Parte 1

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Pequeno conto para o Dia dos namorados. Quem me acompanhava no Cafofo provavelmente vai se lembrar de algumas partes desse conto, que era uma história chamada My desire.  Fiz algumas mudanças e "enxuguei" a história transformando em conto. Volto amanhã com a ultima parte.

Isso não podia estar acontecendo. Não depois de ter passado horas na estrada, dirigindo sob um calor escaldante, ignorando meu sono e meu cansaço até chegar no Bronze Emperor Resort. Agora sou presenteada com duas péssimas notícias. A primeira delas foi assim que cruzei o limite entre Bentronto e Woodfolk. A chuva torrencial que caía sobre a cidade me deixou perdida, já que de repente o dia praticamente se transformou em noite. E como sempre acontecia em dias assim, eu fui transportada novamente para o dia quatorze de fevereiro há dois anos. Droga. Parecia que eu nunca ia me recuperar... ou simplesmente esquecer.

Balancei a cabeça, nem um pouco disposta a deixar que aqueles pensamentos dominassem minha mente mais uma vez. Eu quase podia ver o rosto de Carmem a minha frente, revirando seus belos olhos verdes diante da minha total falta de vontade de seguir em frente, pelo menos em relacionamentos. Ela era cética demais para acreditar que uma pessoa podia se apaixonar somente em uma noite. Mas eu me apaixonei. Sempre fui uma azarada mesmo, então qual era a novidade?

—Sinto muito, senhorita.

A voz da loira sonsa à minha frente me despertou para meu problema maior. Eu a encarei com tanta fúria que ela deu um passo para trás, olhando para seu companheiro de recepção em busca de socorro.

—Escute aqui, garota. Eu não sei o que diabos vocês fizeram com minha reserva, mas ela foi feita como você comprovou agora no e-mail que te mostrei. Se vocês são incompetentes a ponto de transferirem minha reserva para outra pessoa, o problema é todo de vocês. Eu viajei mais de trezentos quilômetros dirigindo, peguei um sol dos infernos e agora esse dilúvio. Eu não vou sair daqui de forma nenhuma em busca de outro hotel. Paguei pela reserva e exijo meu quarto agora.

—Eu entendo e peço milhares de desculpas por isso. Eu realmente não entendo. Isso nunca...

—Isso nunca aconteceu antes? —Eu a interrompi sarcasticamente. — Já ouvi muito isso. E não deveria acontecer mesmo ainda mais em um hotel desse porte. Agora vamos simplificar as coisas. Eu estou aqui depois de horas de viagem, com um filho pequeno e preciso estar de pé amanhã cedo para uma reunião importantíssima. Eu só preciso de um quarto, cama, chuveiro. Entendeu?

—Entendo perfeitamente, senhorita. Mas não temos quartos vagos

Eu dei um tapa no balcão, assustando não só a recepcionista como o bebê em meu braço, que começou a chorar.

—Onde está seu gerente?

—Ele não está no momento.

—Pois bem... pois eu vou fazer um escândalo aqui. Chamo polícia se preciso.

Inferno. Era dia dos namorados, é claro. Por que os casais precisavam reservar justo esse hotel para comemorarem? A mulher olhou novamente para o moreno que a encarou como se quisesse transmitir algo através do pensamento. E pelo jeito conseguiu já que a loira balançou a cabeça nervosamente em negação. Porém, o rapaz se aproximou ficando à minha frente.

—Senhorita Duncan, estamos profundamente envergonhados com essa situação constrangedora. Infelizmente como minha colega informou, não temos nenhum quarto disponível exceto a suíte de propriedade de nosso gerente. Eu lhe ofereço algumas horas de descanso na suíte, uma vez que ele não se encontra, até que possamos conseguir outra hospedagem para a senhorita em outro hotel de nossa rede, com todas as despesas por nossa conta em uma suíte presidencial, além de providenciarmos a baby-sitter para seu bebê.

Em fevereiro - contoOnde histórias criam vida. Descubra agora