The House of Allhallowtide Street

Capítulo 1: Aberto à Visitação

Irlanda, 31 de Outubro de 2017.

As ruas de Dublin estavam cheias, pessoas fantasiadas passavam de casa em casa batendo às portas pedindo doces. A preocupação da maioria das crianças àquela noite era conseguir doces até não caberem em seus potes e os pais, de verem seus filhos saciados e animados, porém para alguns; a única preocupação era se sua casa estava decorada o suficiente para a noite...

A Rua Allhallowtide era uma das mais movimentadas da cidade àquele dia do feriado, era uma pequena vila composta por casas no estilo colonial, todas estavam decoradas com o básico: abóboras, teias de aranha nas janelas, fantasmas entre outras decorações, exceto a casa no fim da rua. A elegante casa estava decorada profissionalmente e como consequência também estava sendo evitada por conta da decoração pesada, os pais seguravam as mãos de seus filhos ou fechavam seus olhos para evitar que vissem algo perturbador e simplesmente os levavam para a casa do outro lado da rua.

- Doces ou travessuras! - Disse uma criança animada fantasiada de diabinho, depois que um rapaz loiro, aparentando estar entrando na fase adulta; abriu a porta.

- Mmm, eu não gostaria de ser assombrado por alguém tão assustador como você. - Brincou o rapaz sorrindo amigavelmente para o pequeno e terminando de encher seu balde quase transbordado, com doces. - Feliz Halloween. - Desejou o loiro mexendo nos cabelos da criança e sorrindo para a mulher que o acompanhava.

- Sabe me dizer por que os donos daquela casa a decoraram daquele jeito? - Perguntou a mulher com um sorriso tímido, se referindo à casa do outro lado da rua. O rapaz olhou para a casa e se voltou para a mulher com um sorriso de soslaio.

- Eles são designers. Se mudaram pra cá recentemente, e parece que se empolgaram com o primeiro Halloween, a decoração ficou tão macabra não é? - Explicou o loiro se voltando para o pequeno com um olhar assustado e rindo logo depois da reação preocupada que a criança teve, a mulher assentiu e segurou a mão do pequeno. - Enfim, tenham um Halloween bem adocicado. - Despediu o rapaz piscando o olho para a criança e fechando a porta logo depois.

A mulher se voltou para a casa da frente e torceu o nariz, como poderia uma casa tão bela ser decorada daquela forma, pensava ela. Então segurando a mão do menino, saiu da frente da casa do rapaz simpático.

Por dentro da casa evitada, a decoração estava menos pesada como do lado de fora, as escadas possuíam simples teias de aranha e morcegos nas paredes, não havia um cômodo que não estivesse decorado.

- O que achou? - Perguntou a dona da casa, uma mulher loira, se olhando no espelho; ela acabara de posicionar o chapéu de bruxa. Um rapaz entrou no quarto e a avaliou por alguns instantes com um olhar crítico, ele vestia a fantasia de Drácula.

- Está perfeito. - Disse o rapaz se aproximando da loira e ajeitando o chapéu de bruxa. A loira sorriu e deu um beijo rápido no rapaz de cabelos castanhos.

- Obrigada amor. Você também está perfeito, essa é muito melhor do que a fantasia de feiticeiro ou de romano. - Comentou a mulher ajeitando o colarinho da fantasia. O rapaz olhou para sua esposa e sorriu com o cenho franzido.

- Vou levar isso como um elogio. - Disse o rapaz dando um beijo em sua esposa.

De repente uma batida na porta soou no andar de baixo. Eles pararam de se beijar e se entreolharam confusos.

- Será que não está assustador o suficiente? - Perguntou o rapaz arrancando uma risada da mulher.

- Parece que não. - Disse a loira saindo do quarto para atender a porta. O marido da loira se voltou para o espelho e ajeitou seu penteado.