinco meninos juntos serão de partir o coração, e é mais do que suficiente para que eu queira ir a um show dessa turnê, de um jeito ou de outro.
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FANGIRL [DEGUSTAÇÃO]
Teen FictionFly High é a banda de maior sucesso atual, a qual está prestes a fazer uma nova turnê. Como protagonista desta história temos a ambiciosa Helena Rousseau, que no início dos seus 18 anos e com uma vida cheia de altos e baixos, trabalha o máximo que...