seis

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Harry está sentado em cima de um balcão em uma salinha nos fundos do bar, enquanto Louis examina sua nuca como um profissional. Ele ficou meio chocado quando viu Louis cumprimentar o barman como se fossem quase melhores amigos, e depois andar até aquela sala restrita como se fosse o próprio dono do lugar.

Preferiu não questionar, porém. Ele não se sentia em posição de muitos questionamentos.

— Eu acho que não foi nada muito grave, quer dizer, não tem nenhum hematoma aparente nem nada.

Harry quase pede que ele examine de novo, se isso significa ter aquelas mãos geladas em seu pescoço mais um pouquinho.

— É, eu acho que não, foi só um tombo – Harry ri ainda meio sem graça – A dor de cabeça é por causa do Niall, ele não consegue parar de falar por tempo suficiente pro meu cérebro descansar.  

Louis joga a cabeça para trás, gargalhando. Harry fica meio feliz com isso, afinal, a piada foi honestamente uma merda, então isso significa que Louis é o tipo de gente que ri das suas piadas horríveis pra não te deixar sem graça. Ponto pra você, Tomlinson.

— Aposto que ele e a Els vão se dar bem, então. Ela também não tem muita noção da quantidade de palavras que diz por minuto. – Louis se senta em um banquinho de três pés, que saiu de algum lugar no meio daquela bagunça. Quer dizer, não era uma bagunça bagunçada, era só um monte de coisa junta em uma sala pequena. Como um busto de Alexandre, O Grande, e uma peruca black power, além de várias caixas rabiscadas com canetas coloridas. E o banquinho onde Louis está elegantemente sentado.

— O que é esse lugar? – Harry puxa um banquinho para si mesmo. Ele tem uma das pernas mais curtas, e ele tem medo de se apoiar da maneira errada e cair, por isso senta de um jeito estranho. Louis contém um sorriso e finge que não vê.

— Era nosso camarim e estúdio no ensino médio – Louis levanta e caminha pela sala, pegando em algumas coisas – a Els sempre quis trabalhar com teatro, então ela meio que obrigava eu e os meninos a atuar nas peças que escrevia. Algumas eram bem constrangedoras. – Louis pega uma cabeça de cavalo de plástico. – tive que usar isso na sétima série. Senhor amado, o que a Eleanor estava pensando? – ele e Harry riem – O Cal, dono do bar, deixava a gente apresentar porque achava bonitinho. Não sei como ele não ligava de quatro menores de idade frequentarem um lugar cheio de bebidas alcoólicas, mas esse acabou virando nosso espaço.

— Eu não sabia que ela queria ser dramaturga. – Harry se sentiu um pouco mal. Ele tinha julgado a garota fútil e sem ambições. Só porque ela era bonita. Harry faz uma nota mental para desconstruir esse conceito.

— Oh, sim, você nem imagina! Tem vezes que ela passa a aula inteira mandando trechos de cenas que ela pensou na hora, e até manda fotos de com a expressão dos personagens, chega a ser engraçado.

E aí Harry não se sentiu um pouco mal, ele se sentiu mal pra caralho. Porque ele realmente tinha julgado precipitadamente, e agora olhando por esse ângulo a garota parecia até bem legal.

— Ah. – Harry forçou um sorriso. Ele se esforçou para que parecesse verdadeiro. Uma das primeiras coisas que ele vai fazer quando tiver oportunidade é ter uma boa conversa com Eleanor. Quer dizer, se ela quiser. – Gosto de teatro.

Louis dá de ombros.

— Eu aprendi a gostar. Meu sangue não ferve igual ao dela, mas eu acho divertido, você sabe… ser outra pessoa por alguns minutos.

Harry nunca tinha pensado sobre isso. Afinal, todo mundo sempre dizia: seja você mesmo! o tempo inteiro. Como se cogitar a ideia de ser outro por alguns instantes fosse uma espécie de crime. Não que ele fosse honesto o tempo inteiro, claro, existia o pequeno segredo dele ser apaixonado pelo menino sentado à sua frente. Ele coça o queixo.

— Nunca tentei. Fazer teatro, digo. Mas parece ser divertido. – Louis solta um riso contido.

— É incrível. Quem sabe a gente não tente depois? – Louis pisca.

Harry nunca quis tanto fazer teatro na vida.

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⏰ Última atualização: Jun 09, 2018 ⏰

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