I - Prólogo

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A raça humana não estava pronta para os experimentos genéticos que o doutor Lee Joon estava fazendo na década de setenta. Ninguém seria capaz de entender o porquê dele querer a raça mais forte, misturada com lobos, e como essa raça sobreviveria entre os humanos...

Eu bem que gostaria de apenas estar lendo isso para o meu companheiro de quarto e dizer que é apenas o resumo do livro que li para aula de literatura do dia seguinte. Mas eu sei bem que parte disso é verdade.

Nós, aqueles que são metade algo indecifrável, fomos jogados a deriva, escondidos no meio da mata e ficamos sobre o olho do governo, que rodearam as pequenas aldeias com cercas elétricas e alguns soldados armados.

Fuji do lugar que deveria chamar de casa há mais de um ano. Eu poderia ter virado um mendigo e ter peregrinado pelas ruas de Seul, mas um homem disse que poderia me ajudar, desde que eu o ajudasse.

Park Chanyeol, um homem de vinte sete anos — contrastando com os meus dezoito da época — me ofereceu abrigo, mas eu teria que o ajudar com as despesas da casa, assim que consegui um emprego tudo ficou melhor, eu voltei para escola e ele sempre me ajudava quando podia, mesmo que não falasse muito.

Na verdade... Ele não falava nada. Nossa rotina era sempre em um silêncio perpétuo e atualmente pouco incômodo.

Eu não sabia da sua vida e nem ele da minha, mas tudo parecia o suficiente para mim. Eu até que gostava de ficar em sua companhia.

— ...E depois que seu experimento foi concluído e testado em seres humanos de diferentes sexos, ele foi encontrado morto a beira de um rio e até hoje ninguém sabe se seu experimento foi ou não concluído com sucesso. Ficou bom? — perguntei feliz ao terminar de Ler.

— Uhum. — disse e me entregou um prato de comida.

— Eu... Não vou comer está noite, estou um pouco cansado e com dor. Mas obrigado. — disse e peguei meu caderno me retirando da sala barra cozinha.

Chanyeol não disse nada, na verdade ele nunca diz nada mesmo, o que devo dizer que era uma pena, sua voz era linda. Raramente ele tocava violão e contava alguma coisa. Ele fazia isso no meio do madrugada, como que se para ter certeza de que eu não o ouviria, mas eu ouvia e gostava muito.

Peguei as minhas coisas e segui para o banheiro.

Nós morávamos em um apartamento muito pequeno, uma cozinha barra sala minúscula, um quarto e um banheiro. Mal cabia uma pessoa que naquela casa e para nossas condições ainda era muito caro.

No começo eu dormia em um colchonete no chão da sala, mas depois de um tempo começamos a dividir a pequena cama de casal que havia no quarto e é assim até hoje, cada um dorme com edredom e virado para o outro lado. Menos nas noites muito frias de inverno. O apartamento era gelado demais para isso e o aquecedor quase sempre estava estragado.

Tomei um banho rápido e coloquei meu pijama, sentindo novamente uma dor forte em meu abdômen, como se alguém tivesse socado aquela parte, eu não queria pedir nada a Chanyeol, então não comentei, mas eu passei o dia todo com aquela dor e era simplesmente horrível, mas ela chegava e sumia, bem como um soco mesmo.

Terminei de escovar meus dentes e vi Chanyeol já deitado na cama, seu braço abaixo da cabeça, ele olhava para o teto pensativo e isso às vezes me arrepiava por inteiro.

Enrolei-me em meu cobertor e fiquei no cantinho da cama em silêncio, esperando que o sono viesse até mim.

{•••}

— Ahn ah ah... — acordei sentindo aquela dor forte novamente.

Dessa vez muito mais forte.

Eu segurava meu abdômen e sentia minha entrada pulsar, sentia meu membro pulsar e meu corpo suar cada vez mais, como se eu estivesse pegando fogo.

Havia um cheiro forte pairando no ar, algo que me despertava um desejo insaciável. Algo que eu não sabia nem como descrever as sensações, mas era um cheiro gostoso demais.

Meus lábios estavam secos por respirar pela boca e gemer até mesmo sem ter consciência do porque de tudo aquilo.

Mas assim que virei meu corpo para o outro lado da cama, Chanyeol estava sentado, me olhando seriamente e eu descobri que o cheiro que estava me fazendo perder os sentidos era o seu cheiro, eu estava o desejando como se ele fosse minha caça e eu um animal selvagem sedento e faminto.

— Por que não me contou o que você era? Sabe quão difícil vai ser esconder agora? — rosnou.

De início eu pensei que ele estivesse bravo comigo por ser meio animal, exatamente como no texto que li, a parte de uma experiência, mas então eu notei que... Chanyeol era como eu... Era por isso a sua raiva!

— M-me ajuda... — pedi gemendo e puxando seu braço, tentando o trazer mais para perto.

— Não! Você mentiu. Disse que seus pais haviam morrido e não tinha onde ficar, você fugiu da porra da reserva e veio até mim.

— N-não é verdade... Eu...

— Cala a boca!

— Por favor. — eu sentia as lágrimas rolarem por minha face. Eu o deseja e ao mesmo tempo tinha medo de seu ódio.

Eu não era capaz de entender o que ele estava falando, o porquê da sua raiva, eu só precisava me aliviar daquela dor.

Eu precisava dele dentro de mim.

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