Perdoe-me por isso...

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Não sei o que deu errado entre nós, todos os dias ao meu despertar, tento lembrar-me onde foi que errei. Não consigo entender o que fiz de tão errado para me abandonares. E o único bilhete que obtive das tuas últimas palavras não fora suficiente para que eu pudesse entender o porquê do abandono.
Amanhã seria o dia do nosso casamento se estivesses aqui, Mas tu simplesmente abandonaste-me sem nenhuma explicação.
Meus dias não tem sido os mesmos de antes, quero que Voltes para mim, quero que tudo volte a ser como era antes. Eu cuidarei de ti, não te faltará nada, se não fiz o suficiente para manter-te ao meu lado, peço uma chance para que voltes para mim, eu farei tudo certo desta vez, por favor.
- Não te preocupes meu jovem, ela está muito bem só precisa de um tempo sozinha. -disse a dona Marta tia da Fátima. A única certeza que tenho é que ninguém entende o meu desespero. Ninguém...
- Eu só preciso conversar com ela. Só isso. Por favor... -implorei ganhando como resposta a batida da porta na minha cara.
- Fátima... Por favor fale comigo. -soltei entre soluços. Ela não está me proibindo de vê-la, ou está?
Dias foram passando, nunca sequer tive notícias dela, vários emails, vários telefonemas e varias mensagens de texto que mandei sem obter nenhuma resposta. Não tenho ido ao serviço, não tenho falado com ninguém, não tenho feito absolutamente nada desde que ela decidiu me abandonar.
Não está sendo fácil continuar assim. Dói tanto saber que deixei ela ir sem ter impedido. Ela estava boa demais na última semana, procurava maneiras e formas de me agradar e conseguiu, conseguiu deixar uma ferida no meu peito que nem sei se terá cura sem ela aqui comigo.
Sorrisos tristes sempre apetecendo nos meus lábios quando lembro-me da forma como nos conhecemos. A noite era tão frio que exclamei vendo uma moça tão linda e tão delicada trazendo apenas consigo choros. Ela chorava tanto que deu me pena e aproximei-me dela oferecendo minha ajuda e ela dizendo que não precisava e que estava bem. Mas não foi isso que eu vi em seu olhar. Ela estava acabada e nem falar não conseguia de ter chorado demais. Foi estranho quando ela disse que não tinha onde ficar e eu ofereci minha casa para que ela habitasse nela, não sei se aquilo foi um bom sinal porque ela aceitou. Nos tornamos amigos, dividiamos as despesas da casa. Vivendo à dóis fui me acostumando a tê-la ao meu lado. Nunca entendia o porquê de tanto ir ao médico, todas as semanas ela tinha um dia especialmente reservado para o médico, nunca me contava sobre isso, e eu nunca insisti em quer saber.
Talvez agora eu deva procurar saber o porquê de tanto ir ao médico.
Levantei-me da cama e fui a procura de respostas. Eu tinha que saber, o porquê de tanto médico e do abandono.
- Foi algo que eu como sendo um médico tinha que fazer para que meus pacientes sentissem-se relaxados e seguros ao falar dos seus problemas. -explicou o médico. Doutor Alfredo.
- Ela tinha a mim. Eu sempre estive cuidando dela, eu deveria ter sido notificado sobre o assunto. -protestei aquela atitude.
- Ela pediu que prometesse que nunca contarei nada até que tu viesse buscar pelas respostas.
- Quando foi a última consulta?
- A três semanas atrás.
Câncer... Ela tem um câncer e já está desenvolvido. Não há nada que eu possa fazer. Mas isso não justifica nada do que ela fez. E ainda por cima deixou me um bilhete que segundo ela irá explicar todo o problema. O porquê do seu choro no dia que nos conhecemos e sobre o abandono.
Escutando isso foi demais para que eu saisse e fosse procura-la. Quando cheguei na casa da dona Marta, não pude acreditar no que ela me disse.
- Ela foi embora e disse para que tentasse entender-la. Ela não queria que sofresse pela doença dela. Ela ama te moço e por esse amor, ela deixou te livre para tentar ser feliz com outra.
- Ela não deveria ter feito isso. Ela deveria ter confiado mais em mim. Eu imploro que a senhora fale dona marta onde ela está? eu preciso cuidar dela.
- Ela não deixou nenhum contacto e não disse para onde ia. Apenas levou o meu e disse que se precisasse de algo ligaria.
Eu não sei mais o que fazer. Procurei-na em todos os cantos da cidade, nas cidades vizinhas e nada dela. Voltei ao médico e ele disse que desde a última consulta não tinha mais visto ela. Foram se dois messes tentando achar uma pessoa que nunca tive resultados, eu juro que procurei. Mas não a achei. Até fui demitido no meu serviço por ter faltado dóis meses.
E agora estou cansado. Não quero mais continuar com buscas que não oferecem nenhum resultado para mim. Cansei. Tenho que cuidar mais de mim.
- Achas mesmo que está sendo fácil para mim? Eu não consigo entende-la. Sério, ela deveria ter compartilhado a sua dor comigo.
- Ao menos ela partilhou a felicidade ao seu lado. -disse Maurício meu amigo tentando confortar-me no trabalho. Pois consegui voltar a trabalhar na mesma empresa na qual tinha sido demitido. Apenas expliquei a minha situação e deram me mais uma chance.
- Ela não deveria ter feito isso. Agora quem está sofrendo sou eu. -pelo menos meu emprego já estava de volta. Durante essa semana, mantive-me afastado de pensamentos negativos. Eu tinha que continuar com a minha vida.
- Fernando, isso é pra ti. -estendeu me o braço Milton entregando-me uma carta.
Segurei a mesma me limitando nos pensamentos. É só uma carta, nada importante. Talvez eu devesse abri-la em casa. Infelizmente a minha curiosidade tem falado mais alto, algo que não sei controlar. abri a carta.

Perdoe me por isso. Não suportaria -lo sofrendo por minha causa. Eu tinha que partir minha hora tinha chegado. Foi maravilhoso ter tido esperança ao teu lado, ter tido teu amor, teu respeito e tua atenção. De todos os relacionamentos que tive, o nosso foi o melhor... Sei que prometi e estive comprometida contigo, mas infelizmente o teu amor não fora destinado a mim. Foram os melhores meses da minha vida ao teu lado, e me permite ser feliz. Mas cada dia que passava eu não aguentava mais, a dor e o desespero me consumiam por inteira. Tive que sumir da tua vida pensando no teu bem. Apenas peço perdão por isso.

Com amor, Fátima...

Dobrei o papel e encarei o nada. Ela escreveu isso no último dia. Eu vi ela escrevendo... Ela estava nervosa, nervosa demais. Nunca pensei que tudo terminaria assim.

E essa foi a última vez que obtive notícias dela.

Sandra J. Banze

Perdoe-me por isso...Onde histórias criam vida. Descubra agora