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"Mãee... eu já te falei, vai ficar tudo bem. Você está agindo como se eu fosse pra guerra". Ed fala para sua mãe pela o que deveria ser a milésima vez naquele dia.

Eu sei, você deve estar pensando: "o que ele vai fazer que está deixando a mãe tão preocupada assim?"

Bem... na verdade, a resposta não é tão ruim quanto parece.

Sabe quando você é criança e sonha em ser bombeiro, policial ou astronauta e os adultos simplesmente riem e acham bonitinho? Eles sabem que no futuro você vai acabar sentado atrás de uma mesa em um escritório cheio de outras centenas de pessoas. Ou pelo menos é o que vai acontecer com a maioria.

Para a surpresa de muitos, ou pelo menos para a sua família, Ed fazia parte da minoria. O garoto nunca foi uma criança que se destacava dos outros. O ruivo sempre foi uma pessoa tímida. Na escola, tinha notas medianas e sua matéria favorita era história. Edward não tinha muitos amigos, mas para ele, seus companheiros Liam e Harry, eram mais que o suficiente.

Foi por isso que seus pais ficaram pasmos quando o filho entrou em casa com um envelope contendo o selo real.

"Mãe, pai, eu consegui!" Ed entrou em casa ofegante, jogando sua mochila no chão e correndo para a sala com o envelope na mão.

"Parabéns, filho!" John disse animado e em seguida olhou confuso para Imogen. Ele não fazia ideia do que aquilo se tratava.

A mulher, que antes tinha seus olhos focados na tela da televisão, virou-se para seu filho confusa.

"O que você conseguiu, Edward?" Seus olhos logo desceram do rosto de Ed para suas mãos, que seguravam um envelope. "Que envelope é esse?" Imogem alcançou os óculos na mesa ao seu lado. "Isso é uma carta da família real?!"

O ruivo nada disse, apenas levantou o envelope acima de sua cabeça como se fosse um prêmio que estivesse segurando e deu um sorriso orgulhoso.

"Oh meu deus, Edward, nos diga logo o que há nesse envelope. Você vai nos matar de curiosidade!" John levantou-se da poltrona e foi até seu filho, arrancando o papel da mão do mesmo e lendo o conteúdo.

"Irlanda, 1 de Janeiro de 2019

A Guarda Nacional da Irlanda informa que Edward William Sheeran, cidadão irlandês, nascido no dia 17 de fevereiro de 2000 na cidade de Dublin, Irlanda, está sendo convocado para servir a família real durante um período indefinido. Sheeran deverá se dirigir à sede na capital no dia 18 de janeiro de 2019 às 10:00, onde será transferido para a localização de serviço já definida. Atrasos não serão tolerados.

Atentamente, Guarda Nacional Da Irlanda"

Os pais de Ed não ficaram muito felizes com aquela carta. Quer dizer, se seu filho estava feliz, eles também estavam felizes, mas o casal sempre se preocupou muito com o menino, por ele ser o filho único, e pensar que não sabiam quando veriam Ed novamente após ele sair pela porta de casa os dava arrepios. Além disso, como o ruivinho tinha passado por meses de treinamento sem contar para os dois? Isso deixou os dois um pouco chateados.

Com o passar dos dias, os Sheeran foram aceitando aquela ideia. O medo ainda estava presente, mas nunca tinham visto o garoto tão animado com algo. O jeito que Ed falava sobre aquilo com tanto orgulho os trazia alegria.

Bem, o dia 18 de janeiro finalmente tinha chegado, e casal já não tinha mais certeza de que estavam totalmente de acordo com aquela ideia. 

"Filho, eu tenho todo o direito de ficar preocupada. E se você for para algum lugar perigoso?" Imogen falava eufórica enquanto conferia a sacola de mão do filho.

"Mãe" Ed chamou tentando chamar a atenção da mulher que agora corria para o banheiro para pegar alguma coisa. "Mãe" Outra tentativa em vão. A mais velha agora estava desdobrando e dobrando novamente algumas das camisetas do filho. "Mãe!" O ruivo falou uma última vez segurando a mãe pelos ombros. "Me desculpa, eu sei o quanto isso deve ser difícil para vocês dois, eu também vou sentir muita saudades de vocês, mas se eu acabar tendo que servir nas ruas, estarei fazendo isso pela segurança de todos os cidadãos da Irlanda. E outra, a chance de eu ir para um lugar pacífico é sempre maior que a de eu ir para um lugar perigoso."

A mulher respira fundo antes de se sentar na cama, sendo acompanhada pelo menino. "A sua segurança sempre será o mais importante, Edward." Ed nada fala, apenas abraça a mãe.

Os dois não sabem por quanto tempo ficaram daquele jeito, mas sabiam que deve ter sido bastante pois perceberam John apoiado na batente da porta olhando para eles. "É hora de ir, Ed." A voz do homem estava calma, porém era possível perceber um leve tremor na fala.

Era 5 horas da manhã e os pais de Ed iriam deixa-lo na estação de trem. A viagem de Galway até Dublin durava apenas cerca de três horas, apesar das duas ficarem de lados opostos do país. 

A despedida deixou todos com o coração na mão e o ruivinho prometeu aos pais que viria visitá-los assim que tivesse uma folga. Os três combinaram que um dia eles até poderiam ir a Dublin dar uma espiadinha no filho. A esperança de que iriam poder se ver logo deixou todos um pouco mais aliviados.

Ed entrou no trem e respirou fundo. O garoto andou pelos vagões até achar um vazio. Àquela hora da manhã não foi muito difícil, então assim que encontrou um, se sentou na poltrona da janela e colocou seus fones de ouvido. Passado um tempo, uma pessoa se sentou no mesmo vagão dele, parecia ser um menino, da mesma idade dele. Sheeran só revirou os olhos, não iria se mudar de vagão agora.

"Garoto estranho, quem usa boné e óculos escuros enquanto está escuro?"  Ao perceber que Ed o olhava, o menino se encolheu na poltrona e subiu a gola de seu casaco. Parecia até que estava se escondendo de algo.

A viagem demorou mais do que Ed imaginava. Talvez por causa da ansiedade do mesmo. Quando finalmente chegou, o ruivo não demorou muito para colocar sua mochila nas costas e pegar sua sacola de mão para sair logo daquele trem. 

"Merda!" Ed xingou alto quando uma figura masculina se chocou nele ao sair do trem.

"Desculpa!" O menino disse andando com pressa para fora da estação.

Ed's POV

Ok, Dublin. Talvez essa não tenha sido a recepção que eu esperava dessa cidade, mas felizmente eu sou paciente e podemos tentar de novo. Eu sinto que eu ainda vou gostar muito daqui.

Eu ando até a parte de fora da estação e olho ao redor. A cidade era bem movimentada, o que era uma coisa nova para mim, já que Galway, onde eu morava, era uma cidade razoavelmente pacata.

Bom... eu já estive em Dublin, há muito tempo atrás, afinal, foi aqui que eu nasci, mas eu e meus pais nos mudamos quando eu tinha só três anos, por dificuldades financeiras. A vida na capital é  sempre mais cara.

Me disperso de meus pensamentos e olho para o meu relógio. Era 8:10, então eu tinha tempo para pegar um café antes de ir até à sede da guarda real.

Após ir na cafeteria mais perto, tomar um grande copo de café e comer um sanduíche, eu peguei o ônibus e continuei minha viagem. Ao parar em frente ao grande prédio, meu coração acelera. Ok, talvez eu estivesse um pouco nervoso. 

Meu queixo cai assim que eu entro no prédio. Era incrível. O teto alto, os pilares gigantes se- "Nome?" Tenho meus pensamentos interrompidos por um homem parado na minha frente. Ele tinha uma expressão séria, vestia o uniforme da guarda e parecia estar no cargo há muito tempo, pela idade que aparentava ter.

Ajeito minha postura imediatamente. "Sheeran, senhor." 

O homem passa os olhos pela folha em sua mão. "Soldado Sheeran, você será encaminhado para o palácio." Ele tira os olhos da folha e aponta para um grupo de pessoas perto da porta. "Aguarde com aquelas pessoas."

Bato continência e vou até o local indicado.

Eu vou para o palácio...

 




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⏰ Última atualização: Mar 25, 2020 ⏰

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