Capítulo 1

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Sorte das pessoas que podem esquecer e ficam por aí a angustiar se pelo seu esquecimento enquanto mal sabem que isso é o melhor dentro das suas vidas inúteis de seres humanos. Má sorte a minha de conseguir lembrar de tudo desde o dia em que nasci ou desde o dia em que comecei a ver melhor este mundo cheio de amor.

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    Lembro me como se fosse hoje.- Não que eu tivesse escolha.

Flashback:

  Tinha 6 anos quando fui urgentemente para o hospital, sinto o cheiro do hospital, as sensações que estava a sentir e lembro me de cada corredor que levava a uma sala cheia de pacientes imóveis sem conseguirem se mexer.

Lembro me também como a minha mãe a Dona Lucinda entrou dentro daquela sala de hospital sem cor só enalada de tristeza, entrou como sempre entra em todas as salas, como um furacão. Lembro me também do meu pai o Sr° Alfredo de smoking atrás dela com uma cara muito apática mas sempre com uma postura ideal como se toda a sua vida se resumisse á sua boa postura e às reuniões diárias. Se me perguntassem como descreveria os meus pais eu diria que a minha mãe era como um gelado, doce e o meu pai como o mar, por vezes torbolento por outras parece calmo mas no fundo está enfurecido. Nada haver um com o outro mas os dois juntos ficam bem.

Lembro me do médico que entrou dentro da sala interrompendo o interrogatório dos meus pais.

Médico- Então..... -falou parecendo pesquisar o meu nome na placa que tinha nas mãos- Matheus! Como te sentes?

Matheus- Melhor.. -falei e olhei para o médico que me fitava de cima a baixo como se me analisa se mentalmente.

Médico- Sabes o motivo de estares no hospital?

Matheus- Sei. - falei e quando olhei para a minha mãe a mesma já me olhava com curiosidade.

Médico- És alérgico a queijo e comeste demasiadas doses o que te fez vir urgentemente para aqui. -sorriu.

Dona Lucinda- Ele é alérgico... -falou rapidamente cortando me a fala.

Matheus- Uma amiga disse que quem muito queijo como mais rápido se esquece, então experimentei. - falei encolhendo os ombros como se comer queijo para esquecer fosse uma coisa que todo o mundo faz normalmente em toda a sua vida. Logo após de ter dito uma coisa destas sem noção o médico saiu levando os meus pais e olhou me como se eu fosse maluco da cabeça mas realmente era o que eu era, maluco por não conseguir esquecer o que todo o mundo esquece, não conseguir esquecer anúncios de televisão, conversas entre as pessoas, as caras das pessoas, os nomes, cores, ruas, as roupas que usavam, a morte da minha irmã quando tinha 2 anos ou até o jantar de mil anos atrás. Quando parei de falar com o meu subconsciente eu reparei num outro homem que acabara de entrar dentro do quarto a perguntar se estava a me sentir bem e eu no fundo já sabia quem era ele exatamente porque já tinha lido sobre isso em livros e assistido na televisão sobre isso.

Matheus- Mandaram me um psicólogo? - falei olhando de cima a baixo.

Psicólogo- És muito esperto Matheus. Então, comeste queijo para tentar esquecer? - disse sentando se ao meu lado.

Matheus- Sim, foi isso mesmo! -sorri.

Psicólogo- E o que queres tanto esquecer ?- falou curioso.

Matheus- Tudo, quero esquecer tudo o que eu me lembro, coisas boas como coisas más. - contei como se ele realmente estivesse interessado em como me sinto mas no fundo eu sabia que ele só queria descobrir mais uma doença para puder estudar nos seus laboratórios sinistros.

Psicológico- Conta me uma coisa que queiras esquecer. -falou.

Matheus- A morte da minha irmã mais velha. -disse olhando para os lençóis brancos de hospital

Psicólogo- Quando aconteceu? E como?

Matheus- Em 1999, como aconteceu? Lembro me como se fosse ontem.. Eu estava dentro do carro com a minha irmã a conduzir e de repente o carro capota, ainda me lembro da direção em que íamos, que era de noite, das luzes dos carros que passavam e não paravam para ajudar, de quando acordei num hospital com a minha mãe a gritar que tinha perdido a filha no acidente e do enterro infeliz dela. - ia continuar mas fui interrompido pelo psicólogo.

Psicologo- Como é que te lembras disso ainda se foi á 4 anos atrás? - falou surpreso.

Matheus- Eu disse que não esqueço nada. -recordei-o e ele sai sem nem dizer uma palavra como se tivesse ficado sem reação.

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