🍒Capítulo 3🍒

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***Laura Lira***

Ao chegar ao novo apartamento inconscientemente acabo o comparando com a cobertura onde passei anos cheios de altos e baixos com Fernando. O apartamento é pequeno, foi me deixado como herança pela minha vó materna, o lugar foi reformado recentemente, localizado no bairro da Gávea, não é muito distante da D'Ávila, será aqui que pretendo viver vários momentos felizes, nesse apartamento farei o meu lar e para isso preciso que o Fernando fique longe daqui. Um lar é um lugar onde você deve sentir seguro e com ele em nenhum lugar me sinto assim, por isso aviso ao porteiro do prédio para não liberar a entrada do Fernando.

A beleza desse lugar me conquista e alivia meu fardo, na varanda do apartamento vejo o sol se pôr – os raios solares são como efeitos especiais dando um maior encanto a vista para o monte do corcovado –. Desfaço as malas e pego o celular que estava na bolsa para pedir pizza, já que estou sem ânimo para cozinhar.

– Droga, celular descarregou – Falo sozinha.

Coloco celular para carregar, enquanto isso decido ir ao mercado perto de casa. Compro o necessário, passo na pizzaria para devorar uma pizza tamanho família de quatro queijos. O meu novo normal me tranquiliza, fazer essas pequenas coisas sem preocupação e julgamento é maravilhoso. Quando volto para casa já é tarde – Só quero um banho quente e dormir–, dizer que não estranhei a cama seria eufemismo. Mas essa agora essa é minha realidade.

Após uma noite de sono tranquila, a primeira que tive em muito tempo, acordo com o sol tocando em minha cara, pego meu celular para ver a hora e acabo me assustando, coloquei ele para carregar, mas não o liguei. Ao ligar o celular aparece que há dez mensagens no correio de voz, só ficou desligado por algumas horas e parece que é o fim do mundo. Ao escutar a primeira mensagem sou tomada pela ansiedade, logo percebo que existe algo errado. A mensagem é do Fernando, ele nunca me liga, nem para saber se ainda estou viva, talvez ele já saiba que saí de casa e esse seja o motivo das ligações.

"Onde você está? Merda Laura. Que droga você pensa que está fazendo? eu vou pegar o primeiro avião que tiver daqui de São Paulo para o Rio e eu quero você em casa!"

O tom da voz do Fernando me incomoda, me irrita. Ele sempre me fez sentir como um objeto e sem ter o poder de escolha. A esposa com o único propósito obedecer a seu marido – era assim que eu me sentia em meu relacionamento com o Fernando –, chegou a hora de mudar essa situação. Aproxima mensagem de voz é do Rick, o conteúdo da mensagem me deixa preocupada.

"Laura! As coisas não estão boas! O homem tá uma fera na D'Ávila! Eu tive que corre para o banheiro das meninas para te ligar. [barulho da descarga]. Passei mal quando ele apareceu, me liga!"

Outra mensagem de voz de Fernando, sua voz está ainda mais alterada, me sinto insegura e com medo. Meu coração está descompensado, sinto-me indo na contra mão preste a bater em um caminhão.

"O que você quer Laura?! Me matar, merda! Estou na D'Ávila e é melhor você aparecer ou não respondo por mim."

Outra mensagem de voz de Fernando, me desestabiliza:

"Que história essa de divórcio?! Porque seu advogado está me ligando Laura, isso só pode ser brincadeira. Eu preciso ver você! Me ligue!"

Eu sabia que esse divórcio não seria fácil, mas não imaginaria que me traria tanto medo do que virá pela frente. Duas semanas sem nenhuma ligação dele, porém ao saber que saí de casa passa a se importar com o nosso relacionamento ou pelo menos é isso que ele quer que eu pense. Às vezes me esqueço como ele é manipulador. Escuto a próxima mensagem de voz do Rick.

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