The neighbourhood

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Todo dia quando acordamos nós temos a chance de sermos algo diferente, de fazer a diferença, ou apenas de fazermos algo. Mas todo dia uma vozinha inútil fala para deixarmos para outro dia, alias, muitos dias viram, muitas coisas ainda irão acontecer, certo?

Mas se pararmos para pensar, nada nunca será certo, nada nunca terá 100% de certeza em alguma coisa, porque o mundo é feito de infinitas possibilidades que a todo segundo mudam para um caminho diferente. E posso te contar uma coisa? A possibilidade de alguma dessas infinitas possibilidade mudar justamente para o seu caminho não é exatamente pequena, e por mais que isso seja clichê, eu voltarei a te perguntar: Por que nós sempre deixamos as coisas para "amanhã"?

Se minha amada avó ainda estivesse viva ela provavelmente diria "porque o ser humano é um pedaço de bosta, a nossa existência é totalmente desnecessária, toda droga que acontece é por nossa causa (...)" E todo o mesmo discurso odioso que ela sempre fazia contra nossa própria raça. Não que eu discorde dela.

Fatos estranhos que acontecem era o melhor assunto para eu evitar na minha vida, já que praticamente tudo que acontecia a minha volta era realmente estranho. Como a minha avó, a pessoa com mais amor á vida que conheci, se matar.

Entrei na cozinha, onde meu irmãozinho, Marcus, gritava alguma musica, onde minha mãe mandava ele calar a droga da boca, e onde um pedaço de waffle voou contra meu rosto.

- Marcus, sua peste, eu vou te pendurar na droga da caixa do correio até você conseguir alcançar a droga do chão! - Gritei enquanto tacava o waffle de volta em sua direção. Ele gritou alguma coisa de volta, emburrado. Digamos que aos 10 anos, meus irmão era um pouco abaixo da media em relação á a sua altura, todos na minha família tinham menos de 1,60. Menos meu pai que tem 1,67 e eu que tenho 1,70, sim, e eu não faço ideia de como essa benção aconteceu na minha vida.

- Não fala assim com ele, Mel!

- Mãe, ele...

- Não quero saber. - Ela resmungou enquanto procurava alguma coisa na geladeira. - Cinco minutos pra eu te levar pra ver a Srt. Marquês.

- Primeiro, mãe, senhorita só se for a assistente, porque aquela mulher esta mais pra múmia, e segundo: eu acabei de descer! Nem ar eu "comi" ainda! - reclamei enquanto me sentava.

- Em vez de reclamar você poderia estar comendo. - Ela pegou as chaves em cima do balcão. - Marcus, vai por os seus tênis. - ele desceu da cadeira com um pedaço de waffle na mão. E quando estava prestes a passar pela porta da cozinha ele tacou o waffle na minha direção enquanto saia correndo.

-AARGH! - agarrei o waffle no ar - Você é um insuportável, garoto!

Senti minha cabeça latejar um pouco, como vinha acontecendo muito. Assim como as crises e tpm's exageradas.

Esse vai ser outro longo dia.

As vezes eu realmente achava que enlouqueceria.

Ou que minha mudança de humor realmente não fosse normal, que eu fosse bipolar ou algo do tipo. De verdade? Eu não estou nem aí. Coloquei minha franja atrás da orelha enquanto minha mãe tagarelava enquanto dirigia e meu irmão gritava. Suspirei e cocei minha testa..

- Mãe. - chamei, mas ela não me ouvia - Mãe. - ela continuava falando - MÃE! - gritei, respirando fundo eu falei: - você não para de falar e minha cabeça esta explodindo. Por favor. - Ela me olhou magoada, mas assentiu com a cabeça e mandou Marcus ficar quieto.

Fechei os olhos tentando enviar algo ao meu cérebro como "por favor, pare de explodir". Ao abrir os encostei a cabeça no vidro da janela. Observei a neve cair. Apertei mais o casaco roxo contra meu corpo.

In Some UniverseOnde histórias criam vida. Descubra agora