Heavy Metal Machines - Lock Out

Parte 1

Os longos cabelos negros voaram pelo ar quando ele percebeu a sua assistente de corrida entrando pela porta. De frente, o peito cabeludo do narrador era imponente, com seu rosto geometricamente desenhado e com sua gola V gigante, era possível ver até seu umbigo.

Apesar de estar preparado para o evento que estava para acontecer, com sua roupa de couro de onça colada, o narrador sentia o que estava por vir.

Ele sabia o que estava acontecendo.

— Sir Detonator — disse a assistente, interrompendo o silêncio. — Temo lhe informar que talvez a corrida tenha que ser cancelada.

Em silêncio, o narrador se virou de costas para ela, voltando a admirar o palco da corrida do dia.

Na pista, os pilares de obsidiana se erguem do puro magma da boca do vulcão em direção às nuvens. Entre os blocos de rocha, a pista trança cada paredão, ligando a pista dos dois times ao ponto central onde a bomba os aguarda.

Mas hoje a pista está em silêncio. Nenhum motor está rugindo. Nenhum piloto sedento por vitória e destruição.

— Ainda estamos sem gasolina? — Os half-beltings do narrador entraram nos ouvidos da assistente como se um avião ultrassônico tivesse cruzado ao seu lado.

— Sim. O locaute continua. Ninguém entra e ninguém sai de Metal City, inclusive os caminhões que trazem combustível para a competição.

O narrador tremeu. A assistente não sabia se era raiva que se agitava lá dentro.

— Nike — o narrador lhe chamou pelo nome. Ele só o usava quando estava desesperado. — Será o fim do Heavy Metal Machines?

Nike quase riu, achando graça do comentário dramático. Agora ele olhava com seriedade para a pista. Lá, os competidores já estavam prontos, esperando apenas pelo sinal... E combustível, é claro.

— Está faltando alguém — comentou o narrador, agora mais calmo, mas ainda com sua voz estridente como de costume. — Falta um carro na pista.

Nike olhou rapidamente para sua prancheta e revisou.

— Dirt Devil. Ele não chegou ainda.

— Será que não conseguiu chegar por falta de combustível?

— Ou talvez esteja preso do lado de fora da cidade, afinal, ele e sua gangue vivem nas terras devastadas.

Nike se arrepiou ao pronunciar aquele nome. Nada lhe assustava mais do que o Mar de Areia.